domingo, 21 de janeiro de 2018
Resenha: O Prisioneiro da Árvore da Marion Zimmer Bradley
Título: O Prisioneiro da Árvore
Título original: The Mists of Avalon
Autor: Marion Zimmber Bradley
Editora: Imago Editora
Publicado em: 1982
Ano de publicação no Brasil: 2008 (nessa editora)
Número de páginas: 240
Preço: R$ 47,00 (cada livro)
Paguei: R$ 24,90 pelo kit com os 4 livros
Nota: 5/5
Essa resenha vai falar do quarto livro da série As Brumas de Avalon, se você está procurando as resenhas dos outros livros, clique nos nomes. A Senhora da Magia / A Grande Rainha / O Gamo-Rei
Morgana está casada com o Rei Uriens e é agora a Rainha do castelo. Uwaine e Avaloch são agora seus enteados, que a tratam como mãe, assim como ela os trata como filhos. Há também Acolon, que também é seu enteado, mas também é seu amante e seu sacerdote, pois assim como ela, ele segue a Deusa.
"Meu amor por você é uma prece. O amor é a única prece que conheço." _ Página 226
Uriens está passando mal, já é velho e tem a saúde debilitada. Seus filhos chegam de uma guerra, Uwaine com o rosto ferido e sente muitas dores. Morgana se oferece para preparar algumas ervas e cuidar do machucado, e dos dentes que provavelmente terão de ser extraídos, junto com outros que já se foram, coisa bem normal para um guerreiro de Arthur.
Avaloch sabe do caso de Morgana e Acolon, e ameaça contar tudo ao pai, mas sabe que se o fizer enquanto o pai ainda estiver doente, poderá matá-lo, e como o herdeiro do trono, ele sabe que não seria bom matar seu pai com uma notícia tão pesada de traição. Morgana vê nisso uma oportunidade e diz à Uriens que eles precisam de carne, e pede que Avaloch vá caçar, sem seus irmãos, apenas com seus guerreiros, e ela sabe que ele não voltará vivo.
No Pentecostes, assim como já é uma tradição, todos viajam à Camelot, à corte de Arthur, para as comemorações. Há um jantar no dia anterior, para os familiares e cavaleiros da Távola Redonda, e um dos filhos de Morgause irá se tornar oficialmente um membro da Távola no dia seguinte. Gwydion, o filho de Morgana e Arthur, está presente, e no dia da celebração e boas vindas ao filho de Morgause, tia de Morgana e sua mãe de criação, ele desafia Lancelote.
Lancelote é o líder dos cavaleiros de Arthur, e seu melhor amigo, mas não é mais jovem e não consegue lutar como lutava antes, por isso, mesmo tendo pouca experiência Gwydion consegue um empate. A luta apenas é parada por que perceberam que se não parassem, poderia haver derramamento de sangue, e o Pentecostes obviamente não combina com isso. É concedido à Gwydion a honra de também fazer parte dos cavaleiros de Arthur, já que ele conseguiu uma luta de igual para igual com Lancelote.
Gwydion tem visões, e sabe que o herdeiro do trono, Galahad, filho de Lancelote, não chegará ao trono, por que vai morrer antes disso, mas deixa bem claro que não será pelas mãos dele. Então Morgana começa o plano de escolher quem será o próximo rei. Arthur não honrou seu compromisso e juramento com Avalon, Excalibur está sendo usada indevidamente, envolvida nos rituais cristãos. Ela quer que Arthur cumpra o juramento, ou devolva a espada, caso contrário, ela fará o possível para destroná-lo.
Que livro intenso! Não existe nem mesmo um capítulo que não seja intenso, cheio de brigas, guerras, discussões, ou até mesmo cheio de carinho e amor de formas totalmente intensas, daquelas que a gente lê e sente o sentimento posto naquelas palavras e ações.
A primeira metade do livro se passa inteira nas cortes, seja onde Morgana é Rainha, ou em Camelot. Eu sempre gosto muito de livros que se passam em castelos, principalmente de livros que tem um pouco de História. Sei que Arthur é considerado uma lenda, mas acho que algumas coisas em sua lenda são simplesmente reais demais para ser apenas uma lenda. Gosto muito do clima dos castelos, principalmente desses que existiram há séculos e séculos, pois os costumes, vestimentas e cenários eram bem diferentes dos atuais, ou dos castelos de dois ou três séculos atrás.
É interessante ver como as rainhas falavam com as servas, e apesar de tudo, é triste ver que as mulheres eram tratadas apenas como chocadeiras. A Rainha de Arthur, Gwenhwyfar, se culpa por não ter tido filhos. Ela sabe que o casamento não foi conquistado por amor, e suspeita de que ele não tenha sido mantido por amor, mas apenas por aparências, e se envergonha por nunca ter dado um filho à Arthur quando suas servas e suas damas ficam grávidas a cada ano sem maiores problemas.
"E depois ambos não passavam de homem e mulher, e parecia-lhe que o tempo parara, e que seu corpo dissolvia-se no dele, como se ela não tivesse nervos, ossos ou vontade, e o beijo dele era como fogo e gelo em seus lábios." _ Página 91
Como sempre, Lancelote continua nutrindo um amor proibido pela Grande Rainha, a apesar de todos na corte suspeitarem, não podem fazer ou falar nada a respeito, pois ninguém têm provas de que a Rainha trai o Rei.
Gostei bastante da primeira parte, que se passa na corte, por que foi uma parte onde de fato houveram mais ações, brigas, onde as sementes de todo o mal e bem que viriam estavam sendo plantadas e cultivadas. Morgana saiu da corte de Arthur brigada com o irmão, saiu de lá sendo considerada uma traidora, e voltou à Avalon jurando que faria ser cumprida as ordens da Deusa, de que apenas um servo de Avalon, que passara pelo casamento com a terra, teria a Santa Regalia, Excalibur, em mãos.
"Acho que talvez os padres não queiram que pensemos sobre outras vidas porque desejam que sejamos muito bons nesta. Muitos apdres pensam que não falta muito tempo para que o mundo acaba e Cristo volte, e assim eles têm medo de que os homens esperem por uma outra vida para serem bons, e não terão tempo para obterem a perfeição antes que Cristo retorne." _ Página 142
A segunda parte se passa em Avalon quando acompanha Morgana, e na corte quando acompanha Morgause ou Gwydion. Morgana se tornou um ser amargurado, que tem boas intenções, mas a vontade de se fazer cumprir o desejo da Deusa fez com que ela se tornasse apenas uma religiosa sem argumentos bons os suficiente para fazer as coisas acontecerem. Morgana criticava tanto os cristãos, principalmente os padres, por ensinarem coisas erradas aos homens, e principalmente às mulheres, tendo em base coisas absurdas, que foram tiradas da Bíblia e modificadas do jeito que os padres queriam que fosse, que não percebeu que estava se tornando apenas uma religiosa, e não a grande sacerdotisa que sonhava ser.
Uma das coisas mais criticadas por Morgana e por outras sacerdotisas de Avalon, é a falta de liberdade, principalmente das mulheres, pois como eu já havia dito, elas são dadas em casamento mesmo quando não há amor envolvido, e muitas vezes são vistas apenas como chocadeiras e são tratadas como lixo por seus maridos, isso tudo por que os padres ensinam que por serem descendentes de Eva, elas não têm direito de reclamar e devem obedecer tudo que seus maridos lhes disserem.
"... eu não presto contas à nenhum homem sobre a Terra do que faço com o que é meu... Não sou romana, para deixar qualquer homem dizer-me o que posso fazer com o que a Deusa me deu." _ Página 211
Muitas pessoas morrem nesse livro, e não é spoiler, já que é uma lenda do século V, mas tudo simplesmente acaba. Tudo. Avalon e Camelot, e acompanhar isso é triste, pesaroso, principalmente para mim que fiquei mais de um ano lendo a série. Passei muito tempo com os personagens, e ver o fim deles me deu um aperto no coração. E novamente, isso não é spoiler. Para ser considerado uma lenda, é preciso que não haja provas concretas de que realmente existiu, apenas coisas passadas de boca em boca, e se não há provas de que existiu, é por que foram destruídas, entendem?
Eu gostei muito desse livro, como já puderam ver pela nota que dei, e com certeza vou reler essa série daqui uns 10 anos. Sei que ela vai ficar comigo por muito tempo, principalmente Morgana, que desde sempre foi minha personagem preferida da série, apesar de eu não concordar em muitas de suas decisões nesse último livro. Também vou sentir muita falta de Avalon, que é com certeza meu cenário preferido da série, e sei que essa falta, essa saudade, vai me levar a reler a série em algum momento.
Vou falar agora da parte física do livro. Minha edição é a mais comum, e mais barata no mercado. Comprei o kit, com os quatro livros, e como puderam ver, foi bem baratinho. As folhas infelizmente são brancas, o que significa que se você ler o livro durante a noite, com as luzes acesas, a luz vai voltar direto para o seu olho e vai fazer com que a sua vista fique cansada em poucos minutos. As letras também são minúsculas, o que não ajuda em nada já que o esforço para ler acaba sendo maior, ou seja, é bem fácil ficar com os olhos ardendo depois de ler apenas um capítulo, dependendo do quanto você já forçou seus olhos durante o dia. Sabemos que isso acontece por que é mais barato para a editora, e por serem livros consagrados, eles sabem que vão vender bem de um jeito ou de outro.
A revisão está ótima, achei sim 2 erros no livro, mas foram erros mínimos que não me incomodaram. Sei que algumas pessoas podem achar isso bem ruim, pois como eu disse, é um livro consagrado, portanto, não deveria haver erros, mas também sabemos que isso acaba acontecendo.
"Aqui, nestas terras imortais, tudo está em repouso, sem dor nem luta; aqui posso esquecer o amor e o sofrimento." _ Págia 114
A capa é a mesma dos outros livros, mas com a lombada do livro em verde, e claro, título do livro é diferente. A capa ser igual é algo que me incomoda muito por que eu acabo esquecendo o nome do livro que estou lendo, por que não há nada no desenho que faça diferenciar qual livro é. Eu demorei três dias para gravar na cabeça o nome do livro, até então eu estava-o chamando de O Gamo-Rei, que é o livro anterior. E ah, se preparem emocionalmente para descobrirem quem é o Prisioneiro da Árvore.
Livro, e série, super recomendados. Se você gosta dos livros que falam sobre a lenda do Rei Arthur, vai amar essa série, cheia de assassinatos, planos, guerras e intrigas, apesar de também ser cheio de religião. Se você gosta de livros que exaltam figuras femininas, também vai gostar bastante da série, pois as mulheres em Avalon são bem livres e gostam dessa liberdade. E claro, também vamos ver a realidade das rainhas cristãs, que são tratadas não como rainhas, mas como chocadeiras que darão ao rei um herdeiro ao trono. Se você gosta de fantasia, no geral, também vai gostar bastante. E se você gosta de feitiçaria ou bruxaria, definitivamente vai amar a série e se identificar com a Rainha Morgana das Fadas, a Feiticeira e Bruxa de Avalon.
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