sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Resenha: A Seleção de Kiera Cass




TítuloA Seleção
Título original: The Selection
Autor: Kiera Cass
Editora: Editora Seguinte
Ano de publicação: 2012
Ano de publicação no Brasil: 2012
Número de páginas: 368
Preço: R$ 15,90 até R$ 37,90
Paguei: R$00,00
Nota: 5/5


A Seleção é uma distopia (lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação) em que o país, Illea, vive uma monarquia, ou seja, há um rei e uma rainha, e obviamente, um príncipe. A sociedade é dividida em oito castas, sendo a primeira composta pela monarquia e seus parentes, e a última composta por mendigos e drogados, ou seja, quanto maior o número, mais baixa é a casta.


America Singer faz parte da casta número Cinco, o que significa que ela é pobre, mas que não à ponto de passar fome. As pessoas da casta número Cinco são artistas, e algo interessante sobre o sistema de castas desse país é que se você nasceu, por exemplo, na casta Cinco que é de artistas, você é obrigado a ser um artista. Então se você nasceu na casta três, que é composta em sua maioria por professores, você só pode dar aulas e nada mais.


America é cantora, e também toca piano e violino, e é ótima no que faz, apesar de ela não perceber isso. Ela tem 17 anos e já faz alguns trabalhos sozinha, portanto, deveria ganhar o dinheiro daqueles trabalhos, mas ela sabe que a família dela precisa do dinheiro, por isso não liga de ter que entregá-lo aos pais. Ela é ruiva e tem olhos azuis, assim como May, sua irmã mais nova.


Ela tem um namorado, estão juntos a cerca de dois anos, mas é um namoro secreto. Seu namorado, Aspen, é um Seis, casta composta principalmente por faxineiros,costureiros e ajudantes, e se casar com um homem de casta inferior é algo que mancha a honra não só da esposa, mas de toda a sua família, pois significa que ela vai se tornar uma Seis. Por causa disso, eles sempre se encontram na casa da árvore que fica no quintal da casa da America, depois do toque de recolher, ou seja, à meia-noite. Apesar de ser uma relação com o peso das castas, e com o peso do segredo, é uma relação de cumplicidade, amizade e amor. Nada mais importa para os dois quando eles estão juntos, e é isso que lhes dá forças para continuar.


A Seleção é para meninas que têm entre 16 e 20 anos, se não me engano, e todas as meninas do país podem se inscreverem, e se tiverem sorte, serão a sorteada da província. Há 35 províncias, ou seja, 35 garotas serão as Selecionadas. America não quer se inscrever, mas depois de uma conversa com Aspen, ela se convence de que não tem nada a perder, e ela nem acha que vai ser sorteada, então por que ter medo? Mas como vocês podem imaginar, ela é sorteada, e em poucos dias tem que abandonar tudo que conhece, o namorado (que inclusive termina com ela antes de ela partir), a família e as poucas pessoas que ela gosta na província, para ir para o palácio de Illea e aprender a ser uma princesa.


As Selecionadas são todas bem diferentes uma das outras, algumas com personalidades bem fortes, outras são fáceis demais de serem enganadas, bobas. America precisa se acostumar a usar vestidos pesados, saltos, penteados que só os nobres conseguiriam usar, precisa aprender a se comportar como uma princesa em várias situações diferentes, como jantares e cafés, diante das câmeras (já que toda sexta-feira o Jornal de Illea vai ao ar ao vivo, muitas vezes com alguns takes gravados durante a semana), diante do público, diante da família real e diante de pessoas importantes que vêm de fora. Com certeza é muita pressão, e poucas iriam aguentar aquilo como algo do cotidiano, então as primeiras eliminações acontecem com certa rapidez.


America não entrou ali por que realmente quer ser princesa, ela entrou por que sabia que a família receberia uma certa quantia em dinheiro pela sua participação na Seleção, entrou por que queria poder comer bem por alguns dias, e por que precisava esquecer Aspen, precisava esquecer o que ele havia dito, e o que ela havia visto quando estava indo embora. Como ela não entrou por querer a coroa, e muito menos por querer o príncipe, Maxon Schreave, ela sempre tenta fazer o que quer, não o que as regras de etiqueta pedem que ela faça.


Os primeiros encontros com Maxon, apesar de serem engraçados, sempre acabavam de modos desastrosos. O primeiro encontro foi num momento horrível, mas acabou sendo agradável para os dois no final, e os encontros seguintes foram ficando cada vez melhores, apesar de que sempre rola um dia em que algum dos dois está cansado demais e acabam falando ou fazendo coisas idiotas. Mas o que importa é que America está atingindo seu objetivo: comendo bastante, mandando dinheiro para a família, e conseguiu até mais do que queria, pois agora ela é a conselheira amorosa do príncipe, e vai ajudá-lo a conhecer melhor as outras meninas.


Os dias no palácio são quase sempre cheios, as meninas precisam ficar no Salão das Mulheres, o lugar onde as meninas vão para relaxarem, para terem as unhas feitas, para mudarem e/ou hidratarem os cabelos, coisas assim. O que seria incrível, se não fosse sempre uma obrigação estar lá. Além disso, elas têm aulas de etiqueta e história com a professora Silvia, que é super rígida, mas uma ótima pessoa. E elas têm obrigações a cumprir, algo como se fosse uma preparação, um teste, para saber quem seria a melhor princesa pelo ponto de vista político.


A vida no palácio não era a maravilha que America pensou que seria, mas também não era o inferno que ela esperava. Em algumas semanas ela já está totalmente acomodada, já não se importa mais com o fato de que ela tem três criadas, Anne, Mary e Lucy, e inclusive constrói uma amizade linda com essas meninas. E ainda consegue criar laços fortes com uma Selecionada chamada Marlee. Mas como nada na vida é perfeito, certas coisas acontecem...



Quero começar a parte com as minhas opiniões dizendo que eu amo o Aspen, meu coração é 100% dele. Desde que ele apareceu no livro eu consegui sentir o amor dele pela Meri (apelido que ele deu à America), consegui sentir que apesar de tudo ele só queria o melhor para ela, que queria protegê-la. Pelo menos essa foi a minha visão dele, sei que várias pessoas não gostam tanto dele, inclusive minha amiga Ketely, que estava lendo o livro junto comigo, não gosta tanto dele, mas eu gostei dele no momento em que ele apareceu. E se não me engano, o primeiro olho lacrimejando foi por causa dele.


Uma coisa que me incomodou bastante na America no início foi o fato de ela seguir aquela linha de pensamento "não vou ser escolhida porque não sou bonita", mesmo ela sendo uma das meninas mais bonitas da província. Sei que muitas mulheres não conseguem enxergar beleza em si mesmas, e que ela também não acha que é uma artista tão boa quanto os outros de sua família, mas achei clichê demais ela não se achar bonita quando todos ao redor lhe dizem que ela é linda.


Gostei bastante da preparação das meninas para ser a princesa perfeita, apesar de que não acho que alguma delas realmente fosse ser perfeita. Algumas por serem ambiciosas demais, outras por serem bobas demais, outras por que dá pra perceber que elas não querem se envolver na política, querem apenas ter a coroa na cabeça. Mesmo assim, achei divertido as briguinhas entre elas. Gostei porque não foram brigas de "menininhas", foram brigas sérias, sobre coisas sérias, pessoas perdendo a cabeça e falando coisas que não deveriam falar, e gostei de ver que têm meninas que não são fracas, e que vão aguentar até o final.


Antes de ler o livro, eu pensava que ela algo fofinho sobre princesas, que era mais um daqueles livros em que tudo dá certo para a protagonista, mais um daqueles em que o grande problema é ela quebrar a unha ou rasgar o vestido e passar uma vergonhoinha na frente das pessoas, mas o livro é bem mais que isso. Tem uma história que te cativa já no primeiro capítulo, com dificuldades sociais que podemos relacionar com o mundo atual, principalmente nós que vivemos nesse belo país chamado Brasil. O livro tem muitas situações difíceis, onde cada pequena escolha pode mudar totalmente a vida dos personagens.


Eu gosto dos personagens do livro por que eles são reais, palpáveis, não são aquelas pessoas que são 100% boas, nem 100% más, então é fácil você se identificar com uma ação de tal personagem, e abominar todas as outras. Ou gostar de um personagem, mas não concordar com que ele faz e/ou diz. Tenho muita dificuldade em gostar de livros onde o autor faz com que a protagonista seja vista como a personificação do bem, e os outros personagens sejam vistos como malvados. Todos temos pontos positivos e negativos, então gosto quando os personagens de livros são assim, pois é mais fácil gostar deles, eles parecem mais reais.


Outro ponto positivo, é que o livro, apesar de ser narrado pela Meri, e por isso só ter o ponto de vista dela, mostra algumas coisas sobre a vida das outras personagens, ou seja, o foco do livro não fica 100% na America, apesar de ela ser a narradora. O livro também fala sobre a história de certos personagens, assim podemos saber realmente quem a pessoa é, e não ficar somente com a impressão que a America tem da pessoa. Por exemplo, a America acha o príncipe incrível, e apesar de eu reconhecer que ele é uma boa pessoa, não consigo gostar dele, provavelmente por que eu já havia me apaixonado pelo Aspen no segundo capítulo do livro. Então o livro não faz com que a gente pense como a Meri pensa, ele nos mostra o que os personagens são, e nós podemos decidir se gostamos deles ou não, e isso é um ponto super positivo.



Agora falando sobre o livro físico. A capa é incrivelmente linda! Além de a modelo ser linda, o vestido é incrivelmente lindo, bem estilo princesa, e os espelhos atrás fizeram a capa ficar ainda mais bonita. A fonte usada no livro tem um tamanho bom, espaçamento duplo e as folhas são amareladas, ou seja, é um livro ótimo para ser lido em todos os momentos do dia e da noite, pois não vão incomodar tanto os teus olhos.


Sei que não costumo fazer isso, mas gostaria de recomendar uma música para ser lida durante a leitura. Foram músicas que eu usei, e foi legal, então quero deixar aqui como recomendação. A primeira é Glass in The Park do Alex Turner, ela tem um ritmo bem calminho, uma vibe gostosa e é ótima para ler nos momentos em que as cenas românticas são mais calmas, sem pegação, onde os personagens estão apenas falando sobre sentimentos. E a segunda é Dusk Till Dawn do Zayn, que é mais agitada, mas tem uma letra linda de cumplicidade, então recomendo para momentos que forem mais tensos, onde os personagens acabam prometendo estar um do lado do outro.


Livro recomendadíssimo! Abandonem o preconceito com livros de princesas. Esse livro é bem mais do que só sobre princesas, é sobre um país dividido em castas, sobre governo, sobre pessoas pobres, sobre pessoas ricas, sobre estar dividido em ser o que você quer ser e ser o que você precisa ser. Dá pra tirar várias lições de vida com A Seleção. No skoob, mais de 40 mil pessoas avaliaram o livro, e ele tem uma média incrível de 4,5 pontos! America pode sim ser irritante em alguns momentos, indecisa demais, e é uma reclamação plausível, mas o livro é bem mais do que uma menina tentando ser princesa. O livro é sobre pessoas, e sobre como as pessoas reagem ao poder e à falta do poder.



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