Título: O Caminho da Porta
Autor: Machado de Assis
Editora: Domínio Público
Ano de publicação no Brasil:
Número de páginas: 34
Onde encontrar: Domínio Público / Machado de Assis (MEC)
Nota: 5/5
O Caminho da Porta é uma peça de teatro de comédia romântica. Primeiramente já pelo tema eu comecei a gostar bastante e realmente gostei do que encontrei. É uma peça bem pequena, e só por ser uma peça de teatro, a leitura é bem rápida, então se você tirar meia hora do seu dia você consegue lê-la. O enredo é bem simples. Vários homens estão ou já foram apaixonados pela mesma mulher. Ela não quer nenhum deles, mas os mantém por perto pois gosta de receber tanta atenção e de saber que é desejada. Um dos homens que já foi apaixonado por ela há algum tempo lhe diz isso, e apesar de se mostrar espantada com o que ele diz, ela não nega.
Existe uma boa discussão, logo no início, sobre o que é o amor de verdade e sobre como viver o amor. Eles falam também sobre como reconhecer o amor e o que fazer quando alguém te ama.
"Descobri que o amor é uma pescaria. O pescador senta-se sobre um penedo, à beira do mar. Tem ao lado uma cesta com iscas; vai pondo uma por uma no anzol, e atira às águas a pérfida linha. Assim gasta horas e dias até que o descuidado filho das águas agarra no anzol, ou não agarra e..." _ página 5.
Doutor e Carlota, protagonistas das cenas mais engraçadas, parecem ser bem íntimos. Se conhecem há alguns anos e os dois conversam de uma forma que parece bastante a forma como algumas pessoas conversam hoje: trocando insultos que de alguma forma são demonstrações de carinho.
"Não se zangue minha senhora. Todos erram; mas V. Exa. erra muito" _ página 20.
No final, um dos homens fala sua opinião sobre o amor de uma forma poética e até mesmo sensata, racional, porém que nada tem a ver com a definição de amor no senso comum. É perceptível que decepções amorosas fizeram o personagem não acreditar mais que encontrar o amor verdadeiro seja possível, já que ele sequer acredita que ele exista.
"Os homens, que inventaram tanta coisa, inventaram também este sentimento. Para dar justificação moral à união dos sexos inventou-se o amor, como se inventou o casamento para dar-lhe justificação legal. Esses pretextos, com o andar do tempo, tornaram-se motivos. Eis o que é o amor" _ página 33.
As últimas palavras da peça são muito legais e é neste momento que o título faz sentido. Eu adorei ler lido O Caminho da Porta. Foi a primeira vez que li algo em que Machado de Assis foi engraçado de verdade, de forma tão natural que realmente parece coisas que nós fazemos hoje em dia, porém, é claro, com aquela linguagem mais rebuscada do século XIX. Foi uma ótima experiência, e espero continuar gostando das peças do Machado assim como gostei dessa.
Recomendo à todos que gostam de peças, e que querem uma leitura rápida. Também recomendo aos que gostam de comédia romântica, e creio que todos que lerem vão conseguir se divertir e soltar pelo menos um sorrisinho. A liberdade com que os personagens citados aqui na resenha falam um com o outro é algo novo nos textos do Machado e creio que quem está lendo a obra dele vai, além de se surpreender, adorar! Fica aqui a forte recomendações de que vocês leiam.