terça-feira, 26 de junho de 2018

Sobre o filme A Cabana

Créditos à Ícone do Cinema



























Vi A Cabana, dirigido por Stuart Hazeldine em janeiro. Desde então venho pensando em alguns aspectos do filme e decidi que está na hora de fazer um post de recomendação. Esse post vai ser bem parecido com o formato das minhas resenhas, mas não quero enquadrá-lo como resenha por que vou falar bem mais dos meus sentimentos em relação ao filme do que fazer uma super análise crítica. 

Vou ir falando sobre o enredo e sobre o que achei, e principalmente sobre o que senti. O filme é baseado no livro A Cabana, de William Paul Young, que é um super best seller e agradou tantas pessoas que acho difícil encontrar alguém que não goste do livro. No filme, o personagem principal, Mack, num dia de muita neve, recebe um bilhete falando que ele precisa ir à cabana para ter um encontro com o Papai. Vamos por partes.

Há um certo tempo, Mack e sua família foram acampar, como sempre faziam em todas as férias. Em um dado momento seu filho, que está no barco, acaba caindo no lago e quase se afoga. Mack vai correndo socorrer seu filho e acaba não prestando muita atenção em sua filha mais nova, Missy. Quando tudo se acalma, ninguém encontra a menina. Depois de dias de procura, encontram o vestido que ela estava usando numa poça de sangue, dentro de uma cabana. A partir daí a vida de Mack e de toda a sua família muda drasticamente. Todos acabam ficando mais frios, não querem mais sair em família, eles ficam traumatizados. 

"Papai" é como a esposa de Mack se refere à Deus. Então imagine como Mack fica confuso e nervoso quando recebe um bilhete, supostamente vindo de Deus, pedindo que ele retorne ao local que mais lhe causou dor em sua vida. 

O fato é que ele retorna à cabana. Lá ele encontra uma mulher, negra, que diz ser Papai, uma moça oriental que diz ser o Espírito Santo, e também encontra Jesus. Ele passa a viver experiências totalmente sobrenaturais nesse lugar, que vão curando-o de pouco em pouco, para que ele possa voltar a viver uma vida realmente feliz.

Quero falar sobre a importância da representatividade da escolha dos atores. Octavia Spencer é quem faz Papai. Uma mulher negra interpretando Deus. Eu amei a escolha dela, pois nos faz pensar que Deus pode ser quem Ele quiser, homem ou mulher, e que isso não muda Sua verdadeira natureza. Deus vai se revelar à você da forma que Ele achar melhor, da forma que for funcionar melhor, e principalmente da forma que fizer você se sentir mais confortável. No filme, Deus aparece como mulher por que Mack teve problemas com o pai quando era criança, e amava a mãe, então ter uma figura feminina fez com que ele não tivesse ainda mais raiva de Deus.

Agora sobre Octavia ser uma mulher negra. Devo dizer que fiquei muito feliz com isso. Além de obviamente também entrar na parte de que Deus pode ser quem Ele quiser e que a embalagem não muda nada do conteúdo, nos diz que mulheres são poderosas, que podem ser quem elas quiserem, e principalmente dá às mulheres negras a esperança de que nós podemos ser quem nós quisermos ser. Que podemos chegar nos lugares mais altos.

Sobre Sarayu, o Espírito Santo, ser oriental. A atriz, Sumire Matsubara, é japonesa e possui um tom de pele mais escuro, tom de pele oliva, o que já quebra aquela visão de que todos os orientais são brancos como papel. Nos mostra uma mulher oriental diferente do que a mídia geralmente mostra. Além disso, vemos aqui novamente a representatividade feminina no filme, algo que eu simplesmente amei. E creio que os orientais se sentiram muito felizes em ver uma representante com um papel realmente importante em um filme, um papel de cura, de carinho e amor.

Jesus é sem dúvidas meu personagem preferido. Provavelmente isso se deve ao fato de na minha vida pessoal eu conversar mais com Jesus do que com o Pai ou o Espírito Santo. E sei o motivo disso: Como Jesus veio à terra em carne, é mais fácil eu conseguir me identificar com ele. Enfim, Jesus é interpretado por Aviv Alush, que é israelense, ou seja, uma super representatividade real. Jesus, o da Bíblia, não nasceu em Israel, mas Ele é de uma descendência israelense, e também nasceu no oriente médio, então provavelmente suas características físicas são parecidas com as do ator. 

Além de nos apresentar uma atuação maravilhosa, e de ser muito belo e ter um sorriso maravilhoso, Aviv como Jesus também quebra a visão européia de que Jesus é loiro de olhos azuis. Jesus é palestino, as gerações anteriores vieram de Israel e do Egito, que é um país africano, então é óbvio que Jesus tinha um tom de pele mais escuro, inclusive há teorias de que ele seria negro, mas não vamos entrar nessa discussão aqui. O importante é entender que ele não segue os padrões europeus, afinal ele nasceu no oriente médio, onde as pessoas tem os olhos e cabelos escuros, e o tom de pele também não é claro. 

Resumindo a escolha desses três personagens tão importantes, TODOS fogem dos padrões. Todos são bem diferentes do que somos acostumados a ver em em pinturas e em quaisquer outras formas de arte. Eu não poderia ter imaginado um filme com uma representatividade maior, sem whitewashing e com atores tão bons.

Agora quero falar sobre sentimentos mais ligados ao plano espiritual. Eu já li A Cabana em 2013, e fiquem ligados que vai rolar um super especial sobre esse livro em julho aqui no blog e no canal, e eu já sabia de todo o enredo, já sabia onde eu iria chorar, e mesmo assim me surpreendi muito com o filme. Quero falar sobre a cena que mais ficou gravada na minha memória. Jesus está andando sobre as águas, em um rio que fica atrás da cabana, e chama Mack para andar com Ele. Eles começam a brincar e a apostar uma corrida, tudo isso sobre as águas. 

Há alguns anos eu fui em um culto em que o pastor falou sobre a passagem de Jesus andando sobre as águas, e ele disse a seguinte frase "o problema dos discípulos (o mar) estava debaixo dos pés de Jesus", e isso me marcou muito. E nesse momento eu percebi que caminhando com Jesus, a gente consegue até mesmo se divertir quando passa pelos momentos difíceis. Que a gente pode esquecer dos problemas que estão nos afogando, confiar que vamos passar por isso, e que quando tivermos fé o suficiente para andar por cima desses problemas, vamos andar sorrindo, brincando, e conversando com Jesus durante o trajeto.

Acho que por Mack também ter um relacionamento de parceria com Jesus, fez com que eu me apaixonasse ainda mais pelo Jesus do filme. Ver que Mack sentava e conversava com Jesus como amigo me deixou realizada, feliz, emocionada, por que é o que eu faço. Mack sempre falava com Deus com um certo respeito maior, às vezes até com medo, e obviamente falou com raiva em alguns momentos, mas sempre era uma coisa de ele se sentir sujeito à vontade de Deus, apesar de Deus lhe dar escolhas. Com Jesus era sempre um diálogo mais suave, mesmo quando os temas eram pesados. 

A relação de Sarayu e Mack era de mestre-aluno. Sarayu em um certo momento levou-o até o jardim, e conversou com ele sobre as plantas que estavam ali, ensinando o significado delas e o motivo de elas estarem ali. Ele aprendeu muito com Sarayu, e ela foi, literalmente, mudando o coração dele aos poucos. Vocês vão entender melhor esse "literalmente" quando verem o filme ou lerem o livro.

O fato de Mack se relacionar de formas diferentes com cada um dos outros personagens, e de o relacionamento deles com Mack realmente ser uma interpretação do nosso relacionamento cotidiano com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, me deixou muito emocionada.

Gostaria muito que vocês lessem o post de como Keep Your Eyes On Me salvou minha vida, já que ela é a música do filme. Essa música é incrível, e fala para mantermos os olhos em Deus quando estivermos perdidos na escuridão. A letra é simplesmente incrível, os vocais arrasam e a melodia faz com que a experiência de ouvir essa música, no quarto fechado e com as luzes apagadas, seja uma das melhores experiências espirituais da vida. Nenhuma música precisa citar o nome de Deus para ser um belo banho espiritual, uma recarga, uma mensagem de que Deus está com você. 

Espero que esse post tenha feito com que vocês queiram ver o filme ou ler o livro. A história é incrível, o filme é cheio de representatividade, e é um renovo espiritual muito grande, independentemente da sua religião. Pessoas de várias religiões diferentes gostaram do filme e foram tocados por ele de alguma forma, isso mostra que não importa a sua religião, você vai conseguir fazer conexões entre o filme e o seu sagrado, e com certeza isso vai te encher de esperança. Fica aqui a forte recomendação do filme A Cabana.









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