Título: Instinto de Nacionalidade
Autor: Machado de Assis
Editora: Domínio Público
Ano de publicação no Brasil: 1873
Número de páginas: 8
Onde encontrar: Machado de Assis (MEC)
Nota: 5 / 5
Instinto de Nacionalidade é um texto de Machado de Assis, publicado no jornal O Novo Mundo. É um livro de crítica ao povo brasileiro, basicamente. Claro que é focado na literatura, mas como a literatura reflete o que está acontecendo no país, a crítica acaba sendo mais ampla. Machado escreveu numa época em que os livros eram sobre coisas cotidianas, envolviam política e ideais, então a crítica à literatura é também uma crítica do que estava acontecendo no Brasil naquela época.
Machado diz que estávamos vivendo uma adolescência literária, e eu achei esse termo simplesmente incrível! Ainda acho que não somos maduros sobre a literatura, que ainda dependemos muito dos outros. Não acho errado buscar inspirações de outros lugares, mas confesso que eu me irrito quando vejo livros escritos no Brasil, por brasileiros, totalmente inseridos na cultura estadunidense, e isso acontece muito.
Quem nunca leu um livro que se passa em São Paulo, que o nome dos personagens são Dylan/Dilan, Ashley, sobrenomes como Johnson e coisas do tipo. Qual é o problema com Amanda, Pedro, Paulo e Silva? Acho que a literatura brasileira ainda depende muito da produção literária dos Estados Unidos, da mesma forma como éramos dependentes da produção artística da França na época que Machado de Assis era vivo.
Nessa resenha vou comentar alguns trechos desse texto que me chamaram muita atenção, e que acho muito importantes de serem discutidos. As citações vão vir primeiro, e abaixo meus comentários sobre ela.
Atualmente o Brasil produz muitos livros de cunho filosófico, e eu me sinto grata por estar vivendo um momento político tão caótico que está nos colocando pra pensar de verdade. Mas por outro lado, ainda temos pouca divulgação desses livros. Geralmente não são livros que conhecemos na escola, por exemplo. Os que eu li, a maioria apenas fragmentos, foram na faculdade, ou por que eu quis procurar. Mas de qualquer forma, sinto um avanço nessa questão.
Quem nunca leu um livro que se passa em São Paulo, que o nome dos personagens são Dylan/Dilan, Ashley, sobrenomes como Johnson e coisas do tipo. Qual é o problema com Amanda, Pedro, Paulo e Silva? Acho que a literatura brasileira ainda depende muito da produção literária dos Estados Unidos, da mesma forma como éramos dependentes da produção artística da França na época que Machado de Assis era vivo.
Nessa resenha vou comentar alguns trechos desse texto que me chamaram muita atenção, e que acho muito importantes de serem discutidos. As citações vão vir primeiro, e abaixo meus comentários sobre ela.
"Não se fazem aqui (falo sempre genericamente) livros de filosofia, de linguística, de crítica histórica, de alta política, e outros assim, que em alheios países acham fácil acolhimento e boa extração; raras são aqui essas obras e escasso o mercado delas."
Atualmente o Brasil produz muitos livros de cunho filosófico, e eu me sinto grata por estar vivendo um momento político tão caótico que está nos colocando pra pensar de verdade. Mas por outro lado, ainda temos pouca divulgação desses livros. Geralmente não são livros que conhecemos na escola, por exemplo. Os que eu li, a maioria apenas fragmentos, foram na faculdade, ou por que eu quis procurar. Mas de qualquer forma, sinto um avanço nessa questão.
"As tribos indígenas, cujos usos e costumes João Francisco Lisboa cotejava com o livro de Tácito e os achava tão semelhantes aos dos antigos germanos, desapareceram, é certo, da região que por tanto tempo fora sua; mas a raça dominadora que as frequentou, colheu informações preciosas e no-las transmitiu como verdadeiros elementos poéticos."
Espero que vocês entendam o peso da citação acima. Os brancos vieram, obrigaram os indígenas a adorarem um Deus estranho pra eles, mataram todos os indígenas que viam pela frente, e ainda tiveram a cara de pau de tentar tornar isso algo poético, colocando os acontecimento em suas poesias de forma a exalta sempre a pessoa branca. Além disso, fala sobre o genocídio em si, e eu espero muito que todos que estão lendo isso entendam o peso que um texto desse tem, tanto na época em que foi publicado, quanto agora.
"Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos, é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas."
Essa é o último trecho que quero citar aqui. Linguagem é algo vivo, está em constante transformação. O português brasileiro de hoje não é como o de 50 anos atrás, não é nem o que era há 20 anos. Tudo se transforma. Português é uma língua linda, cheia de variantes, cada região tem palavras e expressões próprias e isso tudo deve ser admirado! Não precisamos produzir arte seguindo regras de linguagem, poetas marginais e poetas de interior escrevem como falam e fazem isso super bem. Precisamos valorizar as variantes linguísticas do nosso país!
Isso é tudo que eu tinha pra falar sobre esse texto maravilhoso. Recomendo que todos leiam, por que muito do que está acontecendo politicamente no país, hoje, é reflexo de coisas mal resolvidas de séculos atrás. Leiam também para se tornarem cidadãos melhores, e pra tirarem boas reflexões do texto.
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