Resenha:Histórias de Alexandre de Graciliano Ramos

Título:Histórias de Alexandre
Autor:Graciliano Ramos
Editora:Editora Record
Ano de publicação:1944
Número de páginas:108
Preço:De R$ 24,90
Paguei:R$ 00,00 -Ganhei-
Nota:4/5


Neste livro estão reunidos contos sobre o folclore do nordeste,o que eu achei bastante interessante,já que a cultura nordestina não é muito conhecia aqui no sudeste.Além desse,o único livro do Graciliano Ramos que eu li,foi Vidas Secas,inclusive esse mês vai ter resenha dele aqui,fiquem ligados.Enfim,Vidas Secas,e creio que toda a obra de Graciliano Ramos,fala muito sobre o nordeste.É uma região maravilhosa,cheia de cultura,ritmos de música,literatura e artes próprios.Fora as questões de festivais e roupas.


Na introdução do livro diz que todas as história fazem parte do folclore,mas que nem todas já haviam sido escritas,então elas passavam de boca em boca,e ter um registro delas no livro é bem legal.Como é um livro de folclore,é tudo bem fantasioso do início ao fim.

"Quem deu seu nó que o desate.Você tem cada uma!" _ Página 57

Alexandre é um senhor de idade e conta histórias de sua vida à amigos e parentes,e durante as 14 histórias contadas no livro,ele sempre vai deixar claro que aquilo aconteceu exatamente da maneira como ele está contando,portando,se alguém disser que foi diferente,é mentira.Alexandre vive num tempo onde não há televisão e poucos têm rádio,portanto,as notícias sempre correm de boca em boca.


O livro começa falando sobre Cesária,sua esposa.Apesar de serem contos,recomendo que leiam na ordem em que eles estão escritos,pois às vezes ele comenta algo já dito num conto anterior,por exemplo,o segundo conto é uma continuação do primeiro,portanto,se forem lidos fora de ordem não vão fazer sentido.

"Tudo neste mundo é canoa furada,seu Firmino." _ Página 79

Não vou dar spoilers sobre os contos.Talvez pra quem mora no sertão do nordeste não tenha grandes surpresas,mas pra mim,que moro em Minas,todos foram surpresas,principalmente porque havia muito tempo que eu não lia nada relacionado ao folclore brasileiro,então eu tomei um leve susto com o nível de fantasia apresentado no livro,mas logo depois do final do segundo conto eu fui me acostumando.

Como eu disse,não quero dar spoilers,e não vou dar,vou apenas falar sobre alguns assuntos abordados nos contos.Alexandre tem um olho torto,mas ele não nasceu assim,uma situação curiosa faz com que seu olho fique torto.Um conto que me chamou a atenção se chama Marquesão de Jaqueira.Ele,assim como os outros,é bem fantasioso,mas me surpreendeu porque,apesar de simples,não pensei que aquilo aconteceria.

"É o que sempre faço:quando ignoro a razão das coisas,fecho os olhos e aceito a vontade de Nosso Senhor,especialmente há vantagem." _ Página 62

Mas o conto mais fantasioso do livro,sem dúvida,é A safra dos tatus.Pelo título já dá pra ter uma ideia do que acontece,né?Pois é,é isso mesmo.Uma canoa furada é um conto que me garantiu algumas risadas quando estava terminando.O livro termina com o conto A doença de Alexandre,e apesar de continuar sendo bem fantasioso,é bem triste.

Eu gostei bastante dos desenhos presentes no livro.Gostei dos traços do artista,que é o André Neves.Acho legal esses traços bem caricatos,mas ao mesmo tempo,não sendo caricatura.Os desenhos são bem importantes pra história,deu um ar diferente ao livro,realmente parece um livro sobre folclore.Sem os desenhos ficaria algo como simples contos fantasiosos.

"Não interessa mexer num vivente miúdo,que se finou há muito anos e o urubu comeu." _ Página 67

A edição está incrível!As páginas são amareladas,são grossinhas,a capa é feita de um material parecido com papelão,só que mais fino.O desenho da contracapa tem um brilhinho,não algo com glittler,mas brilhoso,e a diagramação está perfeita.letras grandes e espaçamento duplo.


Recomendo o livro pra quem quer conhecer um pouco mais do folclore do nosso país,principalmente da região do sertão nordestino.Eu adorei ter lido e ver o quão alto a imaginação do povo voa pra ter inventado essas coisas e pra que essas coisas fossem passadas de geração em geração.