Do mês / Março 2019

Frase do mês

"Continue sendo forte. Mas não tenha vergonha das suas fraquezas" _ Autor desconhecido; via twitter.

Música do mês

1910. Uma música sobre o Dia Internacional da Mulher, vale muito a pena ouvir. Coloquei apenas o link da música, e clicando em 1910 você pode assistir o vídeo. Por algum motivo não estou conseguindo colocar ele aqui neste post.

Filmes do mês

Este mês teve dois filmes favoritos, apesar de eu ter visto vários filmes ótimos!
O primeiro é Juanita, que conta a história de uma mulher negra, mãe de três filhos, enfermeira, que percebe que a vida dela não está indo da forma como ela planejou. Ela resolve largar tudo e ir para bem longe de tudo que ela conhece. É um filme muito interessante. E em certo momento ela se junta à alguns indígenas, então torna tudo ainda mais interessante. O filme é bem doido, é narrado como se estivéssemos dentro da cabeça dela, então estejam preparados para ver coisas que não necessariamente irão fazer sentido logo de primeira.

Créditos à entreterse

O segundo é Juventudes Roubadas, que é baseado na história real de uma mulher que viveu na época da Primeira Grande Guerra. É um filme muito bom, mostra muito o machismo da época, por que a protagonista quer estudar, mas o pai não deixa por que mulheres estudiosas não eram tão bem vistas na sociedade. Da metade para o final, o filme é bem angustiante. Depois que a guerra começa, a vida da protagonista muda completamente, e vai sempre piorado cada vez mais. É um filme bom, principalmente se você é aquela pessoa que gosta de ver filmes para chorar.

Créditos à simsintonia

Canal do mês

Barbara Sá. Descobri o canal dela e foi uma das melhores coisas do meu mês! Maratonei alguns vídeos e gostei de todos. O jeito que a Bárbara faz os vídeos, o jeito dela falar, e até mesmo a edição do vídeo faz com que quem está assistindo queira assistir vários outros. Ela fala sobre livros e leitura no canal dela! E ela também tem outro canal, em que ela fala sobre coisas diversas da vida, o Blá Blá Barb.

Livro do mês

O livro do mês foi uma surpresa pra mim. Se chama O Culto do Dever, é um livro escrito no século XIX, que mistura romance e drama de uma forma perfeita! Eu me surpreendi, por que até o momento, não havia lido algum livro do projeto Machado de Assis tão bom assim! O livro foi publicado por Joaquim Manuel de Macedo, e faz parte do projeto por que o Machado de Assis publicou uma crítica sobre este livro. Eu recomendo muito que leiam, é como um romance de época.

Inspirações do mês

Tive três grandes inspirações neste mês. A primeira é Jesus, e sei que parece clichê, mas é a realidade. Me inspirei muito no relacionamento da Trindade para conseguir melhorar o meu relacionamento com Jesus, e consequentemente, meu relacionamento com o Pai e com o Espirito. 

A segunda é Amanda Schultz, que fala sobre meditação no youtube. Ela passa uma paz enorme em todos os vídeos, e em todos os posts das outras redes sociais que ela usa, e quero conseguir estar mais em paz comigo mesma, por que eu sei que depender da paz exterior é estar preso em uma ilusão. Inspirada nela eu comecei uma fase de praticar o ho'oponopono todos os dias.

E a terceira é a Ana Gutierres, do ASMR lá nas alturas, que já apareceu aqui no blog, por que eu simplesmente a amo! Ela foi a pessoa que me ajudou a sair de uma crise depressiva que estava durando vários meses, por meio do ASMR e da meditação. Os vídeos dela me ajudaram muito, e me inspiraram a procurar outras técnicas e outras pessoas que também fossem me ajudar a me tornar uma pessoa melhor.

Foto do mês
Não foi a foto mais bonita que já tirei na vida, e provavelmente não foi nem a mais bonita do mês, mas eu gosto das minhas fotos com tranças. Fiz elas enquanto via o filme O Menino que Descobriu o Vento, levei cerca de uma hora e meia para fazer, e fiquei com elas por seis dias. Lembrando que eu fiz as tranças apenas com o meu cabelo real, e deixei as pontinhas sem elásticos, como podem ver.

Resenha: Tempo de Imperfeição de Lilian Vaccaro

Título: Tempo de Imperfeição

Autor: Lilian Vaccaro

Editora: Editora Coerência

Ano de publicação no Brasil: 2018

Número de páginas: 250

Onde encontrar: Amazon / Skoob / Site da editora

Nota: 3,5 / 5

Tempo de Imperfeição é uma autobiografia de Lilian Vaccaro, fundadora da Editora Coerência, porém tendo foco apenas em um aspecto da vida dela: a obesidade. O livro é dividido em duas partes, e na primeira parte, nos primeiros capítulos a autora compartilha com o leitor algumas coisas sobre a vida dela que não necessariamente têm a ver com a obesidade, mas que vão ir fazendo sentido mais tarde, ao decorrer da leitura. O que é um ponto super positivo, mas tudo faz sentido no final, não há capítulos desperdiçados.

Lilian se forma em Magistério, começa a ter aulas em um curso de informática se torna super amiga de Walter, hoje em dia seu marido. Eles começam a construir uma vida juntos, e investem fundo numa proposta de emprego que Walter recebe para vender vestidos de noiva, só que há um problema: ele terá que trabalhar viajando. Isso significa que Lilian passa boa parte de seus primeiros anos de casada sozinha, o que a leva a engordar. Como Lilian também tem sua própria loja de vestidos de festa, e não tem tempo para muita coisa, e o tempo que tem ela passa sozinha, o McDonalds se torna seu melhor amigo, e ela começa a engordar, pois só come hamburgueres o dia inteiro.

Lilian engravida, e sua saúde debilitada por causa da alta ingestão de gordura faz com que, a todo momento a vida da bebe, Giovanna, esteja em risco. Acompanhar toda a jornada de Lilian ganhando peso por causa da gravidez e ganhando peso por estar naquele ciclo vicioso de se achar gorda e acabar comendo cada vez mais é algo, de certa forma, agoniante. Sabemos que quaisquer transtornos alimentares, seja bulimia, anorexia ou alimentação compulsiva, devem ser tratados com um nutricionista e com um psicólogo ou psiquiatra, e Lilian em momento algum procura isso de boa vontade, apenas quando ela se vê encurralada por uma clínica de estérica, que tem o acompanhamento psicológico como uma das partes do tratamento de beleza.

Lilian acaba descobrindo uma outra gravidez no meio do tratamento, tem que pará-lo e começa a saga novamente. No final ela está com 106kgs, se sentindo horrível e comendo cada vez mais. Então, após passar por vários médicos, ela encontra um que aceita operá-la e fazer a bariátrica, que é uma cirurgia de redução do estômago. Falando um pouco de Ciência agora. Nosso estômago é um órgão que pode se expandir, então quando comemos, ele se expande, e à medida que a digestão é feita ele vai esvaziando de novo, por isso nossa barriga parece ser maior quando acabamos de comer. Um estômago de uma pessoa saudável volta ao normal depois da digestão, mas quando você come de uma só vez uma grande quantidade de comida, várias vezes seguidas, o estômago não consegue voltar ao tamanho normal e fica sempre "inchado". A cirurgia é feita para retirar um pouco do estômago para que ele fique num tamanho normal, ou em alguns casos, menor do que o normal, para que a pessoa sinta saciedade com menos comida.

Os capítulos da segunda parte do livro, que são sobre o pré-operatório, sobre a cirurgia em si, e sobre o pós-operatório, para mim foram os melhores, e eles realmente valem a pena. Creio que, se você tiver interesse apenas nessa parte mais clínica, vai conseguir ler apenas ela sem maiores problemas. Apesar de tudo estar bem amarrado no livro, você não precisa saber de toda a vida dela caso queira saber apenas sobre o que envolve a cirurgia diretamente.

Agora falando sobre sentimentos e impressões. Primeiramente quero falar sobre a escrita. Eu esperava a escrita padrão de biografia; ou a escrita de uma autobiografia que geralmente é uma coisa mais descontraída, mas ainda sim tem seriedade; ou até mesmo a escrita de um romance, já que a história é contada como um romance, ou seja, tem personagens, um enredo, a personagem principal tem um desenvolvimento ao longo da história, e a narrativa também é construída por diálogos. Porém o que encontrei foi a escrita que podemos encontrar em qualquer blog de autoajuda da internet. E sim, de blogs. Já li alguns livros de autoajuda, e até agora nenhum deles chegou nessa escrita tão simples, que é uma características dos blogs, já que as coisas na internet não precisam ser sempre tão formais. Isso me incomodou bastante no início, mas ao longo da leitura eu fui entrando mais na narrativa da autora e isso parou de me incomodar. E quero deixar claro que isso não é uma reclamação, e sim uma experiência.

Agora algo que preciso falar, não é bom, e permeia o livro inteiro: gordofobia. Sabemos que muitas mulheres gordas odeiam seus corpos por que a sociedade diz que eles são feios, quase se matam para tentar emagrecer e que, infelizmente, perpetuam a gordofobia pensando que outras mulheres gordas não são felizes por que ela especificamente não era. Isso é um problema social, mas num livro ele toma proporções enormes e prejudiciais mesmo. A todo momento a autora reforça o fato de que ela só seria linda quando estivesse magra, e esse é o maior problema do livro. Acho que ela poderia simplesmente dizer que ela não se SENTIA bonita quando era gorda, mas dizer que ela, definitivamente, não era bonita POR ser gorda, é super preconceituoso. Creio que o público alvo do livro seja justamento mulheres gordas, e ler isso provavelmente não vai ajudar, e só vai reforçar esteriótipos e mais e mais medo nessas mulheres que vão pensar que para serem bonitas elas precisam ser magras.

"Se tudo continuasse daquela forma, em breve meu marido se cansaria de mim e eu o perderia [...]"

Em vários momentos Lilian tem problemas sérios de saúde por causa da porcentagem de gordura no corpo dela, e em vez de ressaltar a importância do acompanhamento com nutricionista para manter uma vida saudável, ela apenas fala sobre a aparência, sempre colocando gordura como algo feio. E isso me levou a não entender tanto o tipo de escrita que ela escolheu para o livro, já que, como é uma escrita de posts de auto-ajuda, o livro deveria ajudar a aumentar a autoestima, e não reforçar que gordo é feio.

"Eu voltaria a ser eu mesma: magra, bonita, saudável e feliz"

Um ponto bom é que Lilian fala bastante, com emoção, sobre o bullying que sofreu durante anos de sua vida, por causa da gordura. Ela perdeu oportunidade de empregos, pessoas na rua a olhavam feio, e isso chegou até mesmo a atingir seus filhos, fazendo com que houvesse uma certa vergonha de andarem juntos. É importante ressaltar o bullying que pessoas gordas sofrem, ou melhor, a gordofobia que eles sofrem. Ninguém merece ser julgado pela aparência, principalmente de forma tão cruel assim. Senti que em algumas partes a autora não se focou nada em explicar as coisas para o leitor, e que isso empobreceu a leitura. Ela fala que fez laqueadura, mas não explica o que é, nem como foi, nem nada, apenas diz que fez. E falar sobre isso seria riquíssimo para o livro.

E outra coisa que me irritou, é a questão de a autora defender que existe "coisa de menino" e "coisa de menina", como podem ver nos dois trechos abaixo.

"Quando meu beber nasce, se não for menina, todas as coisinhas da Gigi serão suas, se realmente seu bebê for menina"

"Um garotão que defenderia a Giovanna, seria o rapazinho da casa, o homem da família"

É extremamente nocivo para qualquer pessoa, principalmente para crianças, ficar reafirmando essas ideias preconceituosas e machistas. Não existe coisa de mulher, nem coisa de homem, existem pessoas que gostam de fazer certas coisas, e outras que não, ponto. Reforçar esteriótipos nunca vai levar a gente à algum tipo de melhora.

Agora sobre algo que me chateou muito, e que me fez ficar nervosa com tudo isso. Sempre que conheço os autores do livro, vou conversando com eles ao longo da leitura e falando como está sendo a minha experiência de leitura. Falei com a Lilian sobre esses erros que encontrei no livro, e que aparecem repetidamente ao longo do livro, e ela ficou nervosa, não quis ouvir e disse que eu deveria me atentar apenas às partes legais do livro e esquecer o resto. Mas não é assim que funciona! Se ela escreveu um livro recheado de problemas com preconceito, ela tem que ao menos reconhecer isso e se desculpar com quem tenha se sentido ofendido. É o mínimo. Enfim, esse episódio me deixou extremamente triste, e sinceramente não levo para o lado pessoal, mas trato como extrema falta de profissionalismo, principalmente por que nós, leitores, temos todo o direito de não achar algo bom, ou de nos sentirmos ofendidos quando algum tipo de preconceito permeia todo o livro. É direito do leitor não gostar, e como profissional que sou, creio que o leitor ir falar diretamente com o autor serve muito de aprendizado. Infelizmente não são todos que pensam assim.

"Por ser obesa eu não merecia ser amanda por meus filhos. Por ser feita não mereceria ser desejada por meu marido. Na rua, ele encontraria mulheres mais atraentes [...]"

Como já disse, gostei muito da parte final do livro, por que amo histórias que se passam em hospitais, principalmente tendo cirurgias e muitos dramas sendo vividos. A história de vida da Lilian realmente deu um livro, e recomendo que leiam caso tenham interesse nesse tipo de história. Não esperem conhecer toda a vida da autora pelo livro, por que não irão, mas é um recorte interessante da vida dela. Apenas alerto vocês aos problemas que mencionei aqui na resenha, por que, como puderam ver pelos trechos aqui citados, eles existem, são sérios, e infelizmente parece que não serão resolvidos tão cedo, ne? Caso você leia, compartilhe aqui comigo o que achou!

Resenha: Renato Russo O Filho da Revolução

Título: Renato Russo: O Filho da Revolução
Autor: Carlos Marcelo
Editora: Editora Agir
Ano de publicação no Brasil: 2013
Número de páginas: 424
Onde encontrar: Americanas / Submarino / Skoob
Nota: 5 / 5

Renato Russo: O Filho da Revolução é um livro de não-ficção, uma biografia contada em forma de romance. O livro narra a história de Renato Manfredini Júnior desde o nascimento, fala sobre sua primeira infância no Rio de Janeiro, a mudança para Brasília pouco tempo depois de inaugurada e todas as promessas que a cidade trazia, a temporada morando nos Estados Unidos e a volta para o Brasil. 

Como a história de Brasília diz muito sobre a história de Renato, o autor faz uma longa descrição da construção da cidade, fala sobre os políticos influentes da época e fala sobre o que eles fizeram enquanto estavam no poder. Na releitura, isso me interessou bastante, devido ao atual período político que estamos vivendo. E claro, como Renato - sempre chamado de Júnior pela família - foi criando sua carreira artística no período em que vivíamos a ditadura militar, o livro fala muito disso. Dos protestos, das pessoas que eram presas, dos filhos de policiais que mesmo fazendo coisas erradas não eram presos, dos policiais que obviamente tinham carta branca para fazer o que quiserem, e de todo o sofrimento que essa época trouxe, sempre colocando Renato e o cenário musical da época em foco.

No livro ficamos sabendo de como Renato passou sua juventude antes de assumir a música como carreira, sobre a faculdade e sobre os trabalhos, como por exemplo lecionar inglês e ser radialista. Ele era um jovem de classe média, assim como a grande maioria dos seus amigos e pessoas de seu ciclo de convívio, que sempre tinha dinheiro para gastar em bebidas e drogas, o que foi se tornando um problema ao longo dos anos, já que Renato muitas vezes perdia o controle e na maioria das vezes ele não era o único prejudicado com a situação.

Algo muito positivo nesse livro é sobre a bissexualidade do Renato. O livro conta de uma maneira tão natural, que mesmo as pessoas mais conservadoras não se chocariam (apesar de eu achar que zero conservadores ouvem Renato). O momento em que ele conta para a mãe dele também é muito natural, e apesar de ela ficar abalada, ela não demonstra nada na frente dele, o que faz tudo ser mais leve.

A Legião Urbana não foi a primeira banda de Renato, e no livro acompanhamos toda a trajetória artística dele, que começa já na escola, fazendo teatro, e se estende, literalmente, até o fim de sua vida. Como Renato estava inserido num cenário musical em que a todo momento surgia uma nova banda de rock no Brasil, principalmente em Brasília, onde ele morava, o livro também acaba falando sobre as outras bandas, sobre cantores de MPB também, já que existia uma guerra entre os dois ritmos. Gostaria de abrir o espaço para dizer que não consigo entender MPB como um ritmo, como a maioria das pessoas faz, por que Música Popular Brasileira, na minha cabeça, é qualquer coisa que faça sucesso e seja feito por brasileiros.

Enfim, o livro é cheio de referências e citações de artistas, principalmente músicos, o que faz com que você saia dessa leitura cheia de coisas para ouvir, filmes para ver e livros para ler. Então se as décadas de 70, 80 e 90 te interessam muito, recomendo que leia esse livro para conseguir pegar várias dicas de cultura a ser consumida, por que existem inúmeras citações no livro.

Algo que eu não havia reparado na primeira leitura, mas que agora me incomodou muito foi a visão fechada do Renato. E sim, ele parece super aberto, a pessoa que aceita todas as pessoas como elas são e que ouve a todos, mas não era bem assim. Por ser homem, branco e de classe média, primeiramente, várias das coisas que ele reclamava, pra mim, que sou mulher negra e pobre, eram coisas tão ridículas que eu não conseguia entender o motivo da reclamação. Ele já dava ataque de estrelinha antes mesmo de ser uma, e isso me irritava. Era como se todos tivessem que seguir o que ele dizia, pois ele era sempre o mais sábio e devia ser seguido sem questionamentos.

Uma situação específica me irritou profundamente, que é quando ele faz comentários idiotas, e claramente racistas, sobre religiões de matriz africana. E ele pode ser um gênio escrevendo músicas e aos olhos do público, mas ele era problemático pra caramba, e isso é algo que as pessoas que conviviam com ele diziam, e se você ler o livro com os olhares de quem quer conhecer, e não com os olhares de fã que acha que o ídolo é perfeito, você vai conseguir reparar isso. E claro, isso não o torna uma pessoa ruim, mas uma pessoa com vários erros, e definitivamente Renato não é uma pessoa que devemos ter como exemplo.

Digo isso por que, apesar de ter sido bem sucedido em todas as suas profissões, e de realmente se dedicar à elas, algo que podemos levar para as nossas vidas, Renato abusava da bebida, de drogas, muitas vezes era mesquinho e tinha muitos ataques de estrelismo. Todos podem se inspirar no artista, mas não na pessoa que foi Renato Russo.

Como artista Renato é um estouro! Uma das prova de sua maestria em escrever músicas incríveis é que até hoje, mais de duas décadas depois de sua morte, Renato ainda é conhecido e lembrado como um dos melhores e mais brilhantes artistas brasileiros. Suas composições são tocantes, sentimentais, e mesmo que não sejam tão "amorzinho" (pelo menos a maioria delas), fala sobre emoções. Acho muito interessante músicas que falam de sentimentos ruins como raiva e ódio de uma forma tão intensa quanto as dele.

E claro, por ter vivido num tempo em que o Brasil estava em colapso total, pessoas morriam por ser o que eram e por terem opiniões diferentes, as músicas dele são extremamente políticas e necessárias, não apenas para que nós nos lembremos do que aconteceu, mas para que nós possamos ficar alertas, fazer paralelos com o que estamos vivendo e nos atentar para as coisas que se repetem e que podem voltar a acontecer. Atualmente estamos vivendo um período obscuro na política brasileira, e apesar de me manter esperançosa, no sentido de acreditar que somos fortes o bastante para nos posicionarmos contra o que não é correto (qualquer tipo de preconceito, machismo, autoritarismo). Sinto um pouco de medo por ver certas coisas acontecendo, mas tenho fé de que no final tudo vai dar certo.

Na minha edição, essa vermelha que vocês viram nas fotos, há um bônus: uma parte dedicada ao filme de Faroeste Caboclo. É algo muito enriquecedor, pois além de falar sobre a construção do filme, fala sobre a construção dessa e de outras músicas de forma bem rápida. Aliás, durante o livro, a construção de várias músicas é destacada, o que enriquece muito a leitura.

Recomendo muitíssimo esse livro. Além de ser uma biografia incrível de um artista consagrado, contada de uma forma que parece romance, e que por isso deixa algumas partes mais leves, é um livro repleto de referências e citações de outros artistas que estavam compondo a cena brasileira nos anos 60, 70, 80 e 90. Recomendo também aos que gostam de livros com fotografias, pode parecer besta, mas sei que o trabalho gráfico do livro ajuda muito na hora de decidir se vamos comprá-lo ou não. Mesmo que você não ame Renato Russo, sugiro que compre para estudar um pouco mais sobre, principalmente, a ditadura militar, um período histórico extremamente importante na história do Brasil. Tem vídeo mostrando o livro lá no canal!

Leitura todo dia #93

Mais uma semana se inicia, e com ela mais uma semana de leitura todo dia! Na semana anterior eu consegui ler todos os dias, o que vem acontecendo constantemente aqui no projeto, então estou muito feliz por isso! O projeto foi criado pela Nine Stecanella, para que a leitura se torne um hábito para os participantes. Apesar do projeto não ter uma meta fixa de páginas, em 2019 eu decidi que irei colocar como meta 35 páginas diárias. Essa semana irá começar no sábado (16/03) e irá até o próximo sábado (23/06), então a meta para essa semana é ler 280 páginas.

Vocês verão abaixo a lista de livros que quero ler, e verão que quero ler mais páginas do que a média proposta, porém não pretendo concluir todos estes livros, e se eu alcançar a meta de páginas, mesmo que não consiga concluir todos os livros, estarei feliz.

Inspirações do Claustro - 198 páginas restantes

O Culto do Dever - 317 páginas restantes

Jonathan - 41 páginas restantes

Educação Popular na Atualidade - 14 páginas restantes
Educação Popular e Ensino Superior em Paulo Freire - 19 páginas

Saberes Populares e Cientificismo na Estratégia Saúde da Família - 10 páginas restantes

Como podem ver, coloquei na meta três artigos para o meu TCC, e eles sempre vão aparecer por aqui, por que colocá-los na meta de leitura vai me lembrar de lê-los. Porém, não vou contar os artigos como um livro lido. Eles vão entrar aqui como leitura concluída, porém não vão estar na página de livros lidos em 2019.

No dia dezesseis eu li 41 páginas (dez poemas) de Inspirações do Claustro do Junqueira Freire. Estou gostando bastante da leitura, apesar de já ter achado algumas coisas que me irritam, como o fanatismo religiosos, que ele usa pra dizer que os jesuítas fizeram bem em catequizar os indígenas, por que apenas o Deus dele é o Deus verdadeiro. Eu nunca vou acreditar que forçar alguém a crer em algo é algo certo, então não gosto disso. Acredito que a melhor forma de evangelizar é sendo uma boa pessoa, a ponto de as pessoas quererem saber sobre o Deus que te faz ser tão bom assim, e por meio de você e da sua vida, conhecerem o seu Deus.

E  li também 19 páginas de Educação Popular e Ensino Superior em Paulo Freire, mais um artigo para o TCC. É muito interessante, não apenas pelo fato de que Paulo Freire é um dos teóricos mais importantes na área da educação, mas também por causa das explicações históricas sobre a educação popular no Brasil. Recomendo aos que tem interesse na área.



No dia dezessete eu li 27 páginas (quatro capítulos) de Plenitude do Ser. É um ebook sobre como ter uma vida mais plena espiritualmente, que vai fazer com que tudo na sua vida seja melhor. Não espiritualidade de uma forma religiosa, mas apenas falando sobre coisas ligadas à meditação, homeopatia, alimentação correta e coisas do tipo.

Eu também li 18 páginas (um poema) de Inspirações do Claustro. O poma ter sido enorme me fez ficar um pouco desanimada, e juntando com o sono que eu já estava sentindo, acabou resultado em pouca leitura. Sinceramente não gostei tanto desde poema por que ele é religioso. E quem acompanha o blog sabe que não gosto de religiosidade. Amo trabalhar minha espiritualidade, inclusive pela perspectiva da minha religião (cristã), mas não gosto de escritos que forcem isso.



Nos dias dezoito e dezenove eu não li nada. No dia vinte eu li 22 páginas (dois capítulos e meio) de Plenitude do Ser. Estou gostando do ebook, porém ele é bem mal escrito. As dicas são válidas, mas a escrita é uma bosta. E também li 4 páginas (um poema) de Inspirações do Claustro. Gostaria de já ter concluído essa leitura, li esse poema quando acordei, mas acabei ficando ocupada o dia inteiro e não rolou.



No dia vinte e um eu li 44 páginas (cinco poemas) de Inspirações do Claustro. Sinceramente não estou mais aproveitando tanto a leitura deste livro. Os poemas passaram a ser apenas sobre religião, e não digo nem que são sobre Deus, mas sobre religião mesmo. Exaltação de jesuítas catequizando indígenas, falando mau dos ateus, dizendo que as mães morrem de desgosto quando os filhos não seguem a religião "certa", umas coisas bem nada a ver. Então não estou mais gostando da leitura, mas como ainda continua sendo um tipo de leitura rápida, e eu preciso ler para o Projeto Machado de Assis, seguirei lendo.

E li 21 páginas (três capítulos e meio) de Plenitude do Ser e concluí a leitura do livro. O livro tem vários erros, como já disse anteriormente. Erros de português mesmo, em níveis que dá sim pra atrapalhar a leitura de leitores ávidos. Entendo que pessoas que não tem o hábito de ler sempre provavelmente não irão se importar com os erros deste ebook, principalmente se já estão acostumados com a linguagem da internet, onde as pessoas costumam escrever errado mesmo, inclusive propositalmente. Mas acho que quando você vai escrever um livro que tem como premissa ajudar as pessoas a melhorarem suas vidas, uma escrita correta é essencial.



No dia vinte e dois eu fiquei um pouco preocupada com o fato de ainda estar longe da minha meta semanal e resolvi entrar numa maratona de leitura, com o objetivo de ler 100 páginas por dia, que vai durar do dia 22/04 até o dia 24/04, que já vai ser o primeiro dia da semana 94 do Leitura todo dia.

Consegui ler 14 páginas de Educação Popular na Atualidade, um artigo maravilhoso sobre como a educação popular serviu como base para que Paulo Freire pudesse criar suas teorias sobre a educação e consegui dicas ótimas de autores para procurar posteriormente.

Li incríveis 41 páginas (onze capítulos) de Jonathan e concluí o livro. É um conto um pouco maior do que a maioria dos contos que vemos por aí, que tem o foco na vingança que a personagem principal, Alícia, quer fazer em memória de seu amado Jonathan. Eu adorei a leitura. É o segundo ebook da Nana Barcellos que leio neste mês, o primeiro eu li na semana da mulher, e tem vlog disso no canal! A escrita da Nana é bem fluida, o conto me prendeu e o li super rápido. Não achei o conto perfeito, o último capítulo não me agradou por parecer uma solução fácil demais às coisas que aconteceram, e encontrei alguns erros de revisão, mas no geral é um ebook ótimo, e recomendo muitíssimo!

E por fim, li 27 páginas (sete capítulos) de Inspirações do Claustro. Sei que não consegui ler as 100 páginas que me propus, mas cheguei bem perto, e consegui dar andamento nessa leitura, que espero concluir ainda nesta semana. Eu fui ao teatro nesse dia, vi a peça A Sós, e recomendo que procurem.



E finalmente, no dia vinte e três, eu li 64 páginas (quinze? capítulos) de Inspirações do Claustro e concluí a leitura desse livro! Estou feliz por tê-lo concluído. Acho que posso dividir o livro em três partes facilmente. A primeira parte contém os poemas de amor, a segunda parte (e a maior de todas) contém os poemas religiosos e a última parte contém poemas fúnebres, dedicados à amigos que morreram. Eu gostei do livro, a nota final dele é três estrelas e meia, e creio que outras pessoas também gostarão, mesmo sendo uma linguagem super antiga e contendo coisas que eu já disse aqui que não gostei tanto. Fica a recomendação. Não li mais nada nesse dia por que fui ao aniversário de uma amiga. Final de semana cheio!



Nesta semana li 342 páginas, o que dá uma média diária de 42,7 páginas! Li mais do que a média, e concluí algumas leituras, então estou super feliz com o rendimento da semana. Na próxima semana eu pretendo ler um pouco mais, pra conseguir dar conta de tudo que coloquei na meta de março, porém seguirei sempre com o pensamento de que não vale a pena eu ler várias coisas se eu não estiver realmente com vontade de lê-las. Vou ter algumas leituras acadêmicas também, então não sei se vou conseguir realmente ler tudo que coloquei na meta, mas já estou muito feliz por tudo que li neste mês! E consegui concluir todas as leituras que comecei ou dei continuidade nesta semana! Espero que a semana de vocês tenha sido incrível!


Plenitude do Ser - 70 páginas lidas Concluído
Jonathan - 41 páginas lidas Concluído
Inspirações do Claustro - 198 páginas lidas Concluído
Educação Popular e Ensino Superior em Paulo Freire - 19 páginas lidas Concluído
Educação Popular na Atualidade - 14 páginas lidas Concluído

Resenha: A Solidão Sente Fome de William Barter

Título: A Solidão Sente Fome

Autor: William Barter

Editora: Publicação Independente

Ano de publicação no Brasil: 2018

Número de páginas: 59

Onde encontrar: Amazon

Nota: 3 / 5

A Solidão Sente Fome é um livro curto de poesia curtas. Como o título do livro diz, boa parte dos poemas têm como tema a solidão, e o amor, então é sim um livro mais melancólico, triste, o que não torna a leitura algo pesado. A melancolia do livro, ao meu ver, não é forte o suficiente para fazer o leitor senti-la, o que pode ser visto como uma qualidade caso você queira apenas uma leitura rápida e não refletir sobre o quão sozinhos estamos no mundo, ou pode ser um defeito caso você seja a pessoa que gosta de sentir todos os sentimentos junto com o autor ou com os personagens.

"É tão bom poder vê-la por dentro. 

Você tem uma estrela na boca e,

no mais íntimo do teu coração, há um céu" Guardião do Teu Amor, fragmento.

Existem sim alguns poemas específicos que me tocaram bastante e que me levaram à uma reflexão, mas boa parte deles são apenas poemas bonitos de ler. Acho que ser bonito de ler já é o bastante. Mas quero dizer com isso que, pelo menos para mim, boa parte dos poemas não foram marcantes. Achei lindo na hora que li, fiz marcações em alguns, e foi isso, uma semana depois já havia me esquecido da maioria deles. O que não significa de forma alguma que o livro seja ruim, mas não foi um livro que me marcou.

"A eternidade é um piscar de olhos

e quem olha para mim, nesse silêncio?" Efeito Borboleta, fragmento.

Eu gostei muito de vários pomas que estão na primeira metade do livro, marquei uns 6 ou 7 poemas de 25, o que é bastante, mas na segunda metade o número acabou caindo. Creio que a explicação mais lógica para isso seja o fato de que os poemas da primeira metade são menores, e a maioria deles têm mais drama, algo que eu amo. Gosto de poemas curtinhos cheio de drama, e esses são os poemas dos quais consigo me lembrar. Já os poemas da segunda metade são maiores e senti que perderam o drama todo do início. Isso seria facilmente resolvido apenas colocando os poemas numa ordem diferente para intercalar os mais sentimentais com os menos sentimentais e deixar o livro mais uniforme.

Gostei muito da escrita do autor, que em alguns termos é bem parecida com a minha, já que ele utiliza, na maioria das vezes, poucas palavras em cada linha, e várias linhas num poema. Há quebras de frase, como podem ver em todas as citações que coloquei aqui na resenha, e é um recurso que eu utilizo bastante nos poemas que escrevo. E até mesmo quando estou escrevendo em prosa eu gosto dessa quebra, e coloco vários pontos finais, algo que vocês podem até mesmo ver nas minhas resenhas, se repararem bastante. O leitor tem muitos momentos para respirar, a narrativa não fica tão corrida e ao meu ver fica até mais leve.

"Sou um pouco

de tudo aquilo que vi e ouvi.

Sou a metade

daquilo que ainda serei.

Uma parte de mim

anda vagando pelo mundo,

querendo ser metade" Uma parte de mim, fragmento.

Recomendo o ebook para os que gostam de poesia e querem ler algo mais rápido, já que o livro é bem curtinho. Claro que o tempo da leitura depende mais de você do que do livro, afinal, algumas pessoas gostam de ler poesia fazendo pausas e anotando coisas, outras gostam de ler tudo de uma vez e fazer as anotações apenas no final da leitura. De qualquer forma, como é um livro curto, creio que todos conseguirão lê-lo até mesmo em apenas um dia. E é um livro fácil de gostar.

Escolher melhorar

Todos temos coisas em nós que podemos melhorar. Seja praticar mais a empatia, ser mais caridoso, ser mais gentil com as pessoas, ser mais gentil com a natureza e por aí vai. Mas só vamos melhorar de fato quando escolhermos melhorar. Quando meditarmos sobre nossas vidas e percebemos que precisamos melhorar em um tal aspecto, e que vamos começar agora.

Algo que eu preciso melhorar muito, e que eu escolhi, é sobre não brigar mais com a minha família por motivos bobos. Afinal, no final da briga teremos que continuar na mesma casa, olhando um pro rosto do outro, e só vai gerar uma energia ruim no ambiente. Então sempre que eu posso evitar uma briga, eu evito. Se eu percebo que no final nada irá mudar, eu simplesmente não gasto minhas energias ali. 

Estou dizendo para as pessoas que estou evitando qualquer tipo de desgaste emocional, e estou mesmo! Se eu vejo algo que tem um grande potencial para me fazer mal, ou já me fez mal anteriormente, eu apenas saio de perto. Até por que não quero ficar cultivando sentimentos ruins em mim, então se algo me machucou, e principalmente se eu ainda não estou curada, eu saio mesmo de perto e evito.

Por que não adianta eu querer melhorar, se eu fico voltando para o foco da minha dor. 

Eu escolhi melhorar aqui no blog e no canal. Estou pesquisando coisas legais para trazer aqui para o blog, gravando muito conteúdo legal para o blog. Lendo bastante para compartilhar minhas experiências de leitura, e fazendo o possível para que a qualidade dos meus posts cresçam sempre. 

Também escolhi melhorar na minha vida espiritual e mental. Eu acredito muito em energia, no sentido de que quando estamos bem, a energia que emana de nós para o ambiente é sutil e boa, então tudo à nossa volta vai sendo tocado por essa energia. Assim como o contrário também acontece. Por causa disso eu comecei a utilizar algumas técnicas de meditação guiada e afirmações positivas, além de cristais, para limpar a energia do ambiente e as minhas próprias energias. Isso têm me ajudado muito com a ansiedade principalmente, e não tive nem sequer uma crise de pânico depois de começar a utilizar essas técnicas.

No lado espiritual eu escolhi marcar um encontro com Deus todos os dias ao meio-dia. Confesso que nem sempre eu apareço. Às vezes eu adio o encontro para a noite, mas estou melhorando sempre, e já me sinto muito mais próxima de Deus do que estava no início do ano passado, por exemplo.

Então você que está lendo esse post agora, escolha melhorar. Veja quais são seus hábitos e vá colocando metas na melhora de todos eles. Você quer beber mais água? Comece tomando um copo a mais de água do que você tomaria até chegar na sua meta. Quer ser mais organizado? Comece marcando um a cada dez dias para organizar as suas coisas, até que você chegue no nível de organização que sempre sonhou.

O importante é começar aos poucos, respeitando o seu próprio ritmo, e não desistir quando não der certo em um dia ou em outro. Continue sempre de onde você parou, sempre com gás total para fazer com que tudo mude para melhorar sempre!

Vício nas redes sociais

É nítido que a minha geração (pessoas nascidas dos anos 90 para frente) é viciada em internet. E claro, todo vício é ruim. E quando digo vício, entenda que estou me referindo à pessoas que sentem um pânico real quando ficam sem internet. 

Tive a ideia desse post vendo vídeos de pessoas "tentando sobreviver" à uma semana sem internet e dizendo que estava sendo extremamente difícil, mas só resolvi mesmo fazer esse post quando, no meio da aula, um amigo ficou super nervoso com o celular por que o pacote de internet que ele havia comprado na noite anterior ainda não estava funcionando. 

E sim, eu me coloco como viciada aqui também. Eu fiquei seis meses sem celular em 2018, não por escolha: o meu estragou e eu não tinha dinheiro pra comprar outro. Mas mesmo assim eu não fiquei sem internet, continuei vivendo no mundo online. Como eu não tinha mais whatsapp, voltei a usar muito o twitter e o instagram pelo computador. E o que aconteceu depois? Comprei o celular, e agora além de ficar checando o whatsapp a todo momento, eu também chego o twitter e o instagram, mesmo que eu saiba que não vai ter nada de novo lá.

Creio que uma pessoa saudável, ou seja, não viciada em internet, ficaria no máximo três horas utilizando-a, e eu chego a ficar dez horas direto, principalmente nas férias. Sim, tem vários motivos para que isso aconteça, mas ainda sim é apenas uma desculpa para a vício. Eu poderia estar utilizando todo esse tempo para a arte, para trabalho voluntário, para estudo ou qualquer outra coisa. 

Sei que muitos utilizam a internet para estudar, eu faço isso sempre, mas raramente eu apenas estudo e desligo o computador ou o celular quando termino. Inclusive eu dificilmente apenas estudo, no geral sempre tem o twitter ou o instagram aberto em alguma aba. Sei que há coisas incríveis na internet. Eu não ligaria, e acharia até bom, passar 10 horas na internet vendo séries ou filmes, mas apenas se eu não tiver outras coisas mais importantes para fazer.

Creio que isso tem muito a ver com carência, pelo menos no meu caso. Minha família não é do tipo que se reúne na sala para ver os jornais, filmes ou novelas. Raramente estamos todos juntos num mesmo cômodo da casa, então a internet acaba se tornando um refúgio pra mim. Um lugar onde terei milhares de pessoas dispostas a me ouvir e a me fazer companhia, mesmo que apenas online.

Sei que no meu caso é apenas carência, pois quando estou conversando com alguém pessoalmente eu nem sequer lembro que a internet existe, e prefiro assim. Eu trocaria a internet por momentos de conversa com meus amigos. Só que sempre que estou sozinha eu sinto a necessidade de ir para as redes, para compartilhar algo, mesmo que totalmente sem sentido, apenas para sentir que faço parte de tudo, que tem alguém me ouvindo ou lendo.

Eu "trabalho" na internet, e entendo que isso muda um pouco as coisas, afinal eu quero sempre estar postando conteúdos legais para vocês aqui no blog e no canal também, mas eu reconheço que na maior parte do meu tempo na internet eu estou apenas existindo no meio desse monte de informação, e não produzindo algo realmente.

Quero deixar bem claro que eu amo, e acho saudável, passar alguns minutos no buzzfeed, no twitter, no instagram ou no 9gag, mas a partir do momento em que não ter essas redes me traz tristeza ou ansiedade, eu preciso entender que perdi o controle, e até mesmo procurar um terapeuta para me ajudar a lidar melhor com isso. E de verdade eu recomendo que quem é viciado em internet, ou em qualquer coisa, procure um terapeuta para te ajudar a sair desse vício. E recomendo que se você quiser sair desse vício sozinho, vá reduzindo seu tempo na internet de 15 em 15 minutos até chegar num tempo satisfatório pra você.

Que nós possamos utilizar a internet com sabedoria, entendendo que nossas relações pessoais fora da internet são muito mais preciosas, mais palpáveis e que inclusive nos dão muito mais segurança e liberam mais endorfima do que passar 10 horas online. Que a era digital não nos tire a humanidade necessária para estar com outros humanos sem surtar por não estar com o celular na mão.

Leitura todo dia #92

Mais uma semana de Leitura todo dia, projeto criado pela Nine Stecanella para incentivar os participantes a lerem mais, e lerem constantemente. O projeto em si não tem uma meta fixa, porém a minha meta para 2019 é ler 35 páginas diárias. Como essa semana irá começar na sexta-feira (08/03) e terminar na sexta-feira seguinte (15/03), a meta semanal é de 280 páginas para ler. Abaixo estão os livros que quero ler.

De Volta à Cabana - 194 páginas restantes

Inspirações do Claustro - 249 páginas restantes

O Culto do Dever - 317 páginas restantes

Educação Popular Como Resistência e Emancipação Humana - 20 páginas restantes

Como puderam ver eu coloquei alguns artigos sobre educação popular, por que é o caminho que o meu TCC vai seguir, e quero colocar eles na meta pra eu ler mesmo e não ficar enrolando em nada. Serão poucas páginas de artigos nessa semana, provavelmente em março eu lerei apenas artigos menorzinhos mesmo, mas ao longo do ano vou ir lendo livros e artigos maiores.

No dia oito eu li apenas 7 páginas (um capítulo) de De Volta à Cabana. Li pouquinho por que eu estava cansada psicologicamente. Li esse capítulo pela manhã, na sala de aula, e só. Já no dia nove eu li 29 páginas (cinco capítulos) de De Volta à Cabana. Li menos do que gostaria, mas fico feliz por que li a quantidade de capítulos que queria ler. Eu estava empolgada com a leitura, porém, como fui intercalando a leitura dos capítulos com vídeos no youtube, acabei lendo menos do que pensei que leria.



No dia dez, para compensar a pouca leitura dos dois dias anteriores, eu li 31 páginas (três capítulos de De Volta à Cabana e estou amando a leitura deste livro. É uma leitura riquíssima e super importante para os que querem entender mais sobre as simbologias por trás de A Cabana, de William P. Young. O autor fala coisas muito lindas a respeito de Deus, e como ele é um teólogo, e realmente tem formação nisso, ele tem mais credibilidade, pelo menos comigo. E ele sempre cita os versos nos quais ele se inspira para falar tal coisa. Está sendo uma leitura incrível, está me levando para mais perto de Deus.

E também li 20 páginas do artigo Educação Popular Como Resistência e Emancipação Humana, o primeiro artigo lido para o meu TCC, e acho que só pelo nome já dá pra perceber a linha que meu TCC vai seguir. Gostei muito do artigo, dá um panorama geral sobre a história da educação popular na américa-latina.



No dia onze eu li apenas 10 páginas de Os Garotos do Apartamento ao Lado, da Yasmin. Gostei bastante do conto, e é mais um título escrito por mulher! E um título erótico. Eu tendo sempre a gostar mais de coisas eróticas escritas por mulheres, por que no geral as mulheres não escrevem coisas machistas e isso me deixa mais tranquila pra ler. Recomendo para todos que gostam desse tipo de leitura, achei muito bom.



No dia doze eu li 31 páginas (cinco capítulos) de De Volta à Cabana. Eu estou amando a leitura. É bem "engraçado" ver as diferenças de pensamentos entre os estadunidenses e os brasileiros. Pelo menos aqui no Brasil, nunca vi alguém dizendo que Deus abandonou Jesus na cruz por que ele estava cheio dos nossos pecados, e pela forma como o autor coloca, é um pensamento comum onde ele vive. Gosto muito disso, por que consigo refletir sobre visões deturpadas que não necessariamente me rodeiam. E li um capítulo que diz que Salvação depende exclusivamente do nosso relacionamento com Deus, e isso me mudou, e mudou minha visão sobre muitas coisas.

No dia treze eu li 28 páginas (três capítulos) de De Volta à Cabana. Continua sendo um experiência incrível. O autor falando sobre o Espírito Santo, o relacionamento da Trindade, o relacionamento que devemos ter com a Trindade, e o fato de Jesus não ser uma religião e sim uma pessoa é algo muito incrível.

Incrível por que a maioria dos livros religiosos fala sobre Deus como algo distante, como um patrão que nós, como servos, precisamos obedecer, e o relacionamento com Deus é muito mais do que isso. Sempre acreditei que Jesus não está ligado à nenhuma religião, e que Ele não é religioso, então sei que eu estou amando tanto assim o livro por que não há uma grande oposição entre o que eu sempre pensei e o que o autor diz, mas mesmo se você for uma pessoa muito religiosa, recomendo que leia este livro e tente repensar sua vida em Cristo.



No dia quatorze eu li 68 páginas (cinco capítulos) de De Volta à Cabana e concluí a leitura do livro! Confesso que pensei que o leria mais rápido, mas o livro é tão gostoso que eu estava meio que economizando as páginas pra conseguir passar mais tempo com ele. É um livro que recomendo à todos, sejam religiosos, cristãos ou não, crentes em Deus ou não. Creio que é um livro necessário para que possamos entender a nossa forma de enxergar Deus, e o quanto essa forma de ver Deus está associada à religião, e não à verdade propriamente dita. Eu simplesmente amei este livro. Vai ter resenha e vai ter vídeo pro canal, mas não posso prometer uma data, então fiquem ligados aqui!

E também li 22 páginas (dois capítulos + um poema) de Inspirações do Claustro de Junqueira Freire. Já quis começar este livro pra não ficar tão afogada assim no dia seguinte, ir adiantando as coisas, e como eu estava na faculdade meio que sem fazer nada, resolvi começar a lê-lo.

E no dia quinze eu li 29 páginas (quatro poemas) de Inspirações do Claustro. Apesar de não ter lido um poema que tenha o nome do livro, o nome já foi citado, e acho legal quando encontro o nome do livro dentro do livro. Espero que tenha dado para entender!

Estou gostando bastante. O autor fala sobre várias coisas, principalmente ligadas à religião, mas também coisas melancólicas, como por exemplo, achar que jovens só são positivos e esperançosos por que ainda não sofreram o suficiente pra deixar a esperança de lado. Está sendo uma leitura fluida, algo que eu não havia encontrado até agora lendo para o Projeto Machado de Assis.

Nesta semana eu consegui ler 275 páginas, o que dá 34,3 páginas por dia. Apesar de ser menos do que a minha meta, eu fico feliz por que o que me deixou fora da meta foram apenas cinco páginas, que dá pra recuperar bem rapidinho na próxima semana de leituras. Espero que na próxima semana hajam mais leituras, de livros diversos, por que ainda preciso ler uns oito títulos em março (piração minha talvez?) e estou meio longe de conseguir isso ainda. Quero deixar avisado que provavelmente eu vou voltar a ler livros concomitantemente, justamente por que quero tentar ler pelo menos um pouco de tudo, mas vou fazer o possível pra que isso não aconteça, ou que aconteça por poucos dias.

De Volta à Cabana - 194 páginas lidas Concluído
Educação Popular Como Resistência e Emancipação Humana Concluído
Inspirações do Claustro - 51 páginas lidas

Resenha: Ao Acaso de Machado de Assis

Título: Ao Acaso

Autor: Machado de Assis

Editora: Domínio Público

Ano de publicação no Brasil: 1864-1865

Número de páginas: 114 páginas

Onde encontrar: Ministério da Educação / Skoob

Nota: 3 / 5



Ao Acaso é uma coletânea de crônicas de Machado de Assis. Já fiz várias resenhas de títulos que são um grande compilado de crônicas do Machado e elas acabam ficando bem repetitivas pelo fato de que os assuntos abordados são sempre os mesmos: política, personalidades/celebridades da época, teatro e literatura. É algo que eu particularmente acho interessante, e creio que quem cursa jornalismo vai simplesmente amar ler isso, por que todas elas foram retiradas de jornais da época. E claro, como era o início do jornal, quando ele ainda era uma novidade, também é um ótimo recorte histórico do que se coloca nos jornais antigos.

Hoje em dia não se vê mais cronistas comentando com tanta audácia sobre políticos e a política no Brasil quanto Machado de Assis faz em Ao Acaso e em todas as outras coletâneas. Machado simplesmente diz, sem rodeios, que não gosta de tal político por que ele não faz nada, ou por que tal político é contra a opinião da maioria da população e por aí vai. O que ele fazia naquela época era mostrar sua revolta diante do descaso, algo que ainda fazemos hoje, mas que ocupa muito mais a internet do que os jornais. Até por que hoje em dia existe a questão de poder perder patrocínios, leitores e tudo mais, o que não era uma preocupação na época em que o jornal estava começando. Então para estudantes da área, é um prato cheio!

"Meu caso, é que eu reduzo a missão do folhetim a isto: atirar semanalmente aos leitores um punhado de rosas... sem quebrar-lhes os espinhos"

Eu estudo biologia, então para a minha área existem poucas coisas realmente empolgantes, apenas alguns casos de morte um pouco mais emocionantes ou doenças. O que não torna a coletânea algo chato, é apenas algo que vai funcionar melhor para algumas pessoas do que para outras, assim como tudo na vida. Dei três estrelas por que achei algumas das crônicas muito legais (principalmente aquelas que continham uma opinião forte sobre política, por que dá pra perceber que nossa política brasileira sempre foi uma bagunça, e também conseguir perceber pontos que nos trouxeram até aqui, e que começaram há séculos), mas não foi uma leitura animadora, com vários pontos altos, justamente por que não são histórias, são apenas comentários sobre a vida real. É como ler matérias do G1, por exemplo, só que nem sempre a matéria vai ser algo que você quer ler, são escolhidas por uma outra pessoa.

Recomendo, novamente, para estudantes de jornalismo, até mesmo para estudantes de letras, por que o recorte histórico que podemos fazer lendo Ao Acaso é bem bacana. Recomendo fortemente para pessoas que cursam História, e ciências sociais no geral, por que com toda certeza vai ser super interessante ver como estava a política no século XIX. Creio que estudantes de direito também podem gostar, principalmente se estão envolvidos de alguma forma com a política, por que dá pra saber o que o povo já não gostava desde muito antes, além de ler sobre pensamentos que permanecem e os que já mudaram.

O nosso sagrado

Esse post é destinado especialmente para os que creem em algo. Não importa se o seu Sagrado é Jesus, Alá, Ogum, Aparecida, as bruxas ou qualquer outro Ser, mas sim a sua relação com Ele. Infelizmente nós temos um defeito grave, que é apenas procurar nosso Sagrado nos momentos difíceis, ou procurá-lo mais nesses momentos. Não há nada de errado em orar, rezar ou fazer uma oferenda quando estiver num momento ruim, mas é importante fazermos isso também nos momentos alegres. A dor nos leva para o Sagrado, mas sempre acho que não deve ser a única coisa.

Quanto tempo você separou até agora, neste ano, para oferecer ao seu Sagrado? Durante esse tempo você ficou realmente imersa em tudo que o Sagrado é, ou ficou se distraindo com outras coisas? Por que o que importa não é apenas a quantidade, mas a qualidade do que oferecemos. E não apenas para o nosso Sagrado, mas para os outros também.

Já ouviu a frase "O Sagrado que habita em mim saúda o Sagrado que habita em você"? É uma frase muito verdadeira. Nosso Sagrado, seja lá qual for, sempre estará em sintonia conosco e com os outros, mesmo que o Sagrado que habita o outro seja diferente. Por exemplo, se você rezar por alguém do candomblé, sua reza vai ter efeito, por que o seu Sagrado estará em sintonia de propósitos com a outra pessoa, e com o Sagrado dela. Isso por que nosso Sagrado, seja lá qual for, sempre vai querer o melhor para nós, se isso não acontece, não é um Sagrado verdadeiro, é apenas falsidade.

O Sagrado é amor, e se ele não ama seus adoradores não merece o amor que seus adoradores têm por Ele. 

Acredito muito que todos os deuses bons são verdadeiros, aqueles que realmente vão nos trazer paz. Deuses ou guias que claramente te fazem fazer algo de ruim para os outros não são verdadeiros, e não devemos dar atenção à eles. Nosso Sagrado precisa respeitar todos, inclusive o Sagrado dos outros. Pensar assim me trás paz, pois não vejo o meu Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) atacando os outros, seja quem for, se a pessoa faz o bem. 

Você está sendo tão bom quanto o seu Sagrado? Você está sendo calmo e manso? Está sendo bom para os outros? Está tratando a todos como você gostaria de ser tratado? O seu Sagrado, seja lá qual for, sempre vai te ensinar e exigir que você faça o bem, então faça o que Ele pede, por que no final, será apenas você e o seu Sagrado. Suas dores mais íntimas apenas Ele conhece, é Ele quem vai te curar de verdade, mas para isso precisamos ser como Ele, precisamos ser bons assim como o nosso Sagrado é.

Resenha: Sonata em Punk Rock de Babi Dewet

Título: Sonata em Punk Rock

Autor: Babi Dewet

Editora: Editora Planeta

Ano de publicação no Brasil:

Número de páginas: 300

Onde encontrar: Americanas / Submarino / Amazon / Skoob

Nota: 5 / 5 

Sonata em Punk Rock narra a história de Valentina Gontcharov, fica de um grande violinista, um dos melhores do Brasil, mas que nunca foi um bom pai. Abandonou ela e a mãe quando Valentina ainda era criança, nunca apareceu, e para se redimir oferece pagar os estudos da filha na melhor escola de música do país.

"As pessoas pareciam talentosas demais, concentradas demais. Eram músicos, dançarinos, artistas completos. Ela não pôde evitar de reparar que o movimento de cada um ali entoava um ritmo. Como se o conservatório fosse uma grande orquestra e cada aluno, um instrumento"

Ela sabe que nunca teria condições de pagar os estudos ali, então acaba aceitando, para se tornar a melhor guitarrista que ela pode ser. O lugar é enorme, fica literalmente no centro de uma cidade que criaram para ser a "cidade da música", parece um palácio. Tim, como Valentina prefere ser chamada, se impressiona com tudo que vê. Como toda garota punk rock, que só usa coturnos e roupas rasgadas e escuras, Tim atrai olhares, e por isso prefere ficar mais em seu quarto do que pela universidade nos primeiros dias. O quarto é enorme, e possui até mesmo uma sala com televisão.

Mas como nem tudo são flores, os estudos são muito pesados. Tim se matricula nas disciplinas obrigatórias, e escolhe algumas outras. Dentre elas está a disciplina Piano, em que a professora quer que os alunos aprendam partitura e toquem Sonata ao Luar como verdadeiros profissionais. Só que Tim nunca havia tocado piano antes.

Há na universidade um pianista excelente, Kim, sul coreano, filho da diretora. Sempre consegue tudo que quer (ou quase), anda somente com pessoas ricas que estão ali apenas por nome e não por talento, e tem todas as meninas aos seus pés. Ele e Tim não se dão bem de início, mas o fato de ela saber de um segredo dele faz com que ela consiga aulas de piano com ele, ameaçando contar o segredo à todos caso ele negasse.

Tim tem ótimos amigos. Sarah é a minha preferida, e a que ganhará destaque aqui. Ela é negra, e é uma personagem extremamente importante dentro do contexto em que estamos vivendo. Ter uma personagem negra num momento em que o debate sobre racismo é algo cotidiano e acontece em vários lugares é ótimo, principalmente por que no livro Sarah conta alguns episódios racistas que acontecem com ela, trazendo uma ótima mensagem de repúdio ao racismo.

E outra coisa maravilhosa, que também tem tudo a ver com o contexto atual, é o feminismo. Tim é claramente e abertamente feminista, então em alguns momentos do livro em que acontecem coisas machistas ela sempre abre a boca, fala que está errado, para que nenhuma mulher seja diminuída simplesmente por ser mulher. Uma das minhas passagens preferidas do livro é quando Valentina salienta o que é feminismo e sororidade.

"A sororidade ensina que não podemos odiar alguém apenas por ser mulher, mas quando a pessoa é mau-caráter faz sentido que não se queira ficar perto"

Eu simplesmente amei Sonata em Punk Rock! É um livro favorito desse ano. Vários aspectos no livro me fizeram gostar da leitura. Um deles é a leitura fácil, com palavras simples, já que é um livro jovem-adulto. A história é narrada em terceira pessoa, o que poderia trazer um afastamento do leitor com o personagem, fazendo com que fosse difícil ter alguma identificação, porém não é isso que acontece. Eu me identifiquei muito com vários pensamentos e ações, tanto de Valentina quanto dos outros personagens, então neste caso, a narrativa em terceira pessoa foi algo que ajudou a ter essa identificação com várias personagens diferentes.

Claro que ter militância feminista e negra no livro também me fez gostar mais dele. O público-alvo são pessoas de 15 à 25 anos, ou seja, jovens-adultos, e é extremamente importante haver algum tipo de conscientização, pois são pessoas que ainda estão lendo sua personalidade moldada. Acho muito importante esses livros trazerem algum tipo de reflexão, lição e conscientização, seja sobre qual tema for, pois os jovens precisam ter contato com realidades diferentes para se tornarem adultos melhores.

E como a escrita da Babi é leve e super divertida, é muito gostoso de ler. A leitura com certeza vai ser bem fluida para todos. Outro ponto super positivo é que Kim e Valentina acabam descobrindo que possuem muitas coisas em comum, principalmente coisas que tem a ver com a família deles, e mostra a importância da empatia, de não julgar o que as pessoas fazem, por que no lugar delas você faria o mesmo. Empatia é conseguir se colocar no lugar das pessoas.

Senti várias coisas durante a leitura, fui sentindo tudo o que Tim também sentia, o que não acontecia há muito tempo. Sabe aquele sentimento de conseguir se enxergar dentro da história? Passar um tempinho antes de dormir se imaginando naquelas situações? Há meses isso não acontecia comigo, e aconteceu quando li Sonata em Punk Rock, e com certeza é algo muito positivo!

Uma única coisa que me incomodou foi as atitudes de Kim, por que em vários momentos em sabe que está sendo ruim, rude, que está fazendo as pessoas se sentirem mal e mesmo assim continua, e não há arrependimento nenhum, o que me deixou estressada e triste ao mesmo tempo. Como é uma série de livros e só li o primeiro, talvez nos livros seguintes Kim mude. As atitudes dele são bem escrotas. Mas não se engane! Kim evolui bastante já no primeiro livro, e muda alguns pensamentos, mas parece que ele tem medo de que as pessoas descubram que ele mudou e acaba agindo sempre da mesma maneira perto dos outros, mesmo que quando está sozinho, ou apenas com Valentina, ele seja menos ácido.

Por todos esses motivos, o livro me conquistou muito. Em vários momentos eu li o livro sorrindo. Sabe aquele sorriso bobo de quem tá apaixonado? Li com esse sorriso! Por que eu realmente me apaixonei pela história. Recomendo muito à todas as mulheres que tenham entre 15 e 25 anos, pois com certeza o livro tem muito a dizer sobre feminismo de uma forma bem natural, e que pode fazer com que haja um despertar da busca pelo conhecimento mais teórico mesmo do feminismo. Também recomendo à todos que amam música. Ao longo do livro temos várias indicações de músicas punk, clássicas, indie e rock. Sem contar que cada capítulo tem o nome de uma música que tem uma letra que faça sentido para aquele capítulo.

"Ela obviamente queria que ele ficasse por ali a noite toda, que morasse ali, que se fundisse com o piano ou qualquer coisa esquisita que pessoas apaixonadas pensavam. Mas não diria nada disso em voz alta"

Há um erro de continuação da história, bem no final, quando a autora diz que tal coisa vai acontecer às 14h e assim que termina já é por do sol, sendo que ela diz ter durado apenas 30 minutos. É algo ruim, mas não atrapalha a experiência de leitura.

Recomendo muito à todos os instrumentistas. Eu não gosto de dizer que sou saxofonista, por que toquei por pouco tempo e tive que parar, mas sei tocar saxofone e já estudei teoria musical, então pra mim foi simplesmente uma delícia ler esse livro! E claro, recomendo aos que gostam de ler séries, e principalmente séries com uma história que poderia ser clichê, mas com elementos tão diferentes que a tornam única.

Leitura todo dia #91

Essa semana de Leitura todo dia vai ser um pouco diferente. O projeto foi criado pela Nine Stecanella, para que os participantes incluam a leitura como um hábito, e consequentemente, leiam mais. Não há uma meta pré-definida no projeto, porém eu coloquei como meta para 2019 ler 35 páginas por dia. Essa semana vai começar na sexta-feira (01/03) e terminar na quinta-feira (07/03), o que vai dar sete dias exatos de leitura, porém como eu divido o mês em quatro semanas, algumas semanas acabam ficando com oito dias de leitura. Enfim, a meta é ler pelo menos 245 páginas. Abaixo estão listados os livros que pretendo ler.


Tempo de Imperfeição - 230 páginas restantes
Doutor Safado - 11 páginas restantes
Amor de Carnaval - 78 páginas restantes
Anabel - 28 páginas restantes
De Volta à Cabana - 240 páginas restantes


Nesta semana, até o dia seis, irei ler apenas livros escritos por mulheres! Estarei gravando vlog de leitura, e vou postar no dia oito de março, dia da mulher, como um vídeo de incentivo à ler mais mulheres!

No dia primeiro eu li 15 páginas (um capítulo) de Tempo de Imperfeição. Encontrei alguns erros de digitação, o que não me irrita ou atrapalha a leitura, por que forma poucos. Mas encontrei alguns conceitos estranhos, como dizer que "tal coisa é de menina", algo que sabemos ser bem ultrapassado. A leitura está sendo ok, não estou empolgada, mas quero terminar de ler.



No dia dois eu li 35 páginas (quatro capítulos) de Tempo de Imperfeição. Como li um pouquinho mais nesse dia, eu acabei encontrando um pouco mais de coisas que eu não gostei durante a leitura. O que me incomodou especialmente foi dizer que ela parecia estar fazendo várias coisas ao mesmo tempo, assim como o deus Shiva, que tem vários braços. Por que isso me incomodou? Simples: cada braço do Shiva tem um significado sagrado, e a forma como ela colocou obviamente não é sagrada. Não é profana, mas pode ofender alguém por ter sido usado num contexto que não valoriza o significado sagrado de tudo que o Shiva representa. Para os que não sabem, Shiva é um deus hindú, que tem a forma humana, porém é comumente representado com quatro braços.



No dia três eu li 23 páginas (dois capítulos) de Tempo de Imperfeição. Estou gostando mais do livro, de duas estrelas ele passou para três, mas essa nota ainda será bem pensada e repensada, por que apesar de estar me envolvendo mais com a história, em vários momentos existem conceitos sendo utilizados de forma errada e até mesmo de forma preconceituosa. Acho que seria muito mais válido a autora deixar claro que tais opiniões eram as opiniões dela há 10 anos atrás desde o início.

Temos que ter em mente que as pessoas fazem leitura fragmentada, ou seja, elas não irão ler o livro inteiro em um dia só, então ir explicando as coisas aos poucos, mas já colocando as suas opiniões atuais e desconstruir ideias e preconceitos é essencial, e não vejo isso neste livro. O que me leva ao medo de chegar ao fim do livro e perceber que a autora ainda continua com a opinião de que apenas sendo magra ela seria feliz.

Li também 11 páginas (o conto inteiro) de Doutor Safado: A Enfermeira Sexy e o Novo Caso. Pelo título já dá pra perceber que é um conto erótico. Eu particularmente gosto bastante de livros e contos eróticos, por que eles aliviam muito a tensão de ficar lendo livros mais pesados. No momento nem estou lendo um livro pesado, mas um conto erótico já estava na meta para esse mês. Gostei bastante por que é em um contexto diferente do comum, um médico e uma enfermeira dentro do hospital. Recomendo aos que gostam desse tipo de leitura.



No dia quatro eu li 45 páginas (quatro capítulos) de Tempo de Imperfeição. Sigo achando erros, e erros que podem ser gatilho ou incomodar as pessoas. Acho que em qualquer história (principalmente nos dias que estamos vivendo, de desconstrução de pensamentos preconceituosos) precisamos ter a ciência de que nossas palavras vão afetar a vida das pessoas. E se tratando de um livro que fala sobre a experiência pessoal de ter sido uma pessoa obesa e ter feito uma cirurgia para sair desta condição, acho que a autora deveria ter uma responsabilidade maior quando aborda certas coisas, pois no livro inteiro ela passa a ideia de que apenas sendo magra se pode ser bonita. E ela não aplica isso à ela, dizendo "eu pensava que só seria bonita quando fosse magra", mas dizendo associando em todos os momentos beleza à magreza, o que é extremamente problemático.



No dia cinco eu li 25 páginas (dois capítulos) de Tempo de Imperfeição. Algo triste que preciso dizer. Como eu conheço Lilian Vaccaro, escritora deste livro, e tenho uma relação relativamente próxima com ela, já que já trabalhei num projeto da editora dela, eu fiz com essa leitura o que sempre faço quando conheço os autores: falo minhas impressões de leituras para eles, para que possa ter um diálogo e eu ver se entendi bem certas coisas, se algo foi um erro de revisão, erro de copidesque, ou se é realmente a opinião do autor. Falei com Lilian sobre todas essas coisas erradas que achei no livro e que citei aqui neste post, e ela ficou nervosa! Então já por isso eu sinceramente não aconselho mais que todos leiam, afinal, além de o livro contém partes nocivas, a autora simplesmente não quer dialogar com quem não concorda com ela. Temos que entender que se você não quer que as pessoas falem do seu livro, não o publique. E ser sincera e falar diretamente com a autora é algo muito mais nobre do que apenas sair falando mal do livro por aí, então eu realmente tentei um diálogo, mas a autora não quis e ficou nervosa por eu descordar. Disse que aquelas são as opiniões dela e pronto, que eu não deveria me atentar à isto e me focar em coisas que sequer aconteceram até os 55% da leitura onde eu estou. Acho isso muito triste.

E li também 78 páginas de Amor de Carnaval, um conto que se passa no carnaval. Eu estava com expectativas boas para esta leitura. Não pensei que fosse amar, mas como era algo que super combinava com a data, eu queria muito ler. Acabou sendo a pior leitura que já fiz nos meus 20 anos de vida nesta Terra. A autora, Shay Nuran, coloca vários esteriótipos racistas sobre os indígenas no livro, como o choque por a mocinha ver que eles não andam pelados, têm carro, tem casas que não sejam de palha, ter uma vida como nós temos. E sim, existem algumas aldeias (não tribo, o termo tribo é racista) que são mais afastadas da civilização ocidental branca, mas indígenas são plurais demais pra ela reforçar esses esteriótipos num livro. Existem muitos indígenas em contextos urbanos, indígenas aldeados que estão nos espaços urbanos, indígenas aldeados que têm costumes urbanos, e indígenas aldeados que mantém os costumes de séculos atrás. Então escrever um livro que reforça um esteriótipo que hoje em dia é algo que não acontece tanto, apenas para tirar sarro da cara dos indígenas, é algo extremamente racista. Simplesmente a pior coisa que já li.



No dia seis eu li 87 páginas (oito capítulos) de Tempo de Imperfeição e concluí a leitura do livro. Gostei dessa parte final do livro, por que foi basicamente só ela no hospital, no pré-cirúrgico, durante a cirurgia e no pós-cirúrgico. Eu particularmente acho muito bom a gente ter livros que contem a realidade de uma cirurgia de bariátrica, por que é algo extremamente arriscado, invasivo, e se a pessoa não seguir direitinho a recomendação dos médicos, ela pode acabar morrendo. Gostei especialmente desta parte por que me interesso bastante pela área da saúde. Inclusive, neste semestre, irei fazer uma disciplina nessa área, e estou com grandes expectativas. Como eu tive vários problemas com o livro durante a leitura, a nota final dele ficou e 3,5. É uma nota boa, mas só ganhou essa nota pelas últimas 100 páginas que foram realmente boas e com menos coisas preconceituosas. Inclusive, para os que se interessam apenas por essa parte da história, pode começar a ler o livro já na PARTE II, por que vai conseguir entender tudo da mesma forma.

E li também 28 páginas de Anabel, um reconto da história da princesa Ariel. Eu adorei esse reconto! É simples, tem várias mensagens lindas e o enredo, apesar de simples, é surpreendente e bem diferente da história original. A história é contada por uma carta, escrita por Mabel, que é mãe de Ariel. A carta fala da tia de Ariel, e sobre a história que a separou da família. É algo muito tocante. Recomendo muito que leiam.



E finalmente, no dia sete, eu li 46 páginas (sete capítulos) de De Volta à Cabana, livro que busca nos explicar melhor o que A Cabana significa, tanto para o autor quanto para a teologia em si. Eu gostei bastante, principalmente por que esse início do livro fala sobre o autor de A Cabana e o autor de De Volta à Cabana, de suas experiências com essa história incrível, que foi como um bálsamo para eles e para várias das pessoas que a leram, inclusive eu.



Na primeira semana de março, graças ao carnaval, consegui ler 393 páginas, o que dá 56,1 páginas por dia! É uma média incrível! Fico muito feliz por que consegui ler tudo que queria, já que nunca tive o propósito de terminar De Volta à Cabana ainda nesta semana. Foi uma semana de leituras incríveis, e espero que a próxima seja boa também.




Tempo de Imperfeição - 230 páginas lidas Concluído
Doutor Safado - 11 páginas lidas Concluído
Amor de Carnaval - 78 páginas lidas Concluído
Anabel - 28 páginas lidas Concluído
De Volta à Cabana - 46 páginas lidas