domingo, 28 de janeiro de 2018

Resenha:Vidas Secas de Graciliano Ramos




Título:Vidas Secas
Autor:Graciliano Ramos
Editora:Editora Record
Ano de publicação:2005
Número de páginas:176
Preço:R$ 25,00 até R$ 43,18
Paguei:R$ 00,00 -li em PDF-
Nota:4/5



Vidas secas narra a vida de uma família que vive no sertão do nordeste.Eles estão passando por um momento difícil de seca,e precisam sair de sua casa em busca de comida e água,já que os recursos no lugar onde vivem estão esgotados.Eles vão ter que lutar pela sobrevivência até chegarem em qualquer lugar onde tenha água,um casal,seus filhos e sua cachorra,precisarão lutar de todas as formas,passando mal em boa parte da viagem,e ficando desnutridos ao ponto de mal se aguentarem em pé,mas sempre tendo a esperança de que acharão algum lugar com uma terra boa e bastante água.

"Fabiano tomou a cuia,desceu a ladeira,encaminhou-se ao rio seco,achou no bebedouro dos animais um pouco de lama.Cavou a areia com as unhas,esperou que a água marejasse e,debruçando-se no chão,bebeu muito."

A jornada não é fácil,eles tem que lidar com a fome à todo momento,o menino inclusive passa mal e desmaia por causa da fome,a comida não é suficiente pra ficarem comendo a cada 3 horas,nem muito menos mais de 2 vezes num mesmo dia.Outro fator que dificulta é o calor e a falta de água.Sabemos que o sertão do nordeste é bastante seco,e nos momentos de seca deve ser quase impossível viver ali,agora imagine isso tudo sem ter água,deve ser um inferno.


Na introdução da maioria das versões desse livro,é dito que o livro pode ser lido em qualquer ordem,ou seja,você pode pular do primeiro capítulo para o quinto e ir lendo assim,já que o livro não segue uma história linear.A única recomendação é que você leia o primeiro capítulo primeiro e leia o último por último,já que é o início e o fim.Eu li na ordem em que está disposta no livro,por pura preguiça mesmo,mas já vi resenhas de pessoas que fizeram a leitura dos dois modos e gostaram dos dois.

"Como os recursos de expressão eram minguados,tentavam remediar a deficiência falando alto."

Uma coisa sempre presente no livro,que me angustiou muito e me fez ficar triste de um certo modo,é que como Fabiano,o pai da família,nunca chegou a frequentar a escola,ele não sabe muita coisa.Tem o vocabulário bem pequeno,basicamente sabe falar sobre as coisas de trabalho manual que ele faz no sertão,e a todo tempo ele se compara à um animal.Um ser que não fala,não é inteligente,e que faz o que lhe ensinaram,sem questionar.Por causa desse problema,de não saber falar muito bem,ele acaba se envolvendo em algumas brigas,e isso nos faz ter um tempo de reflexão sobre o quão importante é aprender a falar e escrever.Claro,sei que não é todo mundo que têm essa oportunidade,então se você está lendo isso,e conhece alguém que não sabe ler e/ou escrever,ensine essa pessoa,faça algo de bom,evite que essa pessoa passe por problemas por falta de conhecimento.

"Governo,coisa distante e perfeita,não podia errar."

Sinhá Vitória,apesar de também não ser estudada,é mais esperta e inteligente do que Fabiano,então é ela que cuida das finanças da casa,que compra o que precisa ser comprado e que alerta Fabiano quando percebe que alguém está tentando tirar proveito da sua falta de sabedoria.Uma coisa que é bem triste sobre ela,é que um dos sonhos da vida dela é ter uma cama boa para dormir.Percebem o quão difícil é a vida dessa família?Ela ama os filhos e a cachorra,apesar de que ela e Fabiano sempre dizem que Baleia,a cachorra não é necessária e até chegaram a pensar que a cachorra estava dando gastos demais com a comida,eles demonstravam amor por meio de gestos.


Baleia é aquela cachorrinha companheira,que gosta de estar do lado dos donos,que é treinada para sentir cheiro de caça,e com isso,ajuda os donos a conseguirem comida.Inclusive um dos capítulos que mais me marcou,e que fez meus olhos se encherem de água,foi o capítulo dedicado à Baleia.Eu sou super amante dos animais,e ver um cãozinho com uma história tão triste foi algo que me impactou bastante.


Em certo momento eles encontram um lugarzinho pra ficar.Eles não sabem muito bem quem é o dono do lugar,mas a casa estava vazia,então eles resolvem ficar ali.A história dessa família é algo tocante,mesmo!Sei que muita gente tem um certo preconceito com clássicos,mas abra sua mente e coração quando for ler Vidas Secas,principalmente se alguém perto de você já passou por uma situação parecida.


É um livro que pode trazer várias discussões e assuntos importantes à tona.Pobreza e miséria é uma realidade do nosso país,não somente no sertão,mas em vários lugares.Em todas as favelas que você entrar,você vai encontrar alguém que,talvez não passe fome,mas não tem carne pra comer todo dia.Ou que fica anos e anos usando as mesmas roupas por não ter dinheiro para comprar outras novas,ou que recebe doação de comida e roupas,pessoas que não sabem ler ou escrever e que dependem de esforço,trabalho físico para sobreviverem.

"Nascera com esse destino,ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim."

Eu li esse livro por obrigação,na escola,mas nem isso conseguiu estragar a experiência de leitura,ou fazer a experiência ser menos prazerosa.Sim,tive que ler o livro mais depressa do que leria normalmente,porque quando o livro é pra escola e eu tenho que fazer prova depois,eu prefiro virar a noite anterior à prova lendo ele do que ler ele assim que o professor anuncia,porque minha memória é bem ruim e eu tenho medo de no dia da prova não me lembrar de mais nada.

"Se ao menos pudesse recordar-se de fatos agradáveis,a vida não seria inteiramente má."

Justamente por ser um livro muito pedido nas escolas,várias pessoas acabam não aproveitando a experiência de leitura porque veem aquilo somente como obrigação e nada mais,mas meu conselho é:se jogue na leitura de cabeça e coração abertos!Vale super a pena,e depois de lê-lo eu entendi porque ele é um clássico e porque tanta gente o adora.É um livro que faz parte da biblioteca básica da vida,todos precisam ler,não somente por ser uma leitura obrigatória em várias escolas,mas por que nos acrescenta algo,saímos da leitura com a cabeça diferente.


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