terça-feira, 16 de outubro de 2018

o horror do suicida



Estamos em outubro, também conhecido como mês do horror. Os posts aqui no blog estão sendo temáticos, exceto os posts do Leitura todo dia. Hoje eu vejo com um texto que descreve minha vida, e descreve alguns perrengues que passei nas últimas semanas. Eu espero que possa ajudar alguém de alguma forma, e que ao menos seja um texto bom de se ler. 



quinta-feira. mais choro. não era pra ser assim, pelo menos não aqui. eu tentei tanto me controlar, por que nunca nada dá certo? preciso parar de chorar. o pulmão tá doendo, o ar tá entrando quente demais, parece que vai queimar. ele me viu chorando. ele tá chegando perto. me abraçou. é um abraço tão gostoso, mas não me acalma, não leva embora os meus pensamentos. tá tudo uma bagunça. não consigo fixar num pensamento. são pensamentos demais, indo e voltando, sem uma ordem lógica, apenas aparecem e no instante depois não estão mais aqui. tudo é desordem. eu não vou conseguir. não deveria nem ter tentado. eu sabia que não ia conseguir chegar ao fim, por que comecei? por que vim atrás dessa humilhação toda? mas eu preciso ficar calma, vai dar tudo certo. mas eu sou bem burra, né? pensar que conseguiria me conter depois de tudo aquilo. eu sabia que não teria preparo pra assistir uma palestra sobre suicídio e mesmo assim eu fui. eu queria poder entender mais sobre o assunto, mas parece que eu sei bem até demais. e isso me assusta. mas talvez eu mereça mesmo morrer. não. sábado. madrugada. tá acontecendo de novo. que desespero. eu sou mesmo burra. não vou conseguir passar em matemática. não sei pra que tanta matemática em biologia. eu vou desistir. não posso desistir. se eu não conseguir agora não vou conseguir depois também. não tem jeito. eu vou mesmo ter que desistir. nem vou ir pra aula hoje. eu sou burra. idiota. feia. ridícula. eu vou me matar. vou? eu vou. sei que vou. não posso deixar isso acontecer. preciso segurar minhas próprias mãos. se eu soltar, me mato. eu vou me matar. ele tá do meu lado. do meu lado. não posso fazer isso com ele. eu amo ele. como eu posso pensar em me matar estando no quarto dele, deitada ao lado dele? ele não merece isso. acordar e encontrar a namorada morta. é cruel demais. mas se eu ficar assim eu vou me matar. anjo, pega água pra mim? será que foi certo acordar ele? eu tava assustada demais sozinha. ele tá olhando pra mim, tá com medo. tá passando as mãos nas minhas costas. vai ficar tudo bem. deita aqui comigo. vai ficar tudo bem. não vai. vai sim. anjo, eu quero morrer. fica calma. se eu ficar sozinha eu vou me matar. só fica calma, vai ficar tudo bem. e ficou tudo bem depois. mas naqueles momentos eu pensei que fosse morrer. pensei que fosse me matar. e isso me assustou por que eu sabia que eu tinha coragem suficiente pra isso. mas eu não morri. pelo menos não agora. obrigada anjo, você me salvou.



Eu coloquei ações, pensamentos, falas minhas, falas de outras pessoas, tudo junto e misturado. Porque sim, o intuito é que fique bem confuso, por que o maior sentimento que eu senti nesses momentos, depois do medo, foi confusão. Aos que estão passando por um momento difícil, liguem para 188, Centro de Valorização da Vida. Sua vida importa.

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