domingo, 16 de dezembro de 2018

Resenha: Mãe África de Celso Sisto



Título: Mãe África
Autor: Celso Sisto
Editora: Paulus
Ano de publicação no Brasil: 2007
Número de páginas: 140
Preço: R$ 20,00 - R$ 70,00
Onde encontrar: Estante VirtualSubmarinoSaraiva
Nota: 4,5/5


Mãe África é uma coletânea de contos africanos. Primeiramente preciso dizer que na introdução do livro o autor diz que ele reuniu os contos, reescreveu e publicou, porém há pelo menos um conto que eu achei na internet, em inglês, em um outro livro completamente diferente, que está escrito da mesma forma, com as mesmas palavras, apenas em outro idioma, então não posso falar nada sobre a veracidade dessa informação, e sim sobre os contos.

No sumário, abaixo do nome dos contos há o nome dos países de onde essas histórias foram retiradas. Não vou citar todos os contos, e sim alguns que se destacaram na minha leitura. O primeiro, que abre o livro, é sobre mitos da criação. São vários recontos de como o mundo e a humanidade foram criados e se parecem bastante com a teoria criacionista cristã, o que me surpreendeu, pois eu esperava algo bem diferente.

Motikatika e o ogro é um conto bem diferente de tudo que eu já li na vida. Uma mulher vai até um certo local pegar água para o marido, e não sabia que nesse local vivia um ogro. O ogro diz que vai matá-la, e ela acaba dando seu filho em troca da própria vida. Só que o filho dela acaba descobrindo, e vai fazendo o possível para não ser pego pelo ogro. Achei muito interessante. Há um conto chamado Son-Eib, o filho da chuva, que é incrível! É bem melancólico mas eu adorei, por que é uma ótima explicação metafísica para a criação da chuva.

Existem também várias fábulas no livro, mas quero destacar O chacal e a mina d'água. Os animais constroem uma mina de água, mas o chacal não participou. Por causa disso, resolveram colocar um vigia diferente por noite para que apenas os que ajudaram possam beber a água, e obviamente o chacal vai tentando de todas as formas beber a água da mina.

As vozes dos pássaros é uma história que com toda certeza vai ficar no meu coração e na minha mente pra sempre. Aqui temos uma explicação sobre o por quê o canto de alguns pássaros são mais bonitos e melodiosos do que de outros, e é uma explicação linda. A Pele de Oiá-Iansã fala sobre a orixá Oiá, conta muito da história dela, fala sobre o casamento, os filhos e de como ela se libertou de tudo que a prendia. É uma história que, para mim, todas as pessoas de religiões de matriz africana deveriam ler. Há também um conto sobre Oxóssi e também é incrível!

A cabeça falante é um conto um pouco assustador até, por ser uma cabeça, no meio da floresta, que fala, e faz coisas ruins até. O conto tem uma moral, e é algo bem diferente de tudo que já li, por que é como se a cabeça fosse sendo renovada. Leiam o livro para entender melhor. Preciso destacar aqui O focinho branco do burro, que também vai ficar no meu coração pra sempre, e também é uma explicação para o fato de os burros terem apenas o focinho branco. É algo fofo e bastante místico, o que é bem legal, pois nunca esse animal é visto dessa forma.




São esses os contos que eu gostaria de destacar, pois foram os que mais me marcaram durante a leitura e são contos que representam bem o livro como um todo. Eu gostei muito da experiência de leitura de contos africanos, por que até então eu não havia lido nada parecido, e até mesmo as histórias dos orixás que eu conheço foram novidades para mim. É algo muito rico, principalmente para nós que não temos tanto contato direto com a cultura africana e com seus mitos. Acredito que é muito importante valorizarmos esse tipo de história assim como valorizamos as mitologias gregas e nórdicas, sempre lembrando que para os que creem nelas, elas são reais, e não apenas histórias.

É muito diferente falar de histórias que são realmente folclóricas de histórias que são tidas como verdade para algumas pessoas, como a origem dos orixás, então é preciso ter um cuidado ao falar disso.

Várias das histórias citadas na resenha me marcaram e vão continuar comigo pra sempre, principalmente as que dão uma explicação metafísica para coisas tão simples e que nunca pensamos, como o motivo de os pelos ao redor do focinho dos burros serem brancos, mas também aqueles que simplesmente contam uma história boa.

Eu me senti lendo relatos, e não histórias inventadas como uma má explicação de algo, e isso foi incrível, por que assim pareceu tudo mais real pra mim, e creio que consegui aproveitar a experiência ao máximo!

Recomendo muito o livro à todos, principalmente os que tem curiosidade em histórias africanas, mas também aos que amam fantasia, realismo fantástico, aos que gostem de ler contos com histórias curtas e bem explicadas, aos que gostam de fábulas e aos que gostam de lendas e mitos. É um livro enriquecedor. Além de ser muito bonito. A folha de guarda do livro é toda em verde, no início de cada novo capítulo há uma ilustração pequena e no meio do conto há também uma ilustração grande e toda colorida, e são ilustrações que nos remetem realmente à África, por causa do tipo de traço e principalmente por causa das cores vibrantes. E a capa é dura. É um livro completo e fica aqui a minha forte recomendação!


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