terça-feira, 29 de outubro de 2019

Diário de Leitura - Sherlock Holmes #18 - The Religate Squires




Voltei a ler Sherlock Holmes! Depois de mais de um ano parado, resolvi pegar esse livro e tentar terminá-lo em 2019. Vamos então ao diário de leitura sobre o décimo oitavo conto do livro "The Adventures And Memoirs of Sherlock Holmes". Falando primeiro sobre o enredo. Sherlock passa mal, fica vários dias de cama, e recebe o convite de Watson para ir descansar na casa de um amigo.

Os dois vão, mas chegando lá, Sherlock e Watson descobrem que há um ladrão à solta, e que rouba coisas muito estranhas, como itens de papelaria e pesos de papel. Quem fala sobre isso é um dos vizinhos da propriedade roubada. Watson sempre lembra à Sherlock que ele precisa descansar e que não deve ficar pensando nisso. Porém, chega um homem dizendo que acabou de ocorrer um assassinato, e que suspeitam que o assassino seja o ladrão. A partir daí, Sherlock Holmes vai começar uma investigação, mesmo doente, e obviamente, vai conseguir encontrar o assassino. 

Confesso que, na metade do conto eu já sabia quem era o assassino. Acho até que é meio óbvio nessa história, mas isso não a torna uma história ruim, apenas não foi uma história emocionante pra mim. Pra mim, foi uma história que mostrou que mesmo ainda doente, Sherlock é um bom detetive. Mas também acho que idiotizou um pouco os outros personagens. Mesmo que eles estivessem preocupados com Sherlock, e que obviamente isso fazia com que eles não prestassem tanta atenção ao raciocínio lógico da cena, acho que pelo menos uma pessoa teria percebido isso.

Apesar disso, é um conto que recomendo. Porém, não recomendo para pessoas que vão começar a ler Sherlock Holmes agora, pois pode ser levemente decepcionante. Dando uma nota para esse conto em específico, eu daria 3 de 5 estrelas. É bem escrito, porém escrito de uma forma que pra mim ficou muito óbvio, e os outros personagens não verem isso, sendo que em outros contos eles conseguem ver outras coisas, só pode ser explicado ou com uma super inteligência minha por ter conseguido adivinhar (e não acredito nisso), ou com uma idiotização dos outros personagens. Enfim, leiam, mas não esperem demais do conto.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Leitura todo dia #119

Esse post do projeto Leitura todo dia vai ser um compilado de duas semanas: a primeira e a segunda semana de outubro. Fiquei um tempo sem postar, por desânimo e esquecimento. Mas aqui está então, as leituras feitas nas duas primeiras semanas. 



No dia primeiro não teve leitura. No dia dois eu li 9 páginas do conto Teach Me, que é um conto erótico, em inglês. Não achei nada de suuuper inovador. É um professor transando com uma aluna. No dia três eu li 37 páginas de Programa Institucional de Extensão - Ações afirmativas e Relação Étnico-raciais. Esse é mais um livro que estou lendo para o TCC, e tenho certeza de que vai me ajudar muito, principalmente por falar da luta dos negros (e citar a luta indígena) dentro das universidades.

Li 18 páginas de Entrevista Com o Vampiro, e estou gostando muito. Estou bem no início da história, mas já sei que vou gostar até o final. E por fim, li 25 páginas de Eu Amo Falar a Verdade, que é um conto infantil ilustrado com coelhinhos. É um amor, e tem uma mensagem linda de falar a verdade acima de tudo.












No dia quatro eu li 41 páginas de 50 Tons de BDSM (parte 1). Eu só vi que tinham três partes quando terminei a primeira. Fala de uma menina que aceita um casamento arranjado, e o noivo quer que ela treine BDSM (masoquismo, submissão etc). Eu gostei, mas não leria as outras partes, não me despertou curiosidade o suficiente pra me fazer comprar as outras partes da história.


No dia cinco eu li 11 páginas (final de um capítulo e início do outro) de Programa Institucional de Extensão - Ações afirmativas e Relação Étnico-raciais. É um livro muito importante, recomendo fortemente que todo negro, ou pessoa que luta pela equidade racial leia, é simplesmente incrível! E da pra pegar muito referencial teórico desse livro.


No dia seis eu li 25 páginas (restante do capítulo e início de outro) Programa Institucional de Extensão - Ações afirmativas e Relação Étnico-raciais. No dia sete eu li 16 páginas (três histórias) de Bedtime Stories For Kids, que é um livro infantil com histórias pra contar antes de dormir. No dia oito eu li as 12 páginas (duas histórias) restantes do livro. Gostei muito, e recomendo que você leia para a sua criança, se você tiver uma! Claro, traduza o livro pra criança, mas leia, são histórias bobinhas, mas justamente por isso são muito legais.


No dia nove eu não li. No dia dez eu li 31 páginas (meio capítulo + um capítulo) de Programa Institucional de Extensão - Ações afirmativas e Relação Étnico-raciais. Estou amando essa leitura. Está sendo enriquecedora de diversas formas. Levanta alguns debates que eu não tinha pensado antes. Não estou falando sobre enredo dele, por que ele é, literalmente, um compilado de artigos científicos sociais.

E li 10 páginas de Entrevista Com o Vampiro, e cheguei em 16% do livro. Confesso que estou surpresa pela relação dos personagens principais, Louis e Lestat, até agora. Pensei que teria mais ódio ou mais amor, não pensei que seria essa coisa mais amena. Mesmo que nenhum dos dois esteja feliz com a situação, ninguém se ama e ninguém se odeia.












No dia onze eu li 13 páginas de Entrevista Com o Vampiro, e cheguei em 20% do livro. Estou citando a porcentagem, por que o livro não é dividido em capítulos e sim em partes. Eu ainda estou na primeira parte do livro. Estou lendo bem devagar por que nos últimos dias não ando sentindo muita vontade de ler, mas o livro é maravilhoso.


No dia doze eu não li nada. No dia treze eu li 27 páginas de Entrevista Com o Vampiro, e cheguei em 28%. Estou começando a não gostar do Lestat. Já vejo o ranço crescendo. Autoritário demais, faz coisas de menos. Egoísta demais também.


No dia quatorze eu li 13 páginas de Entrevista Com o Vampiro, e alcancei 32% do livro. Estou oficialmente com ranço do Lestat. No dia quinze eu li 20 páginas (meio capítulo + meio capítulo) de Programa Institucional de Extensão - Ações afirmativas e Relação Étnico-raciais. Gostei muito do que li, simplesmente incrível! E por fim, li 20 páginas de Entrevista Com o Vampiro, alcançando 38% do livro.  


Nas duas primeiras semanas de outubro eu li 328 páginas, o que dá uma média de 21,8 páginas diárias. É um sonho de média? Não, mas fico feliz por eu ter lido, mesmo sem muita vontade de ler. Minha vida, espiritualmente falando, está passando por uma grande mudança, e aí estou preferindo estudar sobre espiritualidade, que é o que está me fazendo bem de verdade.


Teach Me - 9 páginas lidas Concluído
Bedtime Stories for Kids - 28 páginas lidas  Concluído
Eu Amo Falar a Verdade - 25 páginas lidas Concluído
50 Tons de BDSM - 41 páginas lidas Concluído
Entrevista Com o Vampiro - 101 páginas lidas
Programa Institucional de Extensão - Ações afirmativas e Relação Étnico-raciais - 124 páginas lidas




terça-feira, 22 de outubro de 2019

Projeto Machado de Assis: Oitavo Trimestre

Olá! Olhe se esse post não está saindo com mais de vinte dias de atraso. Me perdoem, mas como eu li pouco desse projeto nos últimos tempos, eu cheguei até a esquecer que ainda estava lendo Machado de Assis. Li pouco nos últimos tempos, mas creio que a rotina de leitura vai ir melhorando aos poucos.

Já sei que terei que bular um pouco meu próprio sistema, e ler Quincas Borba em novembro fora da ordem, por isso coloquei ele em novembro. Como no desafio de 12 livros para ler em 2019, ele é o livro de novembro, preciso lê-lo para completar o desafio.


História de quinze dias; Crônica - 45 páginas [OUTUBRO]
Iaiá Garcia; Romance - 107 páginas [OUTUBRO]
Notas Semanais; Crônica - 29 páginas [OUTUBRO]
História dos trinta dias; Crônica - 7 páginas [OUTUBRO]
O Bote de Rapé;Teatro - 6 páginas [OUTUBRO]
Harmonias Errantes; Poesia - 212 [NOVEMBRO]
Francisco de Castro: Harmonias Errantes; Crítica literária - 2 páginas [NOVEMBRO]
Quincas Borba; Romance - 158 páginas [NOVEMBRO]
O Primo Basílio; Romance - 326 páginas [NOVEMBRO]
Eça de Queirós: O Primo Basílio; Crítica literária - 9 páginas  [DEZEMBRO]
A Nova geração;  Crítica literária - 22 páginas [DEZEMBRO]
Tu, só tu, Puro Amor; Teatro - 20 páginas [DEZEMBRO]
Memórias Póstumas de Brás Cubas; Romance - 140 páginas [DEZEMBRO]
Cherchez la femme; Crônica - 2 páginas [DEZEMBRO]
Papéis Avulsos; Conto - 98 páginas [DEZEMBRO]


Ao todo ficam 187 páginas em outubro / 698 páginas em novembro / 291 páginas em dezembro.
Não ficou super bem balanceado, mas acho que é uma meta possível de bater até o final do ano. Não coloquei muita coisa em dezembro, pois provavelmente estarei lendo muitos livros de auto-ajuda. Quero ler livros do tipo há meses, e leio bem poucos, normalmente ebooks pequenos, por que acabo precisando me focar em outros projetos literários. Em novembro, muito provavelmente usarei pelo menos 2 finais de semana para fazer maratona 24h de leitura, então creio que, nessas maratonas, eu consigo ler pelo menos metade do que preciso ler do projeto nesse mês.


Espero que os projetos de leitura de todos estejam com um bom andamento, e que todos estejam bem animados para ler mais e mais!

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Resenha: O Conto da Aia de Margaret Atwood

























Título: O Conto da Aia
Autor: Margaret Atwood
Editora: Editora Rocco
Ano de publicação dessa edição no Brasil: 2017
Número de páginas: 368
Onde encontrar
Nota: 5 / 5

O Conto da Aia é uma distopia, ou seja, um livro que se passa em um futuro caótico. A sociedade é pautada em regras bíblicas (e muitas vezes coisas inventadas) de modo a sempre oprimir a maior parte da população, e dar muito poder a uma pequena parcela. As aias são mulheres usadas apenas para reprodução. Por algum motivo uma parte da população feminina foi dada como infértil, então as mulheres férteis foram obrigadas a ceder seus úteros. A aia é mandada para uma casa, onde a Esposa e o Comandante são donos de seus corpos, e onde precisam obedecer a qualquer ordem dada.

"Tudo o que é silenciado clamará para ser ouvido ainda que silenciosamente". Página 183.

A história é narrada por Offred, uma aia de trinta e poucos anos, que sabe que está nos últimos anos de sua fase fértil, e que por isso, precisa engravidar logo. A narrativa vai indo do passado ao presente, sem avisos, então é importante se manter focado no livro. Quando fala do passado, Offred fala muito da liberdade que tinha, fala de sua infância, de seu relacionamento com as outras mulheres.

Narra também o momento em que tudo começou a mudar, e como ela foi parar na casa do Comandante. Porém toda essa narrativa não segue uma linha cronológica, o que eu achei ótimo, por que o assunto sempre vai mudando, porém creio que pessoas em momentos de crise de ansiedade devem evitar essa leitura.

"Sanidade é um bem valioso; eu a guardo escondida como as pessoas antigamente escondiam dinheiro. Economizo sanidade, de maneira a vir a ter o suficiente, quando chegar a hora". Página 133.

Nesse novo rearranjo da sociedade, as mulheres são totalmente submissas, não podem sair na rua sozinhas, precisam vestir roupas que tampem todo o corpo, exceto as Esposas, todas são quase que empregadas domésticas. Existem vários rituais que precisam ser cumpridos, seja para a fecundação, nascimento ou morte.

"Não é de fugas que eles têm medo. Não iríamos muito longe. São daquelas outras fugas, aquelas que você pode abrir em si mesma, se tiver um instrumento cortante". Página 16.

Quando esse novo regime autoritário foi instalado, escolas de treinamento foram criadas. Offred é escalada para ser aia, e nessa escola aprende - e desaprende - tudo que precisa para ser uma pessoa que não irá discordar do regime e nem causar problemas. Mesmo que em muitos momentos não haja agressão física, o livro é brutalmente violento, principalmente em termos de manipulação psicológica.

"Bem aventurados os que se calam. Eu sabia que este último eles tinham inventado, sabia que estava errado, e que tinham excluído partes também, mas não havia nenhuma maneira de verificar". Página 109.




























Eu amei esse livro! Me fez sentir muitas coisas ao longo da leitura, e o sentimento de dor, agonia e tristeza foram presentes ao longo de quase toda a leitura. Como mulher, muitas vezes eu conseguia perfeitamente me ver no lugar de Offred.

Tem uma questão que deve ser discutida: mulheres negras passaram por coisas muito semelhantes, na vida real, e ninguém se comove com isso. Fora o fato de que não existem personagens negras (ou de qualquer outra cor que não branca) nessa distopia, o que dá a ideia de que todos os povos racializados foram dizimados, e só restaram pessoas brancas. Sei que isso faz um pouco de sentido partindo do ponto que o livro fala de uma ditadura com base na Bíblia, e a maioria dos cristãos (nas últimas décadas) são brancos, mas ainda sim existem cristãos de todas as cores e povos. O livro faz menção aos judeus, mas devemos lembrar que judeu não é raça, é religião. Está ligada à raça por que a maioria dos judeus são árabes (ou marrons), mas ainda assim, dizer que haviam judeus não é algo que significa que havia pessoas não-brancas. Sei que na série tem mulheres negras, e achei isso ótimo.

"O tempo não parou. Ele correu sobre mim como água, me arrastou e me apagou como água, como se eu nada mais fosse que uma mulher de areia, deixada por uma criança descuidada perto demais da água do mar". Página 271.

No início a narrativa não linear me incomodou, mas foi mais algo meu do que um defeito do livro. Eu já conhecia a sinopse da história, e sabia que o clima do livro era caótico, então tudo que eu queria quando comecei a ler era entender o que aconteceu pra chegar naquele ponto. Mas quando eu me propus a aproveitar o livro como ele é, esquecendo que eu já sabia de algumas coisas, a leitura foi incrível.

Algo que eu amei é que no tempo de antes, quando a vida corria como o normal, a conversa das mulheres, principalmente das que estavam de alguma forma ligadas ao movimento feminista, era muito boa. Liberal e sem grandes julgamentos, e dá um contraste enorme à forma como elas passaram a ser tradadas depois.

"... não quero um homem em minha vida, que utilidade eles têm, exceto pelos dez segundos que se leva para fazer metade de um bebê? Um homem é apenas a estratégia de uma mulher para fazer outras mulheres". Página 148.

A hierarquia instalada nessa na organização da sociedade é um retrocesso tão grande, e o momento político atual, principalmente no Brasil, é tão preocupante, que em vários momentos eu pensei "isso pode acontecer", e não é exagero. A forma como tudo começou no livro foi aos poucos, ninguém percebia o que estava acontecendo, e aí, se deram conta de que teriam que tentar fugir do país para salvarem suas vidas, muitos morreram buscando pela liberdade, e muitos ficaram e tiveram que servir às ordens do novo governo.

Fui me envolvendo mais e mais com a história a cada capítulo. Não foi uma leitura rápida, eu não conseguia ler muito desse livro no mesmo dia, principalmente no início, por que além do fato de que eu não estava acostumada à narrativa, o enredo é muito pesado. Não é uma distopia adolescente, contém muita violência, principalmente psicológica, e cenas de "sexo". Digo entre aspas por que o ato de copular, no livro, na maioria das vezes não é uma escolha da mulher, e sim uma "obrigação".

"Poderias até oferecer-lhes um Céu. Precisamos de Ti para isso. O Inferno podemos fazer nós mesmos". Página 233.

Recomendo muitíssimo para os que gostaram dessa resenha, e para todos que algum dia se sentira curiosos sobre esse enredo. Esse é um dos livros que eu senti necessidade de ler em formato físico, por que quero que ele esteja comigo pra sempre, e não confio tanto assim em dispositivos eletrônicos. Espero que vocês tenham gostado da resenha. Pra quem curte distopia, mas não gosta de coisa adolescente, esse livro é para você!








domingo, 13 de outubro de 2019

Resenha: 14 Dias de Terror de Eduardo da Costa Mendes




























Título: 14 Dias de Terror
Autor: Eduardo da Costa Mendes
Editora: Publicação Independente / Amazon
Ano de publicação no Brasil: 2018
Número de páginas: 88
Onde encontrar: Amazon / Skoob
Nota: 4,5 / 5


14 Dias de Terror é um livro de contos, e tem 14 contos, porém, segundo o autor, o nome do livro se dá por que o livro foi escrito em 14 dias. O conto que abre o livro é Escolha Mortal. Inicialmente eu achei que seria um conto misógino, mas leiam até o final que tudo se explica. Uma mulher vai à uma clínica de aborto, e durante o processo ela se vê em seu pior pesadelo. 

Depois vem A Senhora do Ouro. Lady Tipinton, da Inglaterra, vem ao Brasil procurar por ouro. Chega, compra alguns escravos e exige o máximo deles. Os escravos morrem no mesmo dia, mas ela acaba tendo muito ouro, compra mais, e isso vai se repetindo. Seu filho fica doente, e ela acaba levando o menino num curandeiro famoso. Mas a maldade do coração dela não vai deixar que seu filho de fato fique bem, e ela tem uma surpresa enorme quando vai buscar o menino. 

"Vitória Tipinton não se incomodava com as baixas de seus escravos. Ela importava-se apenas com o ouro e com tudo que conseguiria levar para sua casa."

No Frio da Noite é sobre algum bicho que está fora da casa do protagonista, um bicho que mata gente, e sobre como ele faz para sobreviver aos ataques do bicho. Depois vem Lembranças, que tem como protagonista um soldado vivendo uma época pós-apocalíptica. Ele encontra um bilhete escrito por alguém que estava combatendo ali antes e esse bilhete trás à tona algumas lembranças.

"Eu já não me importo com a situação do mundo, tudo já está perdido mesmo. Eu só queria estar com você até encontrar algum lugar aonde eles não chegassem."

Voltando Para Casa é o conto que eu menos entendi. Um homem está na missa, e vai falando sobre a vida dele na missa. É isso. Em A Última Representante, duas mulheres correm de algumas pessoas. Entram num moinho e lá encontram várias outras mulheres. Ali elas buscam falar palavras de fortalecimento e lembrar que no final, o sacrifício vai valer a pena.

Histórias da Vovó é um conto que narra uma avó contando uma história para a neta. Na história, uma empregada negra é contratada na cidade, e depois levada à uma fazenda para trabalhar. Porém nessa fazenda, a patroa começa a fazer alguns rituais sinistros. Vovó vai contando sobre os rituais feitos. A Última Entrevista fala sobre Jonathan, o homem mais velho do mundo, que diz que ele é velho assim por que foi abduzido e os aliens fizeram testes com ele. Ele vai descrevendo os testes, e ao final, a plateia do programa acaba sendo obrigada a acreditar.

"— Assim como nós, minha avó era uma pessoa negra. Ela era uma mulher forte e cheia de vida e mostrou isso até os seus últimos dias."


























Mercado Negro é um conto muito macabro. Um homem recebe uma ligação dizendo que precisam do serviço dele. Pagam muito pelo serviço. Ele vai fazer. Precisa sequestrar um ônibus e consegue fazer isso facilmente. Porém aos poucos as coisas vão dando errado na vida dele, e na TV ele vê a notícia que fala sobre o caso do sequestro e descobre por que sequestraram o ônibus. O Rei é um conto que não achei bom nem ruim. Um rei tirano, manda matar os pobres, os analfabetos e qualquer pessoa que pense diferente. Passa a eternidade pagando pelas maldades que fez.

No conto A Floresta Vermelha, os soldados avisam o rei que não querem passar por uma certa floresta, pois dizem que ela é amaldiçoada. O rei não acredita, mas aí descobre que realmente era verdade. O Laboratório da Dr. Avenwat também tem ficção-científica. Eles fazem testes em clones, mas algo parece ter dado errado, algum clone deve ter surtado e começou a matar todo mundo. Quando uma outra parte do laboratório verifica as imagens das câmeras, percebe o que realmente aconteceu. 

"Agatha acreditava, que poderia provar a existência de outra subdivisão do homo sapiens. Com base nas pesquisas, que ela fizera com seu grupo, Agatha Monroe acreditava ser possível provar a existência de uma nova espécie humanóide no planeta. Ela mostrou gráficos, fotos de vestígios ósseos, imagens da presença desses seres em hieróglifos egípcios, em pinturas rupestres e em estátuas maias e astecas. Ela contou também, que esses seres eram citados em histórias aborígines, em canções indígenas e em lendas vikings."

A Pirâmide de Cristal conta a história de uma pesquisadora, que tem como foco de sua pesquisa provar que existe uma subsespécie de Homo sapiens, além do Homo sapiens sapiens (nós). Recebe patrocínio, vai para a Índia com sua equipe de pesquisa, mas o que ela descobre é algo envolvendo maldições e mortes. Por fim, temos Cia. Feliz do Sr. Walter. Um casal quer comemorar a promoção do homem, mas precisa contratar algum serviço de babá. Resolvem deixar o filho num circo que oferece esse serviço, mas quando voltam para buscar a criança...

Eu gostei muito do livro. Muitos dos contos me surpreenderam, pois narram coisas que eu nunca havia imaginado, de maneiras muito doidas. Gostei muito do fato de os temas serem bem variados, e mesmo os que se repetem, são contados com contextos diferentes. Muitos desses contos dariam bons livros, eu amaria ler um livro inteiro sobre as histórias do vovó. É simplesmente o conto mais sinistro desse livro! Recomendo muito que os amantes de terror leiam! Não recomendo a leitura se você fica impressionado com facilidade e fica com medo, mas caso seja uma pessoa forte, vai ser uma ótima leitura. Claro que nem todos os contos assustam ou trazem horror, mas os que fazem isso, fazem muito bem.


quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Leitura todo dia #118


Mais um post de Leitura todo dia! Esse projeto lindo criado pela Nine Stecanella, e que incentiva o hábito da leitura. Minha meta no projeto é ler 35 páginas por dia, como essa semana começa no dia 23 de setembro e termina no dia 30 de setembro, a meta é ler 280 páginas. Não tenho nenhuma meta específica de livros pra ler, apenas quero ler. Percebi que minhas metas de livros não têm dado muito certo, então vou deixar essa questão em aberto.



No dia vinte e três não teve leitura. No dia vinte e quatro eu li 80 páginas (cinco capítulos) de Os Estabelecidos e os Outsiders, avancei muito na leitura. Li enquanto estava no estágio, e foi simplesmente maravilhoso, pois consegui estar onde eu precisava estar, e ler o livro que eu precisava ler. E li também 29 páginas (seis contos) de 14 Dias de Terror. Eu estou gostando MUITO desse livro, recomendo a todos, de verdade.












Nos dias vinte e cinco e vinte e seis não teve leitura, de novo. No dia vinte e sete eu li 51 páginas (quinze capítulos) de Cartas Terapêuticas e concluí a leitura do livro! É um ebook. Sabe quando você entra no site de alguém, e vem uma caixa de perguntas, perguntando se você quer receber o ebook por email? Então, consegui ele assim. Vou deixar o site da autora linkado aqui, caso você também queira lê-lo. Eu achei muito bom. É sobre a escrita de uma carta por mês, para que ao final do ano o seu auto-conhecimento esteja bem mais afiado. Como eu li o livro em setembro, eu acabei indo adiantando algumas cartas. Mas o que vou fazer de verdade, é anotar as perguntas guias e trazer isso pra minha vida todos os dias, em nome de Jesus!

Eu li 56 páginas (cinco capítulos) de Os Estabelecidos e os Outsider e concluí a leitura do livro! Também concluí a leitura no estágio. Os professores resolveram fazer conselho de classe, e enquanto isso, eu fiquei lendo. Foi um dia ótimo no estágio, creio que fiquei mais perto deles, dos professores.

E por fim, li 37 páginas (seis capítulos) de 14 Dias de Terror, e concluí a leitura do livro, o que dá três leituras concluídas num mesmo dia! Eu realmente amei o livro. Confesso que tiveram alguns contos que eu achei regulares, mas pelo menos a metade eu achei simplesmente genial. Vou fazer uma resenha completíssima pra esse livro, e sai ainda nessa semana, como a primeira resenha do Outubro Assustador. Vou fazer um post explicando como vai ser o projeto nesse ano, e espero que todo mundo goste, leia os posts e assistam os vídeos que forem postados no canal!


No dia vinte e oito não teve leitura, de novo. No dia vinte e nove eu li 27 páginas de Entrevista com o Vampiro. Comecei o livro agora, mas já tenho boas impressões. É realmente uma entrevista, de como o personagem principal foi vampirizado. Até agora, li apenas sobre a vampirização dele, mas creio que ele vá falar das experiências dele como vampiro e tal. No dia trinta não teve leitura.



Eu li 280 páginas nessa semana, o que dá 35 páginas por dia, ou seja, eu li exatamente a minha meta. Claro que fiquei alguns dias sem ler, e em outros li bastante, mas o que importa é que continuei lendo, consegui ler bastante coisa boa, e tô feliz por isso! E consegui conclui várias leituras, então foi ótimo. Esse post saiu atrasado por que, por motivos de força maior, tive que emprestar meu bullet journal pra uma pessoa, e só consegui pegá-lo de volta há poucos dias. Como tudo que acontece eu anoto nele, minhas anotações de leituras estavam lá, e eu não sabia de cabeça.



Os Estabelecidos e os Outsiders - 136 páginas lidas Concluído
14 Dias de Terror - 66 páginas lidas Concluído
Cartas Terapêuticas - 51 páginas lidas Concluído
Entrevista com o Vampiro - 27 páginas lidas








Resenha: Quando os Adams Saíram de Férias de Mendal W. Johnson




























Título: Quando os Adams Saíram de Férias
Autor: Mendal W. Johnson
Editora: Editora Círculo do Livro
Ano de publicação no Brasil: 1984
Número de páginas: 277 páginas
Onde encontrar: Amazon / Americanas / Submarino / Skoob
Nota: 5 / 5


Quando os Adams Saíram de Férias é um livro que pode ser catalogado como suspense, drama, sequestro, cárcere privado e horror, tudo isso junto. Tenha isso em mente antes de começar a leitura deste livro, e esteja preparado para ver cenas que misturem isso tudo.

Barbara é uma jovem adulta, está de férias da faculdade e precisa de um emprego durante o verão, para conseguir um dinheirinho. Ela acaba sendo contratada como babá da família Adams (que não, não tem nada a ver com aquela clássica família Adams), que tem um casal de filhos, por apenas uma semana. No primeiro dia tudo vai bem. Eles vão à igreja no domingo, todos se divertem bastante na piscina depois, e inclusive outros três amigos, já adolescentes, aparecem também.

O que acontece é que na segunda-feira as crianças simplesmente querem ter a liberdade de fazer tudo o que quiserem, e obviamente, como uma adulta responsável, Barbara não permite. As cinco "crianças" já haviam planejado o que fazer com Barbara, não apenas por querer liberdade, mas por querer ter poder sobre os adultos, afinal, os adultos sempre tiveram poder sobre eles. 

Eles amarram Barbara à cama de seu quarto, de como que tudo no corpo dela dói, e ela não consegue se mexer nem um centímetro. E então as crianças, com a maior naturalidade do mundo, vão brincar, fingem que não fizeram nada. Agora eles têm a casa inteira só para eles, e vão fazer tudo que querem. Ao longo dos dias eles vão montando estratégias para dar comida à Bárbara, levá-la ao banheiro, deixarem que ela respire direito e fale um pouco sem que ninguém veja ou perceba algo de estranho.

A responsabilidade e a solidão eram insuportáveis. Ela levantou a cabeça e encostou as palmas das mãos sobre os degraus, inquieta. Como escapar da liberdade?

O nível de tortura que eles praticam com Barbara é algo inumano, e pensar que são crianças de 8 à 17 anos fazendo isso torna tudo ainda mais macabro. Aviso desde já que pessoas sensíveis devem passar longe desse livro. Eu sou acostumada a ver vídeos, séries e ler livros sobre pessoas sendo torturadas e/ou mortas, e mesmo assim eu realmente passei mal lendo este livro. Então só o leia se você tiver muito preparo mental para lidar com torturas.




























A primeira coisa que pensei quando terminei de ler esse livro foi "que livro horrível", e não no sentido de ser um livro ruim, mas de tudo que está escrito ali conter horror. Ler este livro é como estar preso num pesadelo onde você consegue ver tudo, mas não consegue se mexer e nem falar nada, apenas assiste tudo, sabendo que não vai poder mudar nada.

"O corpo é uma máquina muito estranha, haviam-lhe dito seus treinadores; e era verdade. Nos treinos e na natação ela sentira dores por espaços de tempo, dez segundos, trinta segundos, possivelmente um minuto, e depois fora capaz de se recuperar e voltar a se esforçar. Só que agora não havia nenhum repouso, e o período de tempo ultrapassava a sua imaginação, que somente chegava além do próximo milionésimo de segundo"

Esse livro me provocou várias reações. Em alguns dias eu não consegui dormir direito, no final do livro meu estômago ficou meio ruim por causa do nível da tortura descrita ali, em vários momentos eu fiquei com dor de cabeça, fiquei muito angustiada em vários momentos e com muito medo. Aos que têm fobia de alguma coisa, sabe aquela sensação da fobia? De quando você algo que não pode mudar e se sente horrível de uma forma inexplicável? Senti isso em alguns momentos da leitura.

E justamente por eu ter sentido várias coisas é que deu nota total ao livro. Imagine o quão bem escrito o livro precisa ser para fazer alguém sentir tudo isso? E vendo comentários e resenhas sobre o livro no skoob é possível provar que muitas pessoas sentiram o mesmo.

Algo que me chocou muito foi a realidade de toda a história. As crianças mais novas em certos momentos querem parar o que eles chamam de "brincadeira", mas os mais velhos os impedem de parar. O que só reforça a ideia de que quanto mais velho você for, mais poder terá, algo que eles queriam derrubar no início, é aquela famosa história de o poder subir à cabeça. As crianças continuam com desejos de crianças normais. Tirando a parte incrivelmente doente da tortura, todos eles se comportam e pensam como pessoas comuns.

Fora que apesar de ser algo difícil de acontecer assim tudo de uma vez, várias coisas que acontecem com Barbara são coisas que acontecem todos os dias por aí. Claro que a maioria delas não é feita por crianças, várias torturas sofridas por Barbara acontecem todos os dias com mulheres em todo o mundo. E o fato de ter acontecido tudo meio que ao mesmo tempo torna a leitura pesada como se você uma amiga contando pra você o que ela passou.

Outra coisa que torna a leitura mais pesada a cada página lida, é que Barbara é uma pessoa facilmente amável, ou seja, em poucos capítulos estamos gostando dela. E ler tudo aquilo acontecendo com ela é horrível. Uma coisa é ler sobre uma pessoa sendo torturada se essa pessoa não é a personagem principal do livro, e apenas apareceu ali para que houvesse um crime pelo qual alguém pudesse ser culpado. Mas ler sobre uma personagem adorável e boa sendo torturada, por crianças, sem nenhum motivo justificável, é doloroso.

Assim que terminei a leitura, e fui escrever os comentários no skoob, eu disse que não o leria de novo na vida, ou que só o leria quando a história fosse apagada da minha mente pelo Tempo. Sigo pensando isso. É um livro que ler apenas uma vez é mais do que o suficiente, marca a gente de uma forma que mesmo que você esqueça alguns pontos da história, vai lembrar de algumas coisas mais marcantes. Some a isso tudo o fato de ter sido inspirado na história real de Sylvia Likens. Recomendo assistir o vídeo que deixei linkado sobre a Sylvia, porém apenas se você não se incomoda com spoilers.

"Será que era tudo que uma pessoa necessitava para se tornar um torturador, um carrasco, um violador, um assassino, apenas a possibilidade e depois o poder e depois a maneira de escapar impune?"

Falando de outro ponto interessante, que algumas pessoas não gostam, mas que eu gostei por que eram pontos de alívio, foram os momentos em que Barbara imaginava sua amiga por perto, lhe dando conselhos sobre como sair daquela situação, ou quando se imaginava livre. Pois o fato de ela ter essa imaginação fértil acabou diminuindo alguns sofrimentos.

Recomendo muitíssimo à todos que amam livros perturbadores, que tiram o sono, que fazem você ter nojo e te provocam sensações físicas. Recomendo à todos que querem ler uma boa história extremamente pesada. E claro, se você é mulher, com certeza vai se sentir muito mais angustiada com tudo o que acontece, o que não significa que homens não conseguirão sentir uma angustia parecida. Recomendo aos que se acham fortes o suficiente para conseguir levar a leitura até o final. Ela pode parecer um pouco arrastada em alguns momentos, mas vale muito a pena.



domingo, 6 de outubro de 2019

Resenha: Frankenstein de Mary Shelley





Título: Frankenstein
Autor: Mary Shelley
Editora: L&PM Pocket
Ano de publicação no Brasil:
Número de páginas: 256
Onde encontrar: Submarino / Americanas / Amazon / Saraiva
Nota: 4 / 5



Frankenstein é um livro clássico de terror/horror, escrito por uma mulher, então apenas por isso ele já merece um pouco da sua atenção. Mas mais do que isso, ele traz uma história muito interessante. Eu já conhecia os pontos-chave da história, mas não sabia que o desenrolar da história seria o que eu encontrei no livro. 

Devo alertá-los de que Frankenstein não é o nome do monstro, e sim do homem que faz o monstro. A história de Victor Frankenstein é narrada por Walton, um jovem que crê que seu futuro é fazer descobertas e fortunas em alto mar. Perseguindo esse sonho, ele compra um navio, recruta marinheiros e vai. A viagem segue sem muitos problemas, mas também sem novidades. E num momento, quando ele se vê pronto para desistir e voltar, ele vê um homem com vários metros de altura de trenó sobre o gelo. Logo após vem outro homem, mas o gelo se quebra, ele acaba afundando, e é resgatado por Walton.

Eles começam a conversar sobre como Frankenstein chegou até ali, e o que estava perseguindo, e Walton, todas as noites, escreve isso em um diário que pretende mostrar à irmã. Victor Frankenstein gosta muito de ciências da natureza, principalmente no que envolve medicina, e apesar de ter começado seus estudos autodidatas de forma errada, procurando em fontes ultrapassadas e esotéricas demais, ele decide que irá estudar para se tornar um médico. Porém seus conhecimentos em medicina o deixam ambicioso, e ele coloca como meta criar um ser.

"A brandura de minha natureza tinha desaparecido e, dentro de mim agitava-se o fel da amargura" _ Página 150

Ele passa meses coletando partes de corpos de pessoas no cemitério, e finalmente consegue tudo que precisa. A ideia é criar alguém que seja muito maior do que todos os homens existentes, e muito mais forte. Por ser feito literalmente de gente morta, a pele já não está com uma cor normal, e se torna amarelada, meio esverdeada, então sim, o monstro é meio verde. Apesar de o filme clássico mostrar que no momento em que o monstro recebeu vida o doutor Frankenstein ficou feliz e começou a comemorar por sua obra estar viva, no livro não é o que acontece. Ele fica alguns segundos admirando sua obra, e em pouco tempo cai sobre ele um terror enorme, e um arrependimento sem tamanho por ter criado um monstro.

"... e um cemitério nada mais era para mim do que o receptáculo de corpos privados de vida que, depois de terem sido sede da beleza e da força, se haviam transformado em alimento dos vermes" _ Página 57

O monstro foge, Frankenstein pensa estar seguro, e continua sua vida. Começa a se arrepender dos estudos que o levaram a cometer algo tão terrível: brincar de ser Deus, e cai em depressão. Com isso, ele interrompe os estudos, o que significa que ele nunca chega a ser um doutor de verdade. Porém, algum tempo depois, o monstro que ele criou começa a matar pessoas, e desde o início ele sabe que é o monstro, e a partir daí seu propósito de vida é matar o monstro que criou.


























Como puderam ver pela nota, eu gostei muito do livro. Não consigo dar nota total à ele por alguns motivos. Primeiramente, a parte que mais me interessava, que era a descrição sobre as partes do corpo do monstro, saber como ele conseguiu essas partes, narrar ele coletando-as, simplesmente não existe. Ele informa que entrou em alguns lugares para pegar as partes e logo depois já fala sobre a noite em que o monstro foi de fato criado. Isso acontece bem no início do livro, uma coisa que quando eu li me incomodou, por que eu pensei que teria um pouco mais de suspense até chegar de fato no momento de dar vida ao monstro.

O foco acaba ficando no que o monstro faz, e claro, como todo livro escrito no século XIX, a linguagem é rebuscada, e para dizer uma coisa que poderia ser dita em um parágrafo eles usam uma página. Já estou acostumada com isso, mas acho que a autora deu foco demais em algumas coisas que poderiam ser mais enxutas, e as partes de terror mesmo, do gore, não aconteceram. Eu não catalogaria esse livro como terror, e sim como suspense, mistério e ficção-científica, por ter a criação de um ser à partir de partes de seres humanos mortos. Não é um livro que dá medo, definitivamente, e apesar de ter um clima de suspense no livro inteiro, não há picos desse suspense, não há nada que faça dar medo. Não há sequer uma boa descrição do monstro.

"Se, porém, não é essa a vossa intenção, ide, ide e deixai-me na escuridão" _ Página 159

Reconheço o brilho e a importância da obra, tanto por ser um livro com um suspense que está no livro inteiro, - e aqui preciso dizer que a autora foi incrível, pois conseguiu segurar o suspense durante todo o livro - quanto por ser escrito por uma mulher numa época em que mulheres que escreviam eram muito descriminadas e até mesmo não conseguiam publicar seus livros apenas por serem mulheres. Claro que o fato de ela ser uma pessoa influente, e ter se casado com um homem ainda mais influente muito provavelmente a ajudou, mas quem escreveu o livro foi ela, portanto o mérito é dela.

Na edição que eu li há um texto, bem no início, onde a autora fala sobre como surgiu a ideia do livro e como ela de fato começou a escrever, e não é nada como dizem por aí, principalmente na internet. Dizem que ela escreveu esse livro numa noite, após um desafio, e que outros autores também estavam com ela e escreveram seus livros, mas que o mais famoso foi o Frankenstein. Na realidade, houve uma noite em que estavam conversando sobre isso, e num sonho ela sonhou com a história, começou a escrever, mas parou pouco tempo depois. E alguns dias depois, incentivada pelo marido, ela voltou a escrever, ou seja, Frankenstein não foi escrito em uma noite.

Eu gostei do fato de não ser o próprio Victor Frankenstein contando a história, e sim um capitão de um navio, pois não temos a certeza de que tudo aquilo de fato aconteceu. Primeiramente por que não sabemos se, após o evento traumático de quase ter se afogado e estar num frio congelante, o que Victor Frankenstein diz é realmente verdade. Segundo por que não sabemos se o que o Walton transcreve são pura e simplesmente as palavras de Victor, ou seja, podem ter tido alterações na história, criadas por Walton, para fazer com que a carta e o diário que ele iria mandar para a família sejam mais interessantes, e poderia ser uma distração diante do fracasso que estava sendo sua viagem. 

"Nada é tão doloroso à mente humana quanto uma súbita e grande mudança" _ Página 212

Uma outra coisa que infelizmente aconteceu comigo durante a leitura, ou melhor, não aconteceu, foi a identificação com os personagens, não apenas no sentido de que não havia ninguém que me representasse ali, mas eu não torci por ninguém. As pessoas foram morrendo e eu lia como se fosse algo como alguém dizer que pisou num verme ontem à tarde.

Apesar das minhas críticas feitas, eu gostei bastante do livro, foi uma leitura incrível e, por a descrição de cenários ser muito boa, eu consegui me ver nos lugares em que os personagens estavam, apesar de não conseguir sentir o que eles sentiam, por que a descrição de sentimentos não é tão boa quanto a descrição de cenários. O que me fez dar essa nota alta ao livro, depois de todas essas críticas, foi com certeza a parte em que a história, pelos olhos do monstro (e claro, contadas por Victor e transcritas por Walton) é narrada, pois ver tudo como o monstro via é algo muito diferente e incrível!

Recomendo muito a leitura do livro, principalmente pela parte em que vemos a história pelos olhos do monstro, por que é maravilhosa! Claro que além disso, é um livro escrito por uma mulher, é um livro clássico, e apesar de eu não achar que é um livro de terror, por ser algo bem leve, pelo menos para mim, é um livro de terror que você pode ler agora em outubro e aproveitar a vibe sombria que este mês tem.