quinta-feira, 24 de maio de 2018

Resenha: Queda Que as Mulheres Têm Para os Tolos de Machado de Assis



























Título: Queda Que as Mulheres Têm Pelos Tolos
Autor: Machado de Assis
Ano de publicação: 1861
Número de páginas: 8
Disponível emDomínio Público
Nota: 5/5

Essa miscelânea, originalmente publicada em A Marmota. O texto começa com uma advertência, que é muito bem humorada, como todo o resto do texto também o é. É uma advertência sobre o conteúdo que virá em seguida.

"Se tenho, pois, a pretensão de ser breve, não tenho a de ser original." _ Página 1.

Machado nos apresenta ao "homem de espírito", que é o homem inteligente, aquele que estuda, que trabalha, que anda sempre bem arrumado e que faz o possível para ser uma boa pessoa. O "homem de espírito", é o que sempre vai ser gentil com as mulheres, o que vai ajudá-la a descer do carro, e principalmente aquele que nunca vão tentar algo se não obtiver resposta da mulher. É aquele que vai demonstrar apenas com atos, por que tem medo que as palavras não consigam expressar exatamente o que ele sente.

"Para interessa-la, em suas mágoas, não toma ares sombrios e tristes; pelo contrário, esforça-se por ser sempre bom, afetuoso e alegre junto dela. Quando se retira da sua presença, é que mostra o que sofre, e derrama as suas lágrimas em segredo." _ Página 3.

O "homem de espírito" é o que vai tentar ser a pessoa mais forte na frente da mulher amada, sendo isso bom ou ruim. É o que vai sempre achar que não é bom o suficiente para estar com aquela mulher linda, o que vai sofrer muito quando o relacionamento acabar, e também é o que vai procurar em outras mulheres, qualquer coisa que o faça lembrar da mulher anterior.

"Num olhar, numa palavra, num gesto, acha ele mil nuanças, imperceptíveis, desde que se trata de interpretá-las contra si." _ Página 4.

Já o "tolo" é o que se apaixona fácil, e gosta de fazer com que todos ao redor saibam que está apaixonado por aquela mulher, pois assim ela se sentirá única. É aquele que vai lhe escrever poemas e músicas, e que provavelmente vai usar com ela os mesmos versos que usou com outras. O "tolo" é o que sabe que a mulher amada o ama, que se sente seguro disso e que gosta de mostrar isso, assim como também vai mostrar à todos que ele a ama.

"Mostra a todos que a ama, e solicita com instância provas de amor." _ Página 3.

Quando o "tolo" se separa, não perde seu tempo ficando triste, por ele sabe que no mundo há outras tantas mulheres o querendo, ou que podem começar a querê-lo assim que começarem a conversar. O "tolo" se desapega com a mesma facilidade com que se apega, e sabe que a vida é muito mais do que sofrer por amor.

"Para ele nada há de terrível em uma separação, por que nunca supõe que se possa colocar a vida numa vida alheia." _ Página 5.

Eu amei esse texto! Depois de "Mãe", foi o primeiro texto do Machado que eu realmente amei. Primeiramente, amei por que consegui me ver no "homem de espírito", mas principalmente no "tolo", que por vezes, parece ser o mais esperto. Adorei ver essa pontuação de coisas boas e ruins em dois tipos de homens, que por vezes se confundem muito, afinal, é difícil saber quando alguém te manda poemas por te amar, ou por querer apenas mostrar um poema bonito. E se não te manda nada? É por vergonha, falta de amor, ou ele não sabe bem como demonstrar isso?

Eu sou a pessoa que gosta de mandar poemas para as pessoas que gosto, que me apego fácil, mas que quando me desapego, é como se nunca tivesse conhecido aquele ser. Mas dependendo de quem é, também tenho receio de falar as coisas todas de uma vez, e também posso ser a pessoa que vai fazer tudo por aquele alguém sem esperar nada em troca. Acho saudável ser um misto dos dois, pois sendo 100% qualquer um deles, a gente acaba se dando mal no final.

Recomendo bastante à todos que gostam de textos divertidos, mas se preparem para a linguagem rebuscada, afinal, machado é do século XIX. Quem quer estudar ou saber mais sobre o Machado deveria ler esse texto, por que pode servir de apoio à outros textos, já que os personagens dele muitas vezes refletem algum dos tipos apresentados nesse texto.


Edit: Posteriormente fiquei sabendo que o texto não é de autoria do Machado, mas sim de um escritor francês chamado Victor Hénaux. Porém as primeiras edições desse ensaio simplesmente não informavam que era uma tradução, e isso só foi descoberto na segunda metade do século XX.

Nenhum comentário:

Postar um comentário