quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Resenha: O Culto do Dever de Joaquim Manuel de Macedo




























Título: O Culto do Dever
Autor: Joaquim Manuel de Macedo
Editora: Domínio Público
Ano de publicação no Brasil: 1865
Número de páginas: 317 páginas 
Onde encontrar: Skoob
Nota: 5 / 5


O Culto do Dever é um livro dramático sobre um romance. Contextualizando o livro, ele foi escrito por um autor desconhecido, que simplesmente entregou o manuscrito para Joaquim de Macedo e pediu que ele publicasse o livro se achasse que a história merecia ser lida por outras pessoas. E assim foi feito. Isto está escrito no prefácio do livro, então é algo que sabemos assim que começamos a leitura, e que torna a leitura do livro algo muito mais mágico até mesmo misterioso, pois não sabemos quem foi o autor.

O livro conta a história de Angelina, pelo ponto de vista de um amigo da família. Angelina é uma jovem mulher, que vive com seu pai, Domiciano, e sua tia. Alguns dias antes de uma grande festa, ela conhece Theofilo, um rapaz de família quase rica, que se encanta por Angelina. O encanto é mútuo, e nessa festa Angelina decide falar ao pai que tem intensões de se casar.

Eles se conhecem há pouco mais de uma semana, mas já dizem se amar perdidamente, e vendo que o rapaz é um bom homem, e que vem de uma boa família, Domiciano autoriza que Angelina se case. Além disso, Domiciano está doente, sabe que irá morrer em pouco tempo, e encontra nesse casamento a esperança de não deixar sua filha sozinha no mundo após sua morte. Angelina não suspeita de que o pai esteja doente, e se alegra imensamente com a notícia de que poderá se casar.

O combinado é que Angelina e Theofilo se casem quando o rapaz voltar de uma viagem. O tio de Theofilo faleceu, e deixou uma enorme herança para a família do rapaz, obrigando-o a viajar até Portugal para resolver tudo com os papéis. Ele ficará fora do Brasil por pelo menos seis meses, Angelina precisa se preparar para o casamento, e Domiciano precisa se manter vivo até que o genro volte.



Eu amei o livro! Todo o processo de leitura foi muito gostoso, e foi uma experiência incrível. Creio que o mistério em torno de quem realmente escreveu o livro tenha feito com que eu gostasse ainda mais da história. Apesar de também achar isso um pouco triste, pois como eu amei a leitura, gostaria de ler outras coisas do autor, e sei que não irei conseguir isso.

Confesso que não gostei do final do livro, por que simplesmente não deu uma resposta ao que estava sendo perguntado ao longo do livro, pelo menos na minha opinião, mas todo o restante do livro foi muito bom, e por isso dei a nota máxima. Algo que fez com que eu gostasse muito do livro, é que ele é narrado pelo ponto de vista de uma pessoa que nem sequer é da família da protagonista, e que não está com ela todos os dias. Então é como se você escrevesse um livro sobre a sua prima que mora em outra cidade, e que você vê aos finais de semana.

Gostei disso por que traz uma perspectiva realmente diferente, e essa forma de narrar o livro, que é bem diferente do que eu já li até agora, fez com que eu gostasse ainda mais, e me perguntasse como seria o livro caso fosse a própria protagonista narrando. Eu gostei muito do drama criado em volta de cada evento, e é realmente isso mesmo, cada evento tem um drama em volta. Por exemplo, o momento em que a protagonista conhece o mocinho, numa festa, onde ela deve dar atenção à todos os convidados e não pode ficar trocando nem olhares com ele, não pode ficar dando atenção a ele e precisa tentar esconder de todos que ela está interessada nele. Tudo tem muito drama, e nesse livro isso foi uma coisa que me agradou bastante.

Creio que eu gostei muito por que fazia um certo tempo que eu não lia um romance cheio de clichês, e esse especificamente aqueceu meu coração. Como o livro é do século XIX, é como um romance de época, com bailes, guerras acontecendo, um pedido de casamento que depende da aprovação dos familiares e tudo mais. Isso também me fez gostar mais ainda do livro. E o fato de se passar no Brasil, obviamente, deixa tudo ainda melhor pra mim, principalmente por que os fatos históricos que acontecem no livro são reais.

Algo que pode não agradar algumas pessoas é que não há muitas descrições no livro, então não tem como imaginar direitinho como tudo é, o livro apenas te dá um norte de como as coisas são. Por exemplo, em um momento em que há algumas embarcações no cenário, apenas é dito que existem embarcações grandes ali, mas não há descrições sobre elas. Isso não me incomodou também, por que, ao meu ver, os acontecimentos (nesse caso) são mais importantes do que os detalhes. Claro que pessoas que já leram vários romances de época podem não gostar justamente por que é um livro cheio de clichês, o que é comum , mas que não tem detalhes que tornem a trama diferente de outros livros com os mesmos elementos.

Recomendo muitíssimo a todos que gostam de romance de época, e a todos que gostam de romance que se passa no Brasil. É sim um livro com clichês, mas considerando a época em que foi escrito, era algo até mesmo inovador e bem diferentes, e além disso, é um livro mais "real", por que retrata acontecimentos que realmente aconteciam enquanto o autor escrevia. Se você estiver querendo ler um romance clássico que se passe no Brasil, tenha muito amorzinho e clichês, se joga em O Culto do Dever!



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