domingo, 10 de dezembro de 2017

Resenha: Drácula de Bram Stoker




Título: Drácula
Título original: Dracula
Autor: Bram Stoker
Editora: L&PM Pocket
Ano de publicação: 1897
Ano de publicação no Brasil: 1998 (na L&PM)
Número de páginas: 552
Preço: De R$ 9,90 até R$ 29,66
Paguei: R$50,00 no box com os clássicos do terror
Nota: 5/5


Drácula é um livro clássico de horror, por isso eu já comecei a leitura com muitas expectativas. Porém, ao mesmo tempo que eu estava com as expectativas lá no alto, eu também estava com elas bem baixas. Eu sempre acho que livros famosos demais não são tão bons quanto as pessoas dizem ser, então quanto mais famoso for, menos fé eu coloco de que vai ser realmente bom. De onde tirei isso? Não faço ideia, mas acontece sempre. Me surpreendi muito com a qualidade do enredo!


Jonathan Harker é um advogado, e é mandado à Transilvânia para colher informações de um novo cliente, o Conde Drácula. Para que ele não se esqueça dos detalhes da viagem, resolve fazer um diário e descrever os lugares por onde passa e principalmente, as pessoas. Ele passa por algumas vilas e cidades pequenas onde é sempre bem acolhido, porém sempre que fala que está indo para o Castelo Drácula as pessoas agem como se ele tivesse dito o nome de um demônio.


Em uma das hospedarias, quando ele já está pronto para partir, a dona do local lhe dá um terço e faz uma reza, e quando ele entra no carro (leia-se carruagem) que vai levá-lo até o Castelo, ele vê muitas pessoas paradas em frente à hospedaria, fazendo um sinal com as mãos, que mais tarde ele descobre ser um sinal que deseja proteção à pessoa que está partindo.


Ele e seu sócio não têm muitas informações sobre o Conde. Drácula quer comprar uma propriedade em Londres, mas como não conhece o país, precisa de ajuda para escolher uma boa casa. Ele quer um lugar velho que fique num bairro pouco movimentado, pois não gosta de barulho. Drácula, por ser da Transilvânia, não fala inglês, mas como ele estuda a língua, consegue se comunicar com Jonathan sem muita dificuldade.

"... Pois não será a minha imaginação que me irá arruinar." _ Página 42

O Conde sempre se senta à mesa com Jonathan na hora do jantar, mas nunca come, sempre diz que comeu antes, o que seria considerado falta de educação. Comer antes e deixar a visita comer sozinha, e isso se repete por dias e dias. Jonathan não comenta sobre isso com o Conde pois acha que pode ser um costume do país, e não quer ser indelicado. Jonathan e o Conde sempre passam a noite conversando, mas estranhamente, sempre que o sol está perto de nascer, o Conde diz ter algo que precisa fazer urgentemente e sai. Como Jonathan sempre já está com muito sono quando o Conde sai, ele nunca sabe para onde o Conde realmente foi.


As coisas começam a mudar. Jonathan começa a se sentir incomodado na presença do Conde, e numa certa ocasião, quando está se barbeando, o Conde aparece em seu quarto, mas sua imagem não é refletida no pequeno espelho de Jonathan, o que faz com que Jonathan obviamente fique assustado e com medo. A partir daí ele começa a investigar e a tentar vigiar o Conde sempre que pode, e o que ele vai descobrir não é nada bom.

"Que Deus resguarde a minha saúde mental, pois é a este ponto que cheguei." _ Página 57

Não vou falar aqui na resenha o que Jonathan descobre, nem como ele descobre, então vou falar sobre os outros personagens. Jonathan tem uma noiva chamada Mina, que tem uma melhor amiga chamada Lucy. Elas estão juntas sempre que podem, e quando não estão juntas, estão sempre escrevendo cartas. Em uma das cartas Lucy diz à Mina que está tendo situações de sonambulismo, e Mina, preocupada com a amiga, fica com Lucy por alguns dias. Ela tem a ideia de começar um diário, para que depois ela possa contar à Jonathan tudo o que aconteceu enquanto ele estava fora. E pouco depois Lucy também começa um diário.

"Apenas seus olhos se cruzaram, ao invés de seus lábios. E assim os dois partiram por caminhos opostos." _ Página 236

Lucy é uma moça bonita, que chama a atenção dos homens solteiros da cidade, e em certo momento ela recebe três propostas de casamento, e aceita uma das três. Todos os pretendentes são homens formados, têm dinheiro e são bons homens, homens com caráter. Lucy gosta de todos os três, e chega a dizer que se pudesse, se casaria com os três, mas como ela se considera uma "boa cristã", sabe que isso não pode acontecer, e que ela precisa escolher um. Apenas um.

"Presumo que nós mulheres somos tão covardes que pensamos que um homem nos livrará de todos nossos temores, e por isso casamos com ele." _ Página 86

O enredo parece ser algo bem normal, algo que poderia até mesmo ser considerado um romance de banca, mas quando o horror começa, começa mesmo. As cenas de horror, no geral, não duram muito, mas quando acontecem, elas são marcantes. O livro tem bastante suspense, então mesmo as cenas de horror não acontecendo toda hora, o clima que o livro cria faz com que elas sejam marcantes.






Eu comecei a ler o livro achando que ele não seria nada de grandioso. Por ser um clássico do horror, eu esperava que ele já começasse com bastante horror, gente sendo morta, e não é isso que acontece. Começa como um diário normal de uma viagem que um advogado está fazendo para conhecer um cliente que quer comprar uma casa em Londres. Claro, o cliente é o Conde Drácula, mas no início do livro, obviamente Jonathan não sabe que Drácula é um vampiro. O ruim de ler livros dos quais já sabemos bastante da história, mas que ao mesmo tempo não sabemos muito, é que, por exemplo, eu não vivi o momento de descobrir que o Drácula era um vampiro, eu já comecei a leitura sabendo disso, e isso com toda certeza fez a minha experiência de leitura não ter sido tudo aquilo que eu imaginava no início.

"Somente depois de um homem ter estado face a face com semelhante horror é que pode avaliar a sua verdadeira significação." _ Página 25

Mas é um livro incrível! Apesar de as cenas violentas não terem muita descrição, elas são incríveis! E o terror psicológico que os personagens vivem, de achar que estão ficando loucos, de terem que lidar com tudo o que estão vendo, e de decidirem ir à caça, é algo que faz o livro ficar ainda mais interessante. As cenas, no geral, são muito bem descritas. Quando for ler, esteja preparado para parágrafos que chegam a durar três páginas, e boa parte dos parágrafos sem falas são apenas de descrições. O que é um pouco estranho, já que as cenas violentas não têm tanta descrição e em vários momentos não dá pra saber direito o que está acontecendo. Mesmo com essas estranhezas, o livro é cheio de descrições, se prepare para lê-las.

"O dia de hoje, portanto, nos pertence. E é nele que se fundam as nossas esperanças." _ Página 427

Ler Drácula foi uma experiência incrível! Eu me surpreendi muito, principalmente quando percebi que estava realmente curiosa sobre os próximos acontecimentos, e quando eu comecei a ficar preocupada com os personagens. Não cheguei ao choro, mas confesso que fiquei bem triste em vários momentos. Foi uma experiência incrível também por que Drácula é um dos primeiros livros sobre vampiros escritos, e o mais famoso. E claro, o ambiente que serve de cenário à história também me interessa muito. Eu amo inglês britânico, amo Londres, e apesar de ter lido o livro em português, é meio nítido o tom de humor inglês durante o livro.


Uma coisa da qual gostei muito é a própria história do Drácula. Em certos momentos os personagens se juntam para descobrir as origens do Conde e essas partes são muito interessantes. Saber de onde ele veio, o que ele fazia quando era "vivo", e como conseguiu "sobreviver" ao longo dos séculos foi super interessante e foi uma coisa que eu amei. Deixou a história mais redonda, sem pontas soltas e obviamente eu amo livros assim, em que todos os ciclos abertos durante a história são fechados no final.

"Navegando daquele jeito só irá parar quando chegar ao inferno." _ Página 114

O livro é do século XIX, então não esperem uma linguagem contemporânea. O livro é escrito num português bem arcaico. Como o li somente em português, não posso falar de como é a linguagem em inglês, mas creio que também seja uma linguagem mais difícil. O inglês britânico continua usando muitas das palavras que hoje em dia os americanos não usam tanto, então se você é estudante de inglês britânico, não vai ter muitos problemas durante a leitura, mas não recomendo que leiam o livro em inglês se o seu nível não for de intermediário para cima, pois iniciantes vão ter que parar a leitura à todo momento para olhar no dicionário o significado das palavras.



Agora falando sobre o livro enquanto objeto. Minha edição é da L&PM Pocket, então ele tem folhas brancas e finas, e a letra é super pequena, miúda. Se você procura uma leitura rápida e confortável, recomendo que procure outras edições. Sei que as edições com folhas amareladas e com a fonte maior, são mais caras, mas talvez seja melhor gastar um pouco mais no livro, do que prejudicar sua visão. Eu comprei o box de Horror da L&PM em 2015, e Drácula vai parte do box, e obviamente eu não iria comprar uma outra edição. Sei que talvez ter lido um livro numa folha branca, super fina (um pouco mais grossa que folha de Bíblia) e com a fonte pequena pode ter prejudicado minha visão, mas é como dizem os antigos "o que é um peido pra quem já está cagado?". Já tenho miopia, e infelizmente minha médica já disse que ela não vai estabilizar, que ela vai ir aumentando e aumentando até eu ficar cega, e talvez isso tenha contribuído para uma velocidade maior no aumento do meu grau, mas como eu não leio de óculos (não dependo do óculos para ler livros que estiverem a menos de 40cm de distância), eu espero, e acho que não deve ter sido tão ruim assim para a saúde dos meus olhos.

"... E detestava pôr à prova a própria verdade."_ Página 287

É um livro que recomendo muito, à todos. Até quem não gosta do gênero vai acabar gostando do livro, é realmente um livro incrível. Se você gosta do gênero, se joga! O livro tem bastante drama e suspense, então quem gosta desses gêneros também vai gostar muito de Drácula. Recomendo que, se puder, compre uma edição melhor, com folhas amareladas e uma fonte com um tamanho bom, pois é um livro grande e passar mais de 500 páginas lendo num livro que prejudica a visão é difícil. Quero ler outros livros do autor, e quem sabe, reler Drácula em inglês daqui uns 5 anos. Recomendadíssimo!




Para os que já leram o livro, eu fiz um diário de leitura no meu canal. Aqui estão os vídeos.





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