terça-feira, 27 de novembro de 2018

Faculdade depressiva


Esse é um post reflexivo sobre como a faculdade afeta minha saúde mental, seja para melhor ou para pior. Eu comecei a cursar licenciatura em Ciências Biológicas no início de 2018, me lembro de ter ficado bem ansiosa, querendo que as aulas começassem logo e eu pudesse enfim realizar o sonho de estar na faculdade. Estudo na Universidade do Estado de Minas Gerais, no campus que fica na minha cidade, Ibirité. O local é maravilhoso, fica na Fundação Helena Antipoff, que é uma das pessoas mais importantes na história da cidade, e que contribuiu muito para a educação. 

Eu sabia desde o início que faculdade seria algo bem mais pesado do que o ensino médio. Inclusive até achei que seria pior do que está sendo, achei que os professores fossem cobrar coisas muito aprofundadas, mas é apenas uma graduação, então eu vou sim aprender de tudo um pouco mais aprofundado do que no ensino médio, mas não vou saber tudo sobre todos os assuntos.

Resumindo, minhas expectativas em relação aos estudos de fato, foram atendidas ou até mesmo superadas. É difícil, mas pelo menos até agora está sendo relativamente tranquilo. Eu realmente gosto de estudar biologia, amo animais e plantas, e adoro saber sobre patologias, principalmente as humanas. É tudo muito fascinante pra mim, e eu realmente gosto de tudo que estou estudando. Confesso que não gosto de ter que estudar matemática na faculdade, por que obviamente é bem mais difícil do que era no ensino médio, e eu entendo pouca coisa das aulas, mas creio que isso não será um impedimento grande na minha vida.

O maior problema é relativo à decepções com as pessoas, e foram muitas. No início do ano, com duas semanas de aula, fui vitima de racismo. Me foi dito que por ser preta, eu estava menos e que deveria ficar calada enquanto um branco explicava para mim o que era racismo. Percebi que não apenas o agressor, mas também pessoas presentes no colegiado são racistas, e que não viram mal no que havia acontecido.

Faço parte de um projeto de extensão incrível, chamado Saberes do Quintal, do grupo Kaipora. Como o nome sugere, é um projeto sobre saberes populares e eu simplesmente amo isso, amo o contato que temos com pessoas tão legais e tão sábias. Mas infelizmente um dos voluntários do projeto começou a ameaçar as outras pessoas, e chegou até mesmo a levantar a mão para agredir algumas pessoas. Isso aconteceu várias vezes, e a desculpa sempre era de que aquele havia sido um dia ruim. Infelizmente algumas pessoas acreditaram. Não consigo me sentir segura perto tenho, tenho um pânico enorme só de ficar no mesmo local que ele, e infelizmente ele está sendo voluntário do meu projeto.

E claro, também existem todas as decepções de amizade. Algumas pessoas que eu pensei ser minhas amigas simplesmente se revelaram pessoas estranhas, e são totalmente o contrário do que elas fingem ser. Isso é ruim, por que eu sempre tento ser amiga da pessoa levando em consideração o que ela me revelou, por exemplo, na primeira semana de conversa, e se nos próximos dias ela se revelar muito diferente, a decepção é grande. Isso é ruim, por que significa que eu coloquei muita expectativa nelas, e também é ruim por que de certa forma significa que as pessoas fingiram ser algo que não eram, por algum motivo.

Por exemplo, uma pessoa se mostrava super compreensiva, e sempre disse que eu poderia contar com ela, mas na minha maior crise de depressão do ano até agora, a pessoa simplesmente me disse que eu estava fazendo drama demais e deveria parar com isso. E isso obviamente não ajuda em nada. 

Essas pequenas decepções me fazem ficar desanimada com a faculdade como um todo. Querendo ou não, depois que a gente faz amizades, encontrar essas pessoas na faculdade se torna um estímulo pra ir todos os dias, e como isso não está acontecendo, acaba sendo ruim. Eu me sinto desestimulada, por que parece que não tenho pessoas que me apoiem ali, e mesmo que algumas amigas estejam sempre por perto fisicamente, eu me sinto extremamente sozinha. 

Agora que o ano letivo está acabando eu tenho provas ou trabalhos em todos os dias, e isso obviamente está me deixando doida. Principalmente se levarmos em conta que eu estou fazendo tudo praticamente sozinha. Os trabalhos em grupo quem está fazendo sou eu, todas as provas e atividades que são em grupo eu acabo fazendo a maior parte, e isso me sobrecarrega. Eu entendo que as outras pessoas também estão nervosas com o final do semestre, e que todos tem uma vida pessoal que nem sempre está boa, mas não gosto quando isso interfere em coisas que afetam várias pessoas, isso me deixa desconfortável.

Isso tudo tem me deixado depressiva. Tem dias que não consigo nem ficar perto de ninguém, por que todo mundo está me irritando profundamente com essas atitudes de não pensar no próximo, e para evitar brigas, eu acabo me isolando. E claro, estou me isolando também para evitar outras decepções.

Estou fazendo algumas coisas para melhorar essa situação. A primeira é me focar em ler, pois leitura sempre é uma boa distração, mesmo que sejam leituras pesadas, pois por alguns momentos nos fazem esquecer dos nossos problemas pessoais. Voltei a desenhar, e apesar de não estar desenhando todos os dias, estou desenhando, o que sempre me acalma. Estou fazendo capoeira, o que me ajuda a liberar todo o peso do corpo e da alma e me ajuda muito, por que toda a raiva ou tristeza que eu estiver sentindo na hora eu consigo liberar nos golpes. 

Sempre recomendo que, nos momentos ruins, você faça algo que te acalme, seja lá o que for. Desde que não machuque ninguém, tá tudo bem. Desenhar, cantar, dançar e escrever são coisas que geralmente ajudam. E claro, ouvir músicas mais calmas e ver filmes ou séries também ajuda muito. Tudo vai depender do momento que você está vivendo e do que você precisa que saia de você, seja raiva ou tristeza, ou qualquer outra coisa que esteja sendo ruim no momento. 

Vou continuar dando o meu melhor e me esforçando sempre para ficar bem, sempre tendo em mente que também preciso ser compreensiva com as pessoas, mas sem me esquecer de que a pessoa mais importante da minha vida sou eu mesma.


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