quinta-feira, 21 de junho de 2018

Resenha: Desencantos de Machado de Assis


























Título: Desencantos
Autor: Machado de Assis
Ano de publicação no Brasil: 1861
Número de páginas: 47
Onde encontrarDomínio Público
Nota: 4/5



Desencantos é uma peça de teatro, bem curtinha, sobre amor. Existem dois personagens masculinos e uma feminina, a peça não se passa em muitos cenários diferentes e tudo isso faz com que ela seja bem simples, porém divertida de certa forma. Claro, não é uma comédia, então não espere gargalhar, mas é divertida.

"Encontrou na morte o esquecimento das suas dores íntimas. De que lhe servia viver amando sem esperança?" _ Página 5

No início temos a impressão de que os dois personagens masculinos, ambos vizinhos da personagem feminina, estão disputando para ver qual dos dois ficará com ela. O contexto é: houve um baile, a personagem feminina foi e se divertiu bastante, um dos personagens masculinos foi, e o outro não. E eles começam a comentar sobre como foi, o que fizeram, quais foram os melhores momentos e falam também sobre os outros convidados.

"Minha senhora, os poetas têm sempre razão." _ Página 8

Daí começam um tipo de disputa para saber qual está mais correto pelo ponto de vista da personagem feminina. Não posso contar muito mais do que isso, por que a peça é super curta, e seria spoiler, então vamos parar por aqui. Apenas saibam que há um "vencedor".

"Entretanto continua o vulcão em meu peito e só pode ser apagado pelo orvalho do seu amor." _ Página 10

Gostei bastante da peça. Confesso que o final não me agradou, mas também tenho a noção de que eram tempos diferentes, certas coisas eram permitidas, coisas que hoje nós sabemos ser repugnantes. De qualquer forma, acabei gostando menos da peça justamente por causa do final. Porém gostei bastante de no meio da peça, a personagem feminina ter algumas características do movimento feminista, não deixando que o "vencedor" mande nela, ou que ele mude seus hábitos e seus gostos simplesmente por que ele não concorda com eles.

Gosto muito de ver mulheres empoderadas, seja em livros atuais ou em livros mais antigos. Na verdade, acabo ficando até mais feliz vendo isso em livros antigos, por que há dois séculos não era tão fácil ser uma mulher que não obedece seu marido. Isso era visto com maus olhos e a mulher era tida como lixo. Em algumas culturas isso prevalece, mas no Brasil isso já está ficando cada vez mais fraco. Enfim, esse foi o meu aspecto preferido na peça.

"Prefiro a obscuridade ao remorso que me ficaria de representar um papel ridículo." _ Página 31

Creio que pessoas que gostam de romance de época vão gostar bastante, já que fala bastante do contexto que os personagens estavam vivendo. Inclusive, a questão política fica bem fácil no segundo terço do livro, e quem gosta dessa parte mais específica dos romances de época, vai amar a peça. Fica a super recomendação de uma peça curtinha e super boa, que vai nos abrir os olhos para algumas questões importantes. Além disso, é um ótimo passa-tempo que ao mesmo tempo vai te ensinar um pouco sobre política e sobre a época em que o livro foi escrito.



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