quinta-feira, 25 de junho de 2020

Resenha: Riacho do Jerimum de Jadna Alana

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Título: Riacho do Jerimum
Autor: Jadna Alana
Editora: Editora Coerência
Ano de publicação desta edição: 2019
Número de páginas: 400
Onde encontrar: Skoob
Nota: 4,5 / 5


Caíque é um jovem negro, que mesmo vivendo com sua mãe e sua irmã mais nova, se sente muito solitário. Caíque sabe que seu pai desapareceu quando ele nasceu, e se culpa muito por isso, a ponto de não se permitir ser feliz, sempre remoendo esse sentimento de que ele ter nascido foi uma desgraça para sua mãe. E sua mãe parece pensar o mesmo, pois mesmo que não diga isso verbalmente, ela trata Caíque de uma forma muito rude, e raramente demonstra carinho. 

Riacho do Jerimum é um povoado que fica na Paraíba, portanto, é recheado de cultura nordestina, principalmente da cultura nordestina dos interiores. Algumas coisas, principalmente as festividades, são encontradas aqui em Minas Gerais também, principalmente nas cidades rurais. 

O único amigo que Caíque tem é Vicente, um senhor bem idoso, que é muito sábio e sempre tem os conselhos certos. Desde quando Caíque era criança, os dois se veem sempre, e a diversão acontece quando Seu Vicente conta histórias, sejam elas histórias de sua juventude, histórias do Riacho do Jerimum, ou histórias mágicas.

"O tom de sua voz era sepulcral, como se aquela pergunta fosse o gatilho para sua morte."

Uma dessas histórias deixa Caíque bem intrigado, e por vários dias ele fica pensando em tudo que Vicente falou. Há muito tempo, no Riacho do Jerimum, houve uma grande guerra mística. Duas Deusas, Amanaci, Deusa da chuva, e Tifana, Deusa da seca, entraram em conflito. Uma grande seca tomou conta de grande parte da Paraíba, até que um acordo foi feito. Cada uma reinaria por 6 meses do ano. 

Porém as coisas parecem estar mudando. A chuva já deveria ter chegado, e as plantações estão começando a morrer. O maior medo da população é que os animais comecem a morrer também. Caíque não sabe muito bem como, mas sabe que de alguma forma ele está envolvido nessa guerra de Deuses.


Print do ebook

Gostei muito desse livro, de um jeito único! É um livro único, e não tem como negar isso. Ele mistura vários elementos, como a história e cultura paraibana, fadas, elfos, saci e caipora. Algumas pessoas aqui sabem que eu já fui parte de um laboratório chamado Kaipora, justamente por que tem essa visão de proteger a natureza, então eu amei a participação dessa personagem.

"Não se podia confiar plenamente naquelas criaturas, seus rostos belos escondiam a perversidade que havia em sua alma"

A fada protagonista, a que vai guiar Caíque nesse novo mundo, é Aurora, uma Calahyna. Todos os grupos de raças não-humanas correspondem ao que já conhecemos. As fadas são pequenas, delicadas, voam, e trabalham com energias da natureza. Os elfos são bons guerreiros, Caipora é uma guerreira bem nervosa, Saci tem apenas uma perna e ama aprontar com as pessoas. Então nenhum grupo é realmente uma novidade, mas creio que o fato de eles estarem inseridos num cenário paraibano, com Festas de São João acontecendo, torna tudo bem original.

"Os calahynos cultuavam a natureza e naquele momento celebravam por terem a terra para cuidar, as plantas para regar, o ar para respirar, o céu para contemplar"

Eu vou ser sincera com vocês: não me apaixonei pelos protagonistas. Caíque é sempre muito pessimista, sempre se culpa por tudo que acontece, e Aurora é muito orgulhosa, odeia perder e não pede desculpas. Sei que essa é uma fórmula muito usada em fantasias num geral, mas dentro dessa fantasia me incomodou um pouco. Principalmente por que existem personagens, como Vicente, que mesmo em meio ao caos, conseguem ser positivos e animar a história. A melhor amiga de Aurora se chama Diana, e é sem dúvidas a minha personagem preferida do livro. É alegre, sempre vê as coisas pelo lado positivo, mas não ignora a realidade que está em sua frente.

"Às vezes, sentia como se estivesse em uma dança infinita ao mesmo tempo em que sua alma se conecta com a energia da natureza"

Seu Vicente também é um personagem que amei. A sabedoria ancestral colocada em prática é incrível, os ensinamentos dele, os conselhos. É um senhor com quem eu amaria conversar. Todo o enredo da guerra eu achei incrível, amei as reviravoltas, o papel de cada personagem, como cada personagem foi importante de certa forma durante toda a história. A única ressalva na enredo que tenho, é na verdade uma fala, dizendo algo do tipo "os estrangeiros finalmente foram aceitos pelos nativos", e eu realmente não gostei. Estamos no Brasil, um país onde os estrangeiros mataram e continuam matando os nativos, é a pior frase pra se dizer à um indígena. Não sou indígena, mas sou descendente e honro muito o que corre nas minhas veias. Sei da luta, apesar de não fazer parte dela. mas eu não preciso ser indígena pra buscar por coisas melhores para os indígenas, não é mesmo?

"Como os humanos têm coragem de violar algo tão sagrado como a natureza?"

Recomendo muito a leitura de Riacho do Jerimum. É um livro com muita fantasia, muita magia de uma forma natural, muito amor à natureza, muitos conselhos, muita luta, um pouco de drama romântico, e principalmente muita ação. Se você gostou dessa resenha, com certeza vai gostar do livro. Recomendo muitíssimo que leiam, que valorizem mais nossas fantasias nacionais com cenário brasileiro. E claro, que leiam mais mulheres

sábado, 20 de junho de 2020

Resenha: A Bruxa Não Vai Para Fogueira Neste Livro, de Amanda Lovelace




Título: A Bruxa Não Vai Para Fogueira Neste Livro
Autor: Amanda Lovelace
Editora: Editora Leya Brasil
Ano de publicação desta edição: 2018
Número de páginas: 208
Onde encontrar: Skoob
Nota: 4 / 5


A bruxa não vai para fogueira neste livro é um livro de poemas feministas. É o segundo livro de uma série chamada "As mulheres têm uma espécie de magia". Como o título do livro já diz, são poesias feministas focadas no fogo. Não necessariamente no fogo da Inquisição, apesar de sim ele ser citado em algumas poesias, mas no fogo, na ação, no fazer o que queremos por que temos força. 

Assim como o fogo, podemos começar até meio tímidas, demorar um pouco pra acender, temos inúmeras ameaças (desde chuva até falta de oxigênio), mas quando ganhamos força e sabemos para onde ir, podemos fazer uma diferença enorme no mundo de forma boa. Mulheres ganham força principalmente quando estão juntas, pois a luta juntas nos ensina mais sobre nós mesmas. Somos reflexos de mulheres do mundo, das nossas mães, tias, avós, das celebridades que escolhemos seguir no instagram. Então estar numa sociedade feminina, mesmo que seja só você e sua amiga, é algo poderoso, pois você se reconhece em algo, e a partir disso pode mudar, investir em algo, e enfim evoluir.

"alguns pais vão quebrar os dentesde suas filhas com dedos esfolados&quando o punho do seu namoradovier na sua direção ela vaioferecer a ele um sorrisocom o lábio aberto
'é igualzinho lá em casa',ela dirá."

Existem sim alguns poemas que não gostei, que falam que o batom vermelho é um grito de guerra, e ao menos 5 poemas que só funcionam pra você, se você for uma mulher branca. Também tem muita coisa de ódio aos homens, e se você acompanha o blog, sabe que eu não gosto desse pensamento. Homens de cor morrem por causa do feminismo branco que prega morte aos homens. Feminismo sem pensamento de cor/raça e classe não faz sentido, é só mais uma forma de supremacia branca. 

Ela também escreve poemas dizendo que misandria, o ódio aos homens, está indo longe demais e tirando o foco do que é feminismo. Afinal, o objetivo do feminismo é estabelecer igualdade, e não passar por cima do "outro lado". Ódio aos homens abre espaço para o racismo e para transfobia. O objetivo da luta por igualdade de gênero, especificamente falando da luta feminista como um todo, não é e nunca deve ser passar por cima dos homens. A luta é pelo respeito, para que mulheres sejam vistas como seres humanos, que tenham segurança de andar sozinha na rua, que tenham oportunidades de emprego e salário mais igualitários e que não sejam maltratadas apenas por serem mulher.

"lutar incansavelmente pelas suas irmãs& não se esquecer de oferecer a mãopara todos os empurrados tão para fora das margens do papelque estão balançando na beirinha- tem bastante espaço para todos nós."

É sempre importante ressaltar que existem lutas por igualdade de gênero que não tem ligação com o feminismo. Pelo simples fato de que o feminismo em si foi criado por mulheres brancas para mulheres brancas. Por isso, em boa parte dos países de maioria racializada, movimentos como o Mulherismo tem mais espaço. Mulherismo é um movimento criado por mulheres negras, para todas as mulheres, focando principalmente nos problemas de raça.

"fomos forçadas a passar por cimados fósforos ainda incandescentesque eles usaram para eliminarnossas ancestrais"

Também é interessante lembrar que o feminismo negro NÃO É uma vertente do feminismo clássico. É um movimento que tem outras pautas, e principalmente que coloca raça antes de gênero. Pois não importa se você for respeitada como mulher, se você ainda for chamada de macaca na rua, se você vai continuar morrendo por ser preta, se seus filhos e seu marido serão todos mortos pela polícia, se o segurança do mercado vai continuar te seguindo, se você vai continuar recebendo menos que mulheres brancas, se você vai continuar com medo de entrar na sua favela e levar tiro da polícia. Raça vem antes de gênero, e o feminismo negro é um movimento independente que entende isso, e foca nas pautas da negritude e em como elas são afetadas pelo gênero.


















Foi meu primeiro contato com a autora, e confesso que tive um preconceito inicial com ela. Motivo? Mulheres negras, indígenas e marrons foram mortas aos milhares na inquisição, e em comparação, foram poucas as brancas que morreram. Principalmente por que, mesmo tendo início em países com maioria da população branca, a Inquisição se alastrou por todo o mundo, e não foi diferente na África e na América.

Aqui no Brasil, muitas mulheres, principalmente negras e indígenas, foram mortas no tempo colonial. E foi um cenário que se repetiu em todo o continente. Então sim, eu tinha preconceito com a autora, por que num geral, mulheres brancas não foram mortas por serem bruxas. É uma herança que pessoas brancas de hoje podem ter? Sim. Muito provavelmente pessoas brancas de hoje tem um tataravó preto ou indígena. Porém isso não te torna herdeiro da bruxaria, então se for se chamar de bruxa, seja uma bruxa.

"queime todos os que tentarem queimar você.- 2° mandamento das bruxas."

Muitas mulheres brancas entendem que esse "ser bruxa" que tem ganhado espaço atualmente é figurativo. Acreditam que, como a bruxa é uma figura feminina sempre pintada de ruim e feia, nós nos afirmarmos bruxas é dizer que somos todas bonitas, MAS NÃO É! Ser bruxa á literalmente você investir suas energias fazendo feitiços em cada lunação, viver de acordo com as fases da Lua, saber a energia de cada planta e de cada pedra. E é claro que é um aprendizado, mas você só se diz bruxa quando você de fato sabe. Antes disso você é estudante ou aprendiz de bruxaria, apenas. Você é bruxa a partir do momento que pega o seu conhecimento sobre magia e coloca em prática na sua vida. Ser bruxa não é uma metáfora para nada, é um ofício.

"'vadia', cospe ele.'bruxa', zomba ele.& eu respondo:'na verdade, sou as duas.'- reividique tudo."

Quero dizer que hoje não me identifico mais com o movimento feminista. Ainda me identifico bastante com o movimento feminista negro, e creio que muita coisa ali vale super a pena ser vista. Só que também não é o suficiente pra mim. O feminismo negro não chega (e nem é objetivo chegar) nas mulheres indígenas e asiáticas marrons, e são questões importantes pra mim. E além disso, é preciso entender que existem muitas outras pessoas no mundo por quem valem a pena lutar. Eu luto pelas pessoas trans, sejam masculinas e femininas, luto por todas as mulheres racializadas e luto pelos homens racializados. O feminismo não comporta minha luta, e tudo bem com isso. Entendo a importância do movimento, principalmente nos que focam na intersecção de opressões e lutas. Ser uma mulher trans é totalmente diferente de ser uma mulher cis, por exemplo, e precisamos levar isso em conta. Não somos todas mulheres iguais.

Eu daria a nota 3,8 pro livro. Não acho que é realmente um livro nota 4, mas também acho 3,5 pouco. Resolvi arredondar pra cima então. É um livro que recomendo sim. No final, foi uma leitura que gostei de ter feito. Não culpo de forma alguma a autora por causa das coisas ligadas à raça, como o fato de que provavelmente as ancestrais delas não foram queimadas e as minhas sim. Mesmo de uma forma não perfeita, a autora levantou a questão dos incêndios que mataram mulheres, e da importância de termos fogo dentro de nós para sermos mulheres mais fortes. Sei que muitas mulheres, principalmente adolescentes e jovens, saíram dessa leitura com vontade de pesquisar mais sobre a Inquisição e que isso é muito valioso.

Recomendo a leitura desse livro, e se você for uma pessoa não-branca, eu sugiro muito que vá ler já sabendo que, como a autora é branca, tudo no livro parte do ponto de vista branco. Não tem racismo no livro, mas com certeza não contempla a história de mulheres não-brancas. Ela fala em uma ou duas poesias que para as mulheres de cor é tudo muito pior, e acho que ela citar isso já dá uma boa melhorada, no nosso coração de mulher não-branca, durante a leitura.

Amanda Lovelace com certeza foi a porta de entrada para a leitura, para diversas meninas e jovens. Creio que inspirou algumas pessoas a falarem sobre suas lutas, e à escreverem elas de maneira poética e ao mesmo tempo sincera. É uma leitura super válida, mesmo com todas as ressalvas históricas e sociais.





quinta-feira, 18 de junho de 2020

Resenha: A Princesa Salva a si Mesma Neste Livro, de Amanda Lovelace



Créditos de imagem à Amazon.


Título: A Princesa Salva a si Mesma Neste Livro
Autor: Amanda Lovelace
Editora: Editora Leya Brasil
Ano de publicação desta edição: 2017
Número de páginas: 208
Onde encontrarSkoob
Nota: 4,5 / 5



A Princesa Salva a si Mesma Neste Livro é um livro de poesias feministas bem focada na experiência da autora como mulher. Então mesmo se tratando de uma causa social, o livro não é sobre o feminismo, é sobre o papel do feminismo na vida da autora. Também é um livro de desabafo sobre o relacionamento dela com as mulheres da vida dela. Sobre o quanto ela odiou algumas mulheres e precisou passar por situações ruins para finalmente se curar sobre a mulher que ela é.

"ele prometeu me consertar&me deixou mais destroçadado que eu era antes- mas agora tenho ouro nas rachaduras"

Primeiramente ela fala sobre ela mesma. A relação que ela foi criando com quem ela é. E depois ela passa para as mulheres da vida dela, dando destaque à irmã e à mãe. O que acontece é que a irmã de Amanda se suicidou, e um mês depois sua mãe morreu de câncer. É algo pesadíssimo para carregar, para curar, para conseguir conviver. São duas tragédias que aconteceram uma atrás da outra, sem tempo de recuperação, e ela encontrou na escrita uma forma de aliviar a dor.

"filhos não devem morrer antes dos pais.eu não devia ficar mais velha do que minha irmã mais velha.era para sermos quatro irmãs, não três.você não devia ser uma das cinzas na mesinha de cabeceira da sua mãe.afinal de contas você era aquela que sempre brilhava.- destino é a porra de uma mentira"

Claro que em meio à tudo isso existem poesias mais sociais, mas o foco do livro não é esse. Tenho algumas ressalvas sim, como uma poesia em que ela diz "foda-se a cultura do estupro". Sabemos que as palavras têm muito poder de mudar as coisas, mas eu não creio que uma poesia com essa frase vai ser a nossa salvação. No máximo vai nos levar a discutir a cultura do estupro.

Uma coisa que quero ressaltar: a autora afirma que mulher é quem se identifica como mulher. Qual a importância dessa frase? É importante por que inclui as mulheres trans no debate do feminismo. Mulher trans não é menos mulher do que uma mulher cis. Mesmo se a transição de fato ocorrer aos 70 anos, ela não é menos mulher por isso. Vai sofrer opressão e machismo de uma forma totalmente diferente, mas não é menos mulher.

"se uma casa não é automaticamente um lar,então um corpo também não éautomaticamente um lar.- sempre me senti uma estranha na minha própria pele."

É um livro principalmente das dores que a autora passou por ser mulher: o ódio à outras mulheres no início, o incentivo a falar mal das outras, relacionamentos tóxicos, a perda das principais mulheres de sua vida e como ela se encaixa nisso tudo. É um livro de fácil identificação, mesmo se tratando de temas pesados. Talvez você não tenha perdido sua irmã, ou sua mãe, mas já perdeu uma amiga, uma avó, uma tia querida, e de certa forma você vai conseguir se relacionar mesmo sem isso tudo. A dor da perda não escolhe gênero, nós é que deixamos isso transparecer menos ou mais.



Uma coisa que eu quero destacar é a importância de ela dizer que, basicamente, depois que a pessoa menstrua, todos acham que têm direito sobre o corpo daquela pessoa. Você, que menstrua, já reparou nisso? Seu corpo pode continuar sendo o de uma criança, e não importa qual a sua idade, depois que você menstrua, as pessoas acham que podem te dizer o que fazer com seu próprio corpo.

"paus & pedras nunca quebraram meus ossos,mas palavras fizeram eu me deixar morrer de fomeaté você poder ver todos eles.- pele & osso."

Falando sobre algo pessoal, depois da primeira menstruação, aos 9 anos, as pessoas começaram a falar principalmente que eu já podia engravidar. Não no sentido de querer me forçar a desejar uma gravidez, mas que biologicamente era possível. É uma informação preciosa, mas sempre chegou até mim num tom bem errado. As pessoas me diziam isso como se eu, aos 9 anos, já tivesse que tomar um super cuidado com a minha vida sexual, por que agora eu poderia ficar grávida. Bom, aos 9 anos, isso só aconteceria se fosse forçado, e se fosse forçado, eu dificilmente teria poder o suficiente para parar o cara e pedir pra colocar camisinha.

É uma leitura importante e incrível! Creio que adolescentes, de 13-18 anos vão amar ainda mais ler esse livro, principalmente aquelas que estão conhecendo os movimentos sociais liderados por mulheres. É muito importante que a gente leia esse tipo de livro, que fale de um movimento de maneira pessoal, pois assim conseguimos ver melhor o efeito desse movimento social na vida individual de cada pessoa. Recomendo muito a leitura!

terça-feira, 9 de junho de 2020

Diário de Leitura - Sherlock Holmes #20 - The Resident Pacient




O conto de hoje é o The Resident Pacient. Vamos primeiro ao enredo do conto. Holmes e Watson saem, e quando voltam para a casa de Holmes, encontra um moço na porta. Esse moço, um médico, está procurando por Holmes, e precisa de seus serviços para um caso. Pai e filho desapareceram em seu consultório, e esse caso o intriga. 

Resumindo super o enredo (e fiquem tranquilos, não tem spoilers aqui), o pai tem catalepsia, que é uma doença que faz com que o corpo inteiro fique paralisado. A pessoa tem consciência, ou seja, continua acordada (se ela estiver acordada no momento da crise). Quando isso acontece com a pessoa dormindo, é comum que ela possa até mesmo ser dada como morta, já que não se mexe. Essa doença foi responsável por várias pessoas terem sido enterradas vivas. E por causa disso pai e filho vão ao médico.

Só que eles simplesmente somem, no momento em que o médico pede para que eles esperem um pouco. Holmes então assume o caso, e aí o enredo se desenvolve.

Gostei muito do conto. Daria uma nota 4.5  de 5. Não achei perfeito, então não daria nota total. Acho que é uma coisa bem óbvia para as pessoas que já leram os outros posts do diário, mas não me conecto com os personagens do Arthur Conan Doyle. Sherlock parece numa inteligência inalcançável pelo leitor comum (e é essa a ideia, então construção de personagem perfeita), e Watson me parece meio... não bobo, mas parece que ele se diminui para deixar que o Sherlock Holmes brilhe. Então nunca rola essa conexão com eles, e dificilmente acontece com os outros personagens, apesar de ter algumas exceções.

É um conto que recomendo, é super interessante, principalmente por causa da doença que o personagem tem.


domingo, 7 de junho de 2020

Resenha: Amoras de Emicida

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Título: Amoras
Autor: Emicida, ilustrações de Aldo Assayag
Editora: Editora Companhia das Letrinhas
Ano de publicação desta edição: 2018
Número de páginas: 44
Onde encontrar: Skoob
Nota: 4.5 / 5


Amoras é uma poesia sobre negritude. Fala muito sobre cosmovisões, citando Obatalá, o orixá yorubá criador do mundo. Diz que choramos quando nascemos por estarmos separados de Alá, tem ilustração de Ganesha.

O significado de amoras, é que o autor diz que as amoras pretinhas são as melhores. E isso é realmente verdade, as amoras mais escuras geralmente são mais doces. E aí começa a citação de figuras negras, entre elas, Zumbi. O autor diz que, vendo os negros de hoje, vendo a pureza das crianças negras de hoje, Zumbi sentiria orgulho.

E termina dizendo que, é bom ser pretinha, afinal, as pretinhas são as melhores. No final do ebook tem glossário explicando cada uma das divindades e pessoas citadas, o que é muito bom, já que nem todos conhecem mitologia yorubá, por exemplo. Se você se interessou, tem um vídeo animado dessa poesia. Vou deixá-lo no final da resenha.

Prints do livro em versão ebook.

Eu amei essa integração de fés. De a religião afro, a muçulmana e hindu estarem integradas como uma só, uma fazendo parte da explicação da outra. O fato de ser todo ilustrado certamente enriquece muito o livro e as ilustrações são incríveis, como vocês podem ver acima. Eu gostei muito da leitura. Além de levar menos de 10 minutos, é um poema que crianças negras precisam ter acesso. Para entender o quão lindo é elas serem negras, e o quão linda é a nossa cosmovisão.

Lembrando que não devemos categorizar os negros como sendo sempre de religiões afro-brasileiras, ok? Existem negros que seguem o candomblé, que seguem o catolicismo, que seguem o hinduísmo, que seguem o budismo, que seguem o islamismo e por aí vai. E é justamente isso que o autor quer passar: negros são plurais. 

Ainda dentro do candomblé (mas pode ser qualquer religião afro na verdade, umbanda, tambor de mina, bantu ameríndio etc) tem diversas nações. Alguns são de candomblé Angola, outros de Ketu (Yorubá, da Nigéria), outros de candomblé Jejê (de Gana) e por aí vai. Cada país da África tem uma cosmovisão, apesar de as três nações aqui citadas conversam entre si, mudando, no geral, apenas o nomes, já que cada país fala uma língua diferente. 

Recomendo muito que leiam essa poesia incrível que é Amoras, principalmente se você for negro. Se você tem um filho negro, compre o livro e mostre pra ele, ou ela. Vai ser uma experiência incrível. A criança se enxergar como personagem de algum livro é muito importante, pois afirma desde criança que ela pode estar em vários lugares. 










sexta-feira, 5 de junho de 2020

Projeto Machado de Assis: Décimo Trimestre

Bom, é com muita vergonha que venho aqui, com um post 2 meses atrasados, e infelizmente sem boas notícias. Apesar de estar lendo muito nesse período de quarentena, não li nada do projeto Machado de Assis. Mas vou mudar isso em junho! Esse "roteiro" de leitura será apenas para o mês de junho, o último que falta para fecharmos o décimo trimestre. Resolvi que vou ir mais devagar com o projeto. Estava colocando muitas páginas, querendo terminar logo, mas tá tudo bem se o projeto durar mais 1 ano. Afinal, eu criei o projeto para ter fim em 2022. 

Confesso desde já que saí um pouco da ordem cronológica, mas vai dar tudo certo! Em junho me comprometo a ler pelo menos 500 páginas do projeto Machado de Assis. Criei um cronograma, e se tudo der certo, quando fizer o post do décimo primeiro trimestre do projeto, terei lido tudo que está aqui na lista.

O Primo Basílio; Romance - 326 páginas [JUNHO]
Eça de Queirós: O Primo Basílio; Crítica literária - 9 páginas [JUNHO]
A Nova geração;  Crítica literária - 22 páginas [JUNHO]
Tu, só tu, Puro Amor; Teatro - 20 páginas JÁ LIDO
Memórias Póstumas de Brás Cubas; Romance - 140 páginas [JUNHO]


São 517 páginas ao todo, ou seja, dentro do meu compromisso público aqui com vocês, dá pra ler! Vou ir colocando menos páginas ao longo dos trimestres, deixando apenas 3 leituras para cada mês. Assim iremos terminar o projeto talvez no final do ano que vem, mas tá tudo certo! O importante é aproveitar as leituras de verdade! Vai rolar Maratona Literária de Inverno, do Greek Freak, e vou encaixar as leituras do projeto Machado de Assis nessa maratona!

Espero que vocês estejam bem. Se precisarem de ajuda, sou terapeuta holística, e você pode me procurar no instagram @isabellaclouddie e me mandar mensagem por lá!