quinta-feira, 9 de maio de 2019

Resenha: Inspirações do Claustro de Junqueira Freire



























Título: Inspirações do Claustro
Autor: Junqueira Freire
Editora: Domínio Público
Ano de publicação no Brasil: 1866
Número de páginas: 249 páginas
Onde encontrar: Machado de Assis (MEC)
Nota: 3 / 5


Inspirações do Claustro é um livro de poemas, que, assim como o nome sugere, são inspirados na religião. Segundo o Wikipedia, Claustro é "Um claustro é uma parte da arquitetura religiosa de mosteiros, conventos, catedrais e abadias", e sabendo o significado desta palavra, compreendemos então que o livro inteiro possui uma inspiração religiosa. Foi uma leitura feita para o Projeto Machado de Assis, para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

Sabendo disso, encontramos exatamente vários poemas escritos sobre figuras religiosas e sobre a vida religiosa em si. O livro está recheado de opiniões e sentimentos do autor sobre a religião, então quem gosta de poesia e também gosta de ler sobre pessoas falando sobre suas experiências pessoais com a religião e com o sagrado (neste caso, cristão), vai adorar o livro.

"Cantarei o céu, o inferno,
O mundo, - o que me aprouver
Cantarei a Deus, o homem,
Os amores da mulher:
Cantarei, enquanto vivo,
Porque Deus assim o quer!" _ Porque canto?, fragmento.

O autor faz várias críticas à visão religiosa excludente, principalmente aquela visão de que os servos de Deus devem matar, por que, para ele, o correto seria levar o amor às pessoas. Mas em vários poemas ele mesmo diz odiar certos homens, o que mostra de forma bem nítida essa luta entre o que ele acha certo e o que ele realmente faz.

"Os homens odeio,
Com ódio profundo,
Com ódio, que o mundo
Não pôde entender.
Então, quanto quero
Derramo do peito
O fel, que, desfeito,
Não posso conter." _ Lupercio Gahagem Champloni, fragmento.

Foi uma experiência bem diferente ler esses poemas, porque mesmo já tendo lido alguns poemas dedicados à religião ou a Deus no Projeto Machado de Assis, não havia lido um livro inteiro com esse tema. Eu gostei, mas confesso que em certo ponto as coisas se tornam repetitivas. Entendo que para o autor, escrever esses poemas deve ter sido uma experiência incrível, pois eles me pareceram bem sinceros, alguns são quase como uma oração, mas para quem está lendo, não se torna algo empolgante por causa da quantidade de ideias repetidas.

A repetição me fez não gostar tanto da leitura, por que me desanimou a continuar lendo, e só concluí a leitura por que faz parte do Projeto Machado de Assis, caso contrário, teria deixado o livro de lado lá pela metade. Não estou dizendo que a segunda metade do livro é ruim, apenas que ela contém muitas repetições, apesar de também conter poemas muito bons.

"É mentira. Essa lei violenta
Não foi feita por Nosso Senhor.
Nosso Deus não nos prende com ferros,
Mas com laços de dócil amor." Meu filho no Clastro, Canção materna, fragmento.

Recomendo aos que leram os fragmentos aqui disponibilizados e sentiram vontade de ler, e aos religiosos que querem ler poemas sobre o assunto. Lembrando que século XIX, aqui no Brasil, quem mandava era o catolicismo, então o livro foi escrito baseado nessa religião. É um livro bom, mas vai agradar um nicho bem específico.




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