domingo, 3 de março de 2019

Resenha: Colombo de Manuel de Araújo Porto-Alegre

Machado de Assis, que escreveu uma crítica sobre este livro aqui resenhado.

























Título: Colombo
Autor: Manuel de Araújo Porto-Alegre
Ano de publicação no Brasil: 1866
Número de páginas: 451
Onde encontrar: ??
Nota: 3 / 5



Colombo é um poema épico, o que significa que o livro inteiro é composto por apenas um poema bem extenso. À nível de curiosidade o poema conta com mais de 20 mil versos, ou seja, ele é realmente bem grande. O livro se passa primeiramente na Espanha, onde Cristóvão Colombo, o personagem principal está. Após um duelo, ele precisa sair do país, e diz que vai explorar novas terras, onde o homem ainda não colonizou. 

"Nas mãos do fanatismo há de estragar-se.
Conheço o gênio iberio: como a Europa,
Se alimenta de insanos preconceitos
Que eu farei reviver, para abate-lo"

Ele fica sabendo de uma ilha, onde há o registro de apenas outra pessoa ter pisado, e dizem que essa pessoa foi amaldiçoada e, ou nunca conseguiu sair da ilha, ou morreu. Isso faz com que Colombo fique curioso, e vá até essa determinada ilha descobrir o que há ali, e tentar colonizá-la

Porém quando se aproxima da ilha, coisas estranhas começam a acontecer e ele acaba se vendo sozinho ali, sem seu navio e sem sua tripulação. Colombo possui muita fé em Cristo, e crê que tudo vai acabar bem. Então um anjo se aproxima, e com toda a sua graça e beleza, faz com que Colombo se interesse, mas logo percebe que quem está ali não é exatamente um anjo. E este "anjo" o levará até um lugar novo, para seduzir Colombo a fazer o que ele pede.

"[...] deixa os sonhos
Delírios da esperança, e vem comigo
Na fonte do real beber mais lume"

Esse é o enredo básico da história. Há muitos detalhes no poema. Já entrando na crítica sobre a escrita do autor, gostaria de dizer que é bem arcaica, já que foi escrito há dois séculos. Além disso, a escrita é muito descritiva, e seria algo bom, porém em alguns momentos acaba sendo descrição demais, além da conta, sem motivo aparente. Em vários momentos os personagens que vão aparecendo, descrevem lugares, e é sempre com muita descrição, do nível de falar sobre o vento que sopra em tal lugar. Creio que descrições sempre ajudam as histórias a ganharem vida, deixam tudo mais interessante de ler, mas exagerar pode fazer a leitura ficar cansativa e chata, o que aconteceu com a leitura de Colombo.

Por vezes, coisas que não tem a mínima importância para o desenrolar da história ganham vários versos de descrição, o que nos primeiros momentos eu vi como coisas boas, mas quando vai acontecendo cada vez mais ao longo da história, fica realmente chato.

Outra coisa que me fez não gostar tanto do livro é que existem inúmeras citações à personagens épicos da antiguidade, e da era medieval, o que significa que em alguns momentos há citações à pessoas que foram importantes para o Império Romano, Império Chinês, descoberta de terras há vários séculos atrás, e quando não existem notas de rodapé a leitura disso tudo se torna confusa. Pense que em um canto (capítulo) há cerca de 20 referências, e que em todas elas você terá que parar a leitura e ir ao Google pesquisar quem foi aquela pessoa e por que ela é tão importante ao ponto de ser citada mesmo tendo morrido há décadas ou até mesmo séculos. Isso empobrece a leitura. 

"- Sou Rei, sou a lei viva; ajoelhai-vos;
Eu sou vosso Senhor; sou Deus na terra,
Vossa mente sou eu; eu só vos guio -"

Gostei do livro, do enredo e de como algumas coisas são abordadas mais pro meio do livro. O lugar para onde Colombo é levado é fascinante, e nesse lugar, cada descrição e cada detalhe vale a pena ser lido, pois realmente é algo diferente, que nos chama a atenção. O personagem que leva Colombo à esse lugar foi meu preferido, simplesmente por que a sinceridade dele faz com que ele muitas vezes fale coisas muito ruins, e ele faz com tanta naturalidade que não percebe que está sendo rude.

"O mar e a terra
O seu nome encherão de eterna glória;
O seu nome o futuro e a história abrange;
Rainha de Rainhas, lustre, orgulho
Do sexo encantador"

Recomendo aos que gostam de poemas épicos, e basicamente somente à esse público. Creio que a maioria das pessoas, principalmente se não estiver familiarizada com o tipo de texto, não conseguirá aproveitar a leitura. Claro que se você ficou intrigado com essa resenha, pode sim ler o livro, ou continuar a ler caso já esteja lendo, mas tenha em mente que é um livro que poucas pessoas, hoje em dia, vão conseguir gostar, inclusive, na crítica que Machado de Assis fez ao livro, ele diz que quando este foi publicado, poemas épicos já não eram a moda há tempos. Por ser um livro que praticamente se perdeu na história da literatura, não há nenhuma resenha sobre ele na internet, e encontrar informações sobre ele é quase impossível. De forma que a leitura dele acaba sendo ainda mais difícil, pois não há com quem conversar, basicamente. Indico à leitura aos que quiserem ler, claro, mas principalmente aos que já estão familiarizados com poemas épicos.



2 comentários:

  1. Oi você fez um resumo desse livro?onde posso encontrar ele aqui no Google,pois tenho tenho um trabalho pra fazer sobre o tal,e não consigo achalo

    ResponderExcluir