quinta-feira, 29 de março de 2018

Resenha: Revista dos Teatros de Machado de Assis




Título: Revista dos Teatros
Autor: Machado de Assis
Ano de publicação: 1859
Número de páginas: 3
Nota: 3/5


Como o título já sugere, é um compilado de críticas sobre as peças de teatro da época. Primeiramente quero falar da forma de publicação. As críticas eram publicadas em folhetins, semanalmente, todos os domingos, o que significa que ele escrevia os artigos aos sábados. Acho que é uma boa forma de começar o trabalho, principalmente naquela época: vendendo folhetins, que são pequenos e por isso, acabam sendo algo de consumo mais fácil e prático.

Creio que por ser sobre teatro, e o teatro naquela época estar começando a ganhar os brasileiros, Machado não conseguiu rios de dinheiro com isso, mas obviamente isso abriu muitas portas para que ele se tornasse o maior escritor brasileiro de todos os tempos.

Como eu disse, é um compilado de críticas. Em cada folhetim ele fazia críticas sobre 3 ou 4 peças, comentando a escolha da peça, o local, o que inclui acomodação, luzes, cenário e tudo o que é necessário para que quem assiste se sinta confortável. E então faça das atuações. Uma mulher chamada Gabriela é com certeza a mais elogiada, foi a primeira atriz de um teatro grande no Rio, sempre consegue os papéis principais e o público sem a cerca ao final das apresentações.

Alguns atores aparecem com bastante frequência, por serem muito bons, ou por ainda conter algumas coisas que precisam, na visão do Machado, ser melhoradas. Ele critica coisas como postura, se o ator parece alguém atuando ou parece alguém vivendo a situação, entonação, figurino e tudo mais. O ideal é que o ator, quando a peça começa, não pareça ser quem é, mas pareça ser aquele personagem, pareça ter vivido e estar vivendo tudo aquilo que está dizendo. O ator precisa esquecer quem é de verdade e viver pelo personagem durante a peça.

Não vou falar aqui sobre as críticas de cada peça, pois são certamente mais de 100 peças criticadas, muitos detalhes, então vou falar sobre tudo de forma generalizada. Também há óperas criticadas nos folhetins, e na maioria das vezes ele tem algo a dizer sobre alguma melhoria que pode ser feita, como cantar de uma forma mais leve ou mais forte, ter uma postura que corresponda à música cantada, expressões faciais durante o canto. Claro que isso vai bem mais além de os cantores serem bons ou não, afinal tudo isso que ele julga, só pode ser realmente julgado por um professor de canto, que sabe quais são as melhores posturas para que a voz saia mais leve ou mais carregada.

É um compilado interessante, difícil de ser lido pelo fato de as peças basicamente "não existirem" mais, e por isso não sabemos se o que ele julga estar errado de fato está, muito menos se o que ele julga perfeito realmente o é. Acho válido para os que querem ler a obra inteira do Machado, que é o meu caso, e para os que estudam a obra dele, mas se você é apenas uma pessoa que gosta da escrita dele, sinceramente não recomendo que leia. Você vai ficar perdido com tanta informação sobre peças que não podem mais ser achadas, e mesmo que você as ache para ler, vai demorar bastante tempo, já que em cada folhetim ele comenta sobre 3 ou 4 peças.

Concluindo. São textos interessantes e ricos em detalhes sobre os atores, cenários e enredos. Lendo os textos dá para perceber que ele, Machado, gosta muito de dramas e peças carregadas disso, até curte comédia de vez em quando, mas tem dificuldade em achá-las realmente engraçadas. Textos importantes para a carreira dele enquanto crítico, porém não é um texto que vá interessar a maioria das pessoas. Então se você não estiver estudando a obra dele, pule Revista dos Teatros. Se você está estudando, aqui você vai encontrar muitas coisas que vão te ajudar a moldar o perfil do Machado, das coisas que ele gosta ou não.



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