domingo, 24 de maio de 2020

Resenha: O Regresso de Michael Punke



























Título: O Regresso
Autor: Michael Punke
Editora: Editora Intrínseca 
Ano de publicação desta edição: 2016
Número de páginas: 272
Onde encontrar: Skoob
Nota:4,5 / 5


Quero começar a resenha dizendo que é um livro baseado em histórias reais, o que o coloca na categoria de ficção histórica. Apesar de ser baseado em histórias reais, o autor, no final do livro, conta o que realmente foi real e o que ele criou para a história ter mais sentido ou mais emoção. Esse livro tem filme, premiado pelo Oscar, porém ainda não assisti, então essa resenha será somente a minha experiência de leitura. Aviso que pessoas vegetarianas ou veganas podem não gostar do livro, já que ele narra a vida de caçadores que vendem pele de animais. Então, vamos lá!

Hugo Glass é um homem que deixou muita coisa da sua vida para trás, e agora se encontra trabalhando para uma empresa que vende peles de castor. Ele, e cerca de outros 50 homens, partem nessa jornada, indo junto à um grande rio, para caçar então essas peles. Não é uma tarefa fácil, pois além de apenas caçar, eles precisam primeiro andar até encontrar um local onde tenham animais dos quais eles possam retirar a pele, e também precisam garantir sua sobrevivência.

Várias vezes houveram ataque de grupos indígenas, que não aceitam homens brancos em seus territórios, e alguns homens morreram nesses ataques. Em outros momentos havia escassez de alimento e eles precisam se virar para conseguir caçar algum bicho para comer. Hugo Glass foi em busca de alimento, viu dois filhotes de urso com sua mãe. Seus passos chamaram atenção na ursa. Hugo atirou em um dos filhotes, o outro correu, e a mãe o atacou. Imagine o ataque de uma mãe ursa, que acabou de perder um de seus filhos.

"Porém, nunca vira tamanha carnificina logo depois de um ataque violento. Glass tinha sido rasgado do pés à cabeça. O couro cabeludo pendia balançando para um lado, e Harris levou um momento para reconhecer os componentes que constituíram o rosto" _ Página 34.

Glass fica praticamente morto no final, mas consegue matar a ursa e seu filhote. Os outros ouvem os tiros e vão atrás do barulho. Encontram a ursa deitada em cima de Glass. Alguns ficam responsáveis por trabalhar na carne, e alguns tentam examinar Glass. A ursa cortou seu couro cabeludo, fez três cortes profundos nas costas, diversos cortes profundos na perna, um braço está quase arrancado do corpo. Mas o local mais crítico é a garganta, que está aberta e jorra sangue. Eles percebem que Glass está respirando e fazem o melhor que podem para ajudá-lo.

Enquanto os homens avançam, o capitão deixa dois homens para trás, para cuidarem de Glass, e darem-lhe um enterro decente. O que acontece é que eles o abandonam, e roubam tanto sua arma de fogo quanto sua faca. Ou seja, o deixam sem possibilidade de sobrevivência. Eles pensam que Glass morreria de qualquer forma, então tanto faz ele estar com suas armas ou não. Mas Glass sobrevive, e da maneira como pode no momento, vai atrás dos homens que o traíram.

"Quinhentos e cinquenta quilômetros. Um homem saudável em clima adequado poderia percorrer essa distância em duas semanas. Quanto eu consigo rastejar por dia?" _ Página 77.


























É um livro muito brutal. Há diversas cenas sobre os ferimentos de Glass, e não são cenas fáceis de ler. A cena do ataque da ursa, e do momento em que o corpo dele está sendo examinado é com certeza uma das piores, e acontece logo no início do livro, nas primeiras 30 páginas. Então se você não gosta de livros com violência bem gráfica, não recomendo que leia. Há também várias outras partes de matança de animais que chegam a ser até mesmo nojentas, então é preciso ter estômago para ler esse livro.

Algo sobre os grupos indígenas que me incomodou em alguns momentos, foi retirar deles a humanidade, ou colocá-los como seres místicos e de outro mundo. Quando eles são inimigos, os tratam como se eles fossem bestas, feras super ferozes, e não homens protegendo seu território. Quando são amigos, os tratam como os salvadores da pátria, sempre com uma coisa meio mística ao redor disso. Porém, são homens brancos, então é entendível que eles tenham uma visão muito distorcida sobre outros povos. Isso acontece até hoje, imagina no final do século XIX.

O Regresso é um livro, acima de tudo, sobre sobrevivência. Caso você esteja muito ferido num lugar desconhecido, ou perdido e sabe que vai passar algumas noites na floresta, sozinho, é um livro útil para ler. É brutal, sinistro, o que um homem pode fazer para sobreviver. E ainda mais bizarro o que um homem que está atrás de vingança pode fazer.

Glass recebe muita ajuda no seu caminho de vingança. O que também mostra que sozinho ninguém consegue nada. Glass teve muita sorte de sobreviver a todos os ataques que sobreviveu, principalmente ao ataque da ursa. Imagine ter sua garganta totalmente aberta, e ter que contar apenas com uma sutura feita às pressas e com a sorte para que a ferida cicatrize. É uma coisa muito agoniante, e isso me levou a, no início da leitura. Ler poucas páginas por dia. À medida que Glass vai se curando (leva bastante tempo, é um aviso) a leitura vai ficando mais fácil. Mas já digo que a leitura só vai ficar menos agoniante em relação às feridas, da metade pro final do livro.

"Sem dúvidas, deixar passar a oportunidade de fazer uma piada era visto como uma falha de caráter, um sinal de fraqueza" _ Página 158.

É um livro que recomendo muito se você gosta de ação, de sangue, de matança e de histórias de vingança. Mas como tem muitas cenas de caça e pessoas comendo carne crua, e retalhando animais e falando das partes que são melhores pra comer e as partes que podem ser descartadas e deixadas para que outros animais comam, eu não recomendo que vegetarianos e veganos leiam. Pode causar muito desconforto. Eu como carne (com a consciência de que estou comendo uma vida) e senti desconforto em algumas horas, então fica aqui a recomendação, e o aviso.

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