Resenha:Os Treze Porquês de Jay Asher

Título:Os Treze Porquês
Título original:Thirteen Reasons Why
Autor:Jay Asher
Editora:Editora Ática
Ano de publicação:2007
Ano de publicação no Brasil:2009
Número de páginas:256
Preço:De R$38,90 à R$51,00
Paguei:R$ 48,00
Nota:5/5

Não contém spoilers.Se você prefere a resenha em vídeo,ela está no final do post.

Aviso: só recomendo que vejam a primeira temporada da série, caso queiram vê-la. Todo o restante é desnecessário, não existe na história original e contém muitas cenas extremamente gráficas e cruas sobre diversos tipos de abuso. Não é uma série saudável e não recomendo que vejam mais do que a primeira temporada, de verdade. Acima de tudo, preserve sua saúde mental!

Ao chegar da escola,Clay Jensen encontra na porta de casa um caixa de papelão para ele,mas sem remetente.Ele abre a caixa e encontra 7 fitas cassete numeradas em cada lado de 1 à 13.Ele se lembra de que o pai tem um tocador de fitas no porão e vai até lá ouvir as fitas.Quando ele aperta o play,ouve uma das piores coisas que já ouviu na vida.

"Olá,meninos e meninas.Quem fala aqui é Hannah Baker.Ao vivo e em estéreo...Espero que vocês estejam prontos,porque vou contar aqui a história da minha vida.Mais especificamente,porque ela chegou ao fim.E,se estiver escutando essas fitas,você é um dos motivos." _ Página 12

Primeiramente Clay pensa que é pegadinha,afinal Hannah está morta.Hannah cometeu suicídio há algumas semanas,todos sabem que ela morreu por ter tomado uma quantidade enorme de comprimidos,mas não sabem maiores detalhes,pois assim que isso aconteceu,a família dela saiu da cidade,mas na porta da loja deles,ainda há um cartaz de "voltaremos em breve".

Hannah deixa claro que há outra pessoa com as fitas,e que se elas não forem passadas à diante,seguindo a ordem das fitas,essa pessoa tem ordens para levar as fitas à público,e digamos que nenhum dos motivos querem que o conteúdo dessas fitas seja algo de conhecimento das pessoas que não estão envolvidas,então,eles vão passando de mão em mão,quer dizer,mandam pelos correios.

Hannah era uma adolescente aparentemente normal,não falava com muitas pessoas e era mais reservada,mas não porque ela realmente quisesse isso no início,mas porque ela era nova na cidade e não sabia muito bem como começar uma conversa.Até que a orientadora a chama,e chama também Jessica Davis e Alex Standall,e daí começa a nascer uma amizade.Ou pelo menos era o que Hannah pensava que estava nascendo.

Hannah sai com um menino popular da escola chamado Justin Foley.Não assim de cara,demora um tempo,ela não quer que ele ache que ela é fácil demais.Rola só um beijo,um simples beijo,mas não é isso que Justin divulga,e isso faz com que a reputação de Hannah Baker,a novata,seja arruinada,antes mesmo de ser construída.

"Eles queriam nos ensinar o significado de X em relação a Y em vez de nos ajudar a entender melhor a nós mesmos e aos outros." _ Página 134

Não podemos nos esquecer de Clay.Ele está ouvindo tudo,não entende nada no início e acha aquilo tudo um absurdo.Hannah morreu,pronto,porque ela deixaria essas fitas?Pra ressuscitar um passado do qual ninguém gostaria de lembrar?


"Em busca de respostas para perguntas que eu não sabia como fazer." _ Página 64

Clay diz para sua mãe que vai fazer um trabalho de geografia na casa de um amigo,que as fitas são sobre isso e que ele vai precisar levar algumas.Ele vai então para a casa de Tony,a única pessoa que ele conhece que tem um toca fitas portátil,ou seja,um walkman.Ele pensa em pedir o walkman emprestado,mas acaba pegando sem permissão e escondendo dentro da mochilha.

Hannah deixou um mapa junto com as fitas,e em cada local de importância para a história,há uma estrela.Esse mapa está nos lados de dentro da capa do livro,então nós podemos acompanhar e saber para onde Clay está indo,e principalmente,onde a história aconteceu.

A narração de Clay e Hannah acontecem simultaneamente,o que difere uma da outra é a fonte.Nas partes em que o Clay narra,a letra é normal,nas partes em que a Hannah narra,as letras ficam em itálico.Isso me bugou no início do livro,demorou umas 30 páginas pra eu realmente me acostumar e não confundir um com o outro,mas depois fica super natural e dá pra entender tudo direitinho.

Vamos falar sobre opiniões e sentimentos?Precisamos falar sobre isso.Assim que Hannah faz sua introdução eu fiquei arrepiada,fechei o livro e fiquei lá olhando pra capa sem saber o que pensar.De início,eu achei o primeiro motivo meio bobinho.Ok Hannah,um menino estragou sua reputação,mas e aí?Mas ao longo do livro nós percebemos a bola de neve que isso formou.Uma coisa pequena foi se tornando maior a cada dia até que chegou à um ponto em que era irreversível.

Se formos pegar alguns dos motivos isoladamente,ele parece muito pequeno.Vamos imaginar uma exposição de artes.A professora pede pra turma desejar abajures rosas,que todos sejam diferentes,mas rosas.Você está sem tinta/lápis rosa e o desenha vermelho.Parece pouca coisa,certo?Mas quando a exposição for montada e as pessoas verem que no meio de tudo há um abajur "errado",um abajur que não está dentro das regras,elas podem caçoar,zoar a professora.Agora imagine que por causa da zoação dos outros por ela ter exposto um abajur fora do padrão ela acaba ficando muito nervosa e parte pra cima de alguém.Isso seria horrível,não?Pois é,tudo isso porque seu abajur foi vermelho,e não rosa.

Esse livro nos faz pensar até que ponto nossas atitudes,mesmo que as menores,afetam ou não a vida das outras pessoas.Pra quem tem depressão,um 'bom dia' a menos pode ser algo decisivo.Se você sempre incentiva alguém e num determinado dia,no dia em que ela mais precisa,você não incentiva e a pessoa acaba desistindo de um sonho,você tem uma parcela de culpa?

"Se o meu amor fosse um oceano,não haveria mais terras..." _ Página 152

A discussão que esse livro - e a série - nos trouxeram é super importante.Suicídio é algo sério.Ninguém se suicida porque estava simplesmente triste,depressão não é só tristeza e é algo que precisa ser tratado.Achei super legal o modo como as pessoas,jovens em sua maioria,decidiram tomar mais cuidado com suas ações e falas,pois depois de verem a série ou lerem o livro,perceberam que um simples 'oi',ou a falta desse 'oi' pode mudar a vida de alguém que está com depressão.

Agora voltando ao livro propriamente dito,à medida que a história avançava eu ia sentindo um peso ENORME no coração,um aperto horrível.Em algumas partes eu tive que simplesmente parar de ler,esperar um tempo e voltar.Eu estava realmente me sentindo mal,como se eu fizesse parte daquilo tudo.Em parte isso se deu pelo fato de que eu sei que já fui grossa com alguém,sei que neguei ajuda à pessoas que precisavam,sei que já zoei pessoas por coisas totalmente idiotas,e ler que aquela zoeirinha pode ter levado alguém ao suicídio foi pesado demais pra mim.

Na última metade do livro eu estava tendo dificuldades pra ler.Os motivos começaram a parecer mais e mais fortes,a bola de neve foi aumentando e eu sentia mesclas dos sentimentos da Hannah e do Clay.Sim,eu me identifiquei bastante com a Hannah.Sei que várias pessoas já devem ter dito isso,mas creio que por eu realmente ter diagnóstico de depressão(inclusive há posts aqui no blog chamado "diário da depressão",onde até dou dicas pra quem passa por isso também) e por ter pensado bastante em suicídio nos últimos 7 anos da minha vida,eu consegui me ver ali,na Hannah.

"Ninguém sabe ao certo quanto impacto tem na vida dos outros." _ Página 135

Ouvi várias pessoas dizendo que os motivos da Hannah foram banais demais,que ela se vitimizou demais,mas gente,todas as vezes em que pensei em suicídio foram por coisas bem menores.Vai por mim,a única pessoa que sabe realmente os motivos/emoções e a grandeza que elas realmente têm,são as pessoas que sentem.Nunca realmente tentei suicídio,mas já pensei nisso várias vezes.Inclusive,eu e meu colega ficávamos planejando nosso velório.Onde seria,como seria,quem iria e quem seria barrado por não ter o direito de entrar,como seria a nossa roupa,a coroa de flores...Foi uma época bem ruim da vida,e agradeço aos céus por eu ter superado isso.

Mas tem gente que não supera,tem gente que realmente se mata por causa de coisas que outras pessoas fizeram,ou deixaram de fazer,e essa discussão é super importante.Esse livro,e a série,são importantes.Sei que a busca por ajuda por parte de pessoas depressivas já aumentou bastante,e espero que continue aumentando.E espero que a série,e o livro,de maneira nenhuma,se torne um incentivo ao suicídio.

"Nós dois rimos.E isso traz uma sensação boa.Uma libertação.Como rir num funeral.Algo talvez inapropriado,mas definitivamente necessário." _ Página 202

Novamente voltando ao livro,vamos falar da parte física.Como eu disse,o mapa está na parte de dentro da capa e da contra capa do livro.Eu adorei o lance do mapa,porque nos faz sentir parte da história,nos passa intimidade.Minha edição veio com a jacket com a nova capa,que é a capa da série,e sinceramente,adoro o Dylan,mas prefiro mil vezes a capa original do livro,inclusive esse foi o motivo por eu ter comprado o livro pouco depois da série sair,sabia que iam mudar a capa.Inclusive,a partir do dia 17 de abril,pelo menos nas livrarias da minha cidade,só eles estavam todos com a capa nova,ou com a jacket por cima.Na internet é mais fácil achar a capa normal,mas saiba que provavelmente o livro vai vir com jacket de qualquer forma.

As páginas são amareladas e a fonte tem um tamanho agradável,o que torna a leitura fácil.Claro,a história é pesada,mas se você for daquelas pessoas que é super curiosa/ansiosa e não conseguir parar,não vai se sentir incomodada por fortes reflexos de luz em seus olhos,muito menos por ter que ler uma letra super pequena.

Eu fiz bastante marcações,apesar de ter feito menos do que eu pensei que faria.É um livro que recomendo para todas as pessoas que tem entre 13 e 25 anos.Sério mesmo,todos vocês precisam ler esse livro.Mesmo que você não goste ou não se identifique,você precisa ler pra te causar reflexão e quem sabe depois de lê-lo você será uma pessoa melhor.Caso não queira ler,veja a série,é muito boa.Tem muito mais detalhes e se aprofunda mais nos personagens,apesar de ter algumas coisas diferentes,eu acho que é uma ótima adaptação.