domingo, 3 de setembro de 2017

Resenha:A Solidariedade dos Homens de Jodi Compton





Título:A Solidariedade dos Homens
Título original:Sympathy Between Humans
Autor:Jodi Compton
Editora:Editora Record
Ano de publicação:2005
Ano de publicação do Brasil:2010
Número de páginas:496
Preço:De R$ 12,90 à R$ 29,90
Paguei:R$ 10,00
Nota:5/5




Sarah Pribek é uma detetive de Minnesota,e o livro já começa mostrando o quão complicada sua vida está sendo.A filha de sua amiga Genevieve Brown foi morta por Royce Stewart,então alguém tentou fazer justiça com as próprias mãos.O marido de Sarah,Shiloh,tentou matar Stewart por atropelamento,ficou fora de casa por alguns dias,e voltou depois que Stewart foi encontrado morto,queimado,em sua casa.Shiloh admite ter tentado matar Stewart,mas nega ter colocado fogo em sua casa,mas obviamente,é preso por tentativa de homicídio.


O interessante aqui,ou o que deveria ser interessante,é que Sarah afirma,não para a polícia,mas sim para a própria Gen,que Gen foi a pessoa que matou Stewart.Porém Gen afirma que quem matou Stewart foi Sarah.Então vamos finalmente acompanhar o dia a dia da detetive.


O dia de uma detetive com toda certeza não é fácil.Sarah precisa fazer um trabalho de combate à prostituição,como?Se vestindo de prostituta e esperando os caros pararem,e então,ela pode prender os caras que pararem procurando por sexo.Numa madrugada depois do "trabalho",ela encontra um menino que obviamente não fala sua língua,mas está chorando muito.Depois de pensar um pouco,ela percebe que o existem duas bicicletas perto de um rio/córrego e apenas uma criança está perto dela,ou seja,a outra está dentro da água.Por aí já podemos ver que a vida de Sarah não é fácil,nem prazerosa.

"...Às vezes a proximidade da morte pode ser erótica.Para mim ela era Ofélia.Eu queria me deitar em sua tumba e trazê-la de volta à vida." _ Página 236

Seu chefe,Prewit(ou seria Prewitt?),pede que ela investigue uma denúncia de um médico ilegal num bairro pobre da cidade.Ela vai até lá com as roupas que costuma usar depois do "trabalho" como prostituta,pois esse é o tipo de gente que o médico ilegal deve receber,certo?O primeiro susto começa assim que ela bate à porta:Cisco,o médico,é um cadeirante.Não há nada de errado nisso,ela apenas não esperava que fosse ser assim.Apesar de ter poucos equipamentos e não poder fazer exames mais complexos em seu apartamento,Cisco é aparentemente um bom médico.Ela sai do consultório improvisado e volta pra casa com um pensamento estranho:ela sempre teve medo de médicos,pavor,fobia,mas se sentiu bem ao lado de Cisco,provavelmente porque o que a assusta de verdade é o ambiente hospital,e como Cisco atende em seu apartamento,o ambiente é algo mais aconchegante,apesar de não ser seguro.


Como Sarah tem pavor de consultórios médicos,acaba retornando ao consultório de Cisco alguns dias depois,por causa de uma infecção no ouvido.Aos poucos ela começa a saber mais sobre a história de vida de Cisco,do motivo pelo qual ele perdeu sua licença médica,o que o deixou paraplégico,o que ele gosta e o que não gosta.Por ser uma policial,Sarah sabe que não deve sentir compaixão de Cisco,ele está fazendo algo ilegalmente,mas é quase impossível evitar isso.


Em meio à tudo isso,um dia chega até Sarah uma menina chamada Marlichen Hennessy,ela quer fazer uma denúncia de desaparecimento,seu irmão gêmeo,Aidan,desapareceu na Georgia e parece que as autoridades não estão se empenhando em encontrá-lo.O primeiro contato de Sarah com Marlichen não é bem o melhor primeiro contato,mas como essa história acaba tirando o sono de Sarah,ela decide ir procurar a menina para poder recolher mais informações.

"Às vezes,em meu ramo de trabalho,eu digo às pessoas que elas precisam aumentar por um momento a dor que sentem,no processo de diminuir o sofrimento,ou ficarão lidando indefinidamente com a mesma dor de baixa intensidade." _ Página 264

Depois de um certo tempo dedicado à pesquisa,Sarah descobre que Marlichen está escondendo várias informações que poderiam ser úteis à polícia.Como por exemplo,onde seu pai está e o motivo pelo qual Aidan estava vivendo na Georgia e não em Minnesota com a família.Sarah vai descobrir toda a obscuridade na história de uma família aparentemente normal.


Pode não parecer muita coisa,mas quando você precisa lidar com seu marido ter sido preso e você ser uma das suspeitas de um assassinato que você jura não ter cometido,tem que fazer trabalhos falsos como prostituta para prender as pessoas que pagam por esse serviço ilegal,tem que investigar um médico que atua ilegalmente em seu apartamento,e ainda por cima tem que investigar o caso de desaparecimento de um menino que desapareceu em outro estado,é coisa demais pra conseguir ligar sem explodir..

"...Mas às vezes parecia que a chuva caía direto no oceano:nada chegava onde deveria chegar." _ Página 359

Dentro desses casos que ela precisa investigar vão acontecendo várias coisas no meio do caminho,ela acaba entrando na vida de pessoas que ela não gostaria nem de ter conhecido,e vice-versa.Como a vida nunca é o que a gente espera que seja,Sarah acaba se machucando,sendo machucada e machucando muitas pessoas emocional e fisicamente.


Em um certo momento do livro,conversando com Marlichen,ela fala sobre como decidiu ser policial e sobre seu começo de vida adulta bem conturbado e cheio de bebidas.A história de como ela decidiu ser policial fez com que eu me visse ali,pois o start dela foi bem parecido com o meu aos 14 anos,lendo O Colecionador de Ossos de Jeffery Deaver.Me identifiquei muito com ela nessa parte,mesmo sendo uma parte,um ou dois capítulos,mas parados do livro.






Eu amei ler esse livro,tanto que,mesmo tendo alguns defeitos,ele entrou pros meus favoritos.Uma coisa que não gostei foi o finalzinho,parece que a autora queria terminar logo o livro e foi colocou ali,na última hora,uma solução pra uma das coisas que estão presentes desde o início do livro,me pareceu preguiça.Mas como esse "problema" não é bem o foco,o centro da história e fica em 3°,4° plano no livro,eu não me incomodei muito com isso.


Me vi na Sarah várias vezes durante a leitura,talvez por ser mulher,talvez por ser meio emocional demais.A Sarah é daquelas pessoas que gosta de ajudar os outros,mesmo sabendo que às vezes dar essa ajuda pode acabar atrapalhado a vida dela,tanto profissional quanto pessoal.Apesar de ter a cabeça no lugar e saber que muitas vezes ela está colocando a carreira dela em risco,ela acaba fazendo coisas por compaixão que nem sempre são legalmente certas.


Em vários momentos eu me vi torcendo por uma coisa totalmente errada,torcendo para que Sarah não contasse sobre Cisco à outras pessoas,ou que o chefe dela não mandasse ninguém ir investigar o mesmo médico ilegal,me vi torcendo para que Cisco de alguma forma conseguisse voltar a ser um "médico de verdade",e isso é legalmente errado,torcer por um cara que está cometendo um crime.Sim,ele ajuda várias pessoas com baixa renda,e até recomenda que algumas pessoas procurem um consultório médico especializado em alguns casos,mas de qualquer forma,é ilegal e ele deveria ser preso.Tenho uma queda por livros que me fazem sentir compaixão por pessoas que fizeram coisas erradas.

"Os advogados,pelo menos no tribunal,nunca fazem uma pergunta cuja resposta seja desconhecida para eles." _ Página 73

Quando Cisco apareceu na história,por motivos de Jeffery Deaver ser minha referência em romances policiais,eu comecei a comparar ele ao Lincoln Rhyme.A única coisa que poderia fazer com que os dois fossem parecidos seria o fato de os dois precisarem de cadeira de rodas,fora isso,não tem nada a ver um com o outro.Acho que eu comparei os dois porque eu simplesmente AMO Lincoln Rhyme,e quando encontrei outro personagem inteligente que precisa de uma cadeira de rodas,eu acabei me apegando e gostando do personagem porque ele me lembrava outro.Sim,gosto do Cisco pelo papel que ele desempenhou no livro,justamente por que ele faz os leitores gostarem dele,se sentirem amigos dele,mesmo sabendo que o que ele está fazendo é errado,é crime,mas confesso que meu amor por ele começou simplesmente por isso,e agora me sinto extremamente idiota por isso,mas vida que segue.


Eu gostei bastante do caso da família Hennessy,que inclusive dura o livro inteiro,praticamente.E fiquei surpresa com certas revelações feitas.Eu fiquei com uma raiva extrema de alguns membros dessa família em certos momentos,e confesso que até o final do livro eu continuei com ranço desses personagens.A família Hennessy é perfeita aos olhos de quem vê por fora,claro,não tão perfeita já que a mãe das crianças faleceu em circunstâncias suspeitas há alguns anos,mas afora isso,é tudo aparentemente perfeito.Um pai escritor que escreveu três livros de grande sucesso,4 filhos estudiosos e que se dão bem na escola,e um filho que foi mandado para a Georgia com a desculpa de que não havia dinheiro para cuidar de todos.Todos eles eram aparentemente felizes e saudáveis,ninguém nunca suspeitaria que a verdadeira história da família é tão horrível e infeliz.Eu simplesmente amei descobrir,junto com a Sarah,o que realmente aconteceu com a família deles,e quando a bomba foi jogada eu fiquei boquiaberta,não esperava aquilo tudo.

"Um sonho de amor que era lindo,mas,no fundo,impossível,como um arco-íris à noite." _ Página 148

Esse livro me sugou de uma forma que enquanto não terminei ele,eu não conseguia pegar outra coisa pra ler.Eu não conseguia tirar isso da cabeça,sempre que começava a anoitecer meu cérebro ficava gritando "VAI LER" loucamente e como eu adquiri o péssimo hábito de começar a ler somente perto de 23h,várias vezes eu ficava lendo até 1-2h da manhã.Não recomendo que façam isso.Eu gosto bastante de ler durante a tarde também,mas eu acabo ficando meio ocupada com as coisas do blog,ou desenhando,às vezes dançando,então o tempo que tenho pra ler acaba ficando pra noite.Mas temos que admitir que não tem coisa mais gostosa do que pegar um livro num dia fresquinho,durante a tarde,e ficar ali imerso na leitura.


Esse livro teve uma experiência de leitura fantástica pra mim!Gostei bastante de ter sentido tantas emoções diferentes ao longo da leitura,gostei de conhecer uma autora nova e gostei muito de ter lido novamente o gênero literário que me trouxe pro mundo da leitura.Já quero ler outros da Coleção Negra ou da Jodi.Esse foi o primeiro livro da Coleção Negra que eu li,os outros são escritos por outros autores,não sei se são tão bons,mas espero que sejam,já que estão reunidos numa mesma coleção.Inclusive,o Lua Fria do Jeffery Deaver faz parte dessa coleção


Agora falando sobre o livro enquanto objeto.O livro tem uma altura menor do que a maioria dos livros,mas por ter bastante páginas,ele é bem grosso,então vai ocupar um certo espaço na estante.A fonte tem um tamanho normal,bom,e tem o espaçamento duplo,coisa que eu amo.Uma coisa super positiva é que as folhas são amareladas e grossas.O papel é Off-white 80g/m²,que é o papel que eles usam pra fazer a maioria dos sketchbook são feitos,e a maioria dos bollet journals também,então é mais difícil pra rasgar.A capa em si não é algo que me atrairia,ou que eu ache bonita,mas não é uma capa feita.Eu fui atraída pelo "um romance policial de primeira" escrito no comentário do Publishers Weekly que está escrito bem pequeno da capa.Como comprei ele numa feira de livros e eu estava com tempo,eu olhei atentamente quase todos os livros e fico feliz por ter conseguido comprar esse.


Recomendo à todos que queiram ler uma boa história policial com um certo drama no meio,também recomendo à pessoas que ainda não estou acostumadas com romances policiais,já que esse aqui não tem cenas de violência explícita e pode ser uma boa ideia pra quem não é acostumado a ler sobre descrição de cadáveres encontrados em estado de decomposição,que é o caso de vários livros policiais.É um bom livro para entrada nesse gênero e é um bom livro pra quem já gosta bastante do gênero,mas quer um livro com uma carga dramática mais forte.Leiam,por favor!Não vão se arrepender.


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