domingo, 23 de agosto de 2020

Resenha: O Jardim Secreto, de Francis Burnett



Créditos de imagem à Amazon

Título: O Jardim Secreto
Autora: Francis Hodgson Burnnet
Editora: Editora Dracaena
Ano de publicação desta edição: 2012
Número de páginas: 312
Onde encontrar: Skoob 
Nota: 5 / 5


Mary é uma criança que foi criada sem amor. Sua mãe sempre se importou somente em mantê-la viva, e como é uma mulher rica, sempre contrata as melhores pessoas para tomarem conta de sua filha. Mary vê sua mãe raramente, até que uma doença chega até a Índia, onde a menina mora, e mata sua família.

"Foi daquela estranha e repentina maneira que Mary descobriu que não lhe restava pai nem mãe, que morreram e foram levados durante a noite."

Mary, então, é mandada mara morar com seu tio na Inglaterra. Também é um adulto que parece não se importar muito com ela. Craven, o tio, perdeu sua esposa há uma década, e desde então é um homem extremamente amargurado e triste. E como sinal de sua profunda tristeza, ordena que o jardim que sua esposa mais gostava, seja fechado. Ao longo dos anos, os funcionários da imensa casa esquecem que aquele jardim existe.

Assim que Mary descobre sobre o jardim, se interessa muito por ele, e então, encontrar o jardim se torna uma missão. A menina chega na casa do tio com 10 anos, sem saber nem vestir a própria roupa. Só comia coisas refinadas e conversava com pessoas de classe. Ali, num casarão que fica próximo à um vilarejo, tudo que Mary tem são os camponeses e funcionários. A menina vai fazendo amizade com eles, com algumas outras crianças, e saem em busca do tão falado jardim secreto.

"E o jardim secreto florescia e florescia, e a cada manhã revelava novos milagres."

Que leitura incrível! Confesso que no início, com Mary sendo bem chata e mimada, eu pensei que não suportaria a leitura. Porém eu já vi esse livro com uma capa que tem mais crianças na capa, e por saber disso, decidi esperar até que os outros aparecessem. E como foi bom esperar! Li esse livro em três dias, o que para mim é algo bem rápido, e era difícil parar em alguns momentos.

Já deixo aqui a minha recomendação de leitura, para crianças que tem mais de 10 anos e para todos os adultos. É um livro que ensina muito sobre partilha, sobre cura interior, sobre dar mais valor ao que temos e principalmente de dar mais valor às nossas amizades e pessoas que amamos. Muitas vezes a gente briga com as pessoas que amamos, e pode ser que em algum momento não tenhamos a chance de pedir desculpas.

"Não acho que haja nenhuma necessidade de alguém sê rabugento, quando há flores e coisas desse tipo, além de outras tais como seres selvagens se espalhando por toda parte, fazendo abrigos para si mesmos ou construindo ninhos, cantando e soltando um gorjeio. Você acha que há?"

Algo que quero muito comentar é que a Mary perder os pais logo no início foi bem chocante. Quando ela vai para a casa do tio, ela nem sequer sente falta dos pais, por que nunca teve contato real com eles, quase nem os via. Ela sentiu mais falta da casa e de ser mimada pelas amas, do que da família. E em poucos momentos ela sente saudade realmente. É interessante ver isso,pois mostra que a criação que a criança tem, pode moldar sua vida inteira. Se isso não tivesse acontecido, Mary provavelmente seria mais uma mulher rica que desdenha dos pobres e acha que todos estão ali para lhe servir.



No livro tem algumas falas que podem ser interpretadas como racistas, já devo deixar avisado. Uma das amas que Mary "ganha" na casa do tio, diz que estava curiosa para ver Mary, porque achava que a menina era negra, e nunca tinha visto negros na vida. Apesar de ter me sentido incomodada com falas do tipo, eu tentei compreender que 1. essa mulher viveu a vida dela inteira dentro de um vilarejo e o mais longe que foi é a casa onde trabalha e 2. certamente negros não tinha muito acesso aos locais mais ricos da Inglaterra. Então tentei relevar, mas já deixo avisado.

É um livro com o qual eu me identifiquei muito em certos aspectos, como o amor pelas plantas. Não sou jardineira, mas as plantas sempre estiveram presentes na minha vida, sei mexer com plantas desde bem criança, porque sempre brinquei com terra e tudo mais. Ver um livro em que um jardim é o principal, o grande mistério e a grande beleza, foi uma coisa que aqueceu muito o meu coração.

"Quando eu era pequena, eu tinha uma mania muito peculiar de assistir o mesmo filme diversas vezes, tantas que chegava até mesmo a decorar as falas, cada detalhe de cada cena e todas as músicas, quando elas existiam." Palavras da autora, prefácio.

Também me ensinou e me relembrou de alguns valores, que a gente meio que vai perdendo enquanto cresce. De cuidar do que a gente ama mesmo quando ninguém vê, de se amar e se animar sozinho (afinal, em muitos momentos não vai ter ninguém para nos levantar) e de sempre colocar os laços, as amizades, em primeiro lugar.

É um livro que tem muitos ensinamentos, muitos valores, e que nos mostra alguns retratos de uma Inglaterra não tão glamorosa. Recomendo muito que todos leiam, com certeza é um livro que vai aquecer seu coração, te lembrar do que realmente importa, te levar à uma viagem pela sua infância e te fazer feliz por algumas horas.

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