domingo, 9 de setembro de 2018

Resenha: Isaías (Bíblia)



























Título: Isaías
Autor: Isaías
EditoraEditora Luz e Vida
Ano de publicação no Brasil: 1998
Número de páginas: 52
Onde encontrar: Bíblia Online
Nota: 4/5


Esta resenha não tem objetivos religiosos e não é um estudo sobre a Bíblia. Eu apenas quero reler a Bíblia e ir comentando aqui no blog o que eu achei de cada livro. Lembrando que como a minha edição é diferente das Bíblias tradicionais, as palavras são mais acessíveis e está numa linguagem mais atual.

Isaías começa com Deus acusando o povo, o povo que Ele havia escolhido, o povo de Jerusalém. O povo estava pecando contra Deus, cometendo idolatria, assassinando, roubando e criando brigas sem motivo entre eles mesmo. Então Deus começa a perguntar ao povo por que ele pecam. Ele sempre deu tudo que o povo pediu, livrou-os da morte várias vezes e sempre esteve com eles, então não havia motivos para a desobediência e o pecado.

Então Deus fala sobre salvação e castigo. Sobre quem vai ser salvo e quem não vai. Além disso, também é narrado como será o reino de Deus, onde haverá paz, onde tudo será sempre lindo, não haverá pecado e todos adoração à Deus por tudo de bom que Ele tem feito. E para ir para esse reino de paz, é preciso ter a salvação, e entender que esse reino chegará até nós em um dia denominado "O Dia do Senhor", onde todos os salvos irão para a Nova Jerusalém, e todos os pecadores que não se arrependerem de seus pecados serão castigados.

"O Deus justo salvará Sião,
salvará todos os seus moradores
que se arrependerem." _ Cap. 2, verso 27

No capítulo 3 há uma passagem sobre castigo que as mulheres receberiam. É dito que as mulheres começaram a se tornar vaidosas demais, e que toda aquela vaidade estava começando a ser prejudicial. Entre algumas coisas julgadas como erradas, que as mulheres daquele tempo faziam, estão usar enfeites em várias partes do corpo ao mesmo tempo, se perfumar e usar talimãs, usar vestidos e bolsas luxosas. E entre os castigos estão cheirar mal, usar roupas grosseiras e ter a cabeça raspada, por que a vaidade com o cabelo também era grande.

Esse capítulo é comumente tirado do contexto e usado por conservadores para dizer que mulheres não devem se enfeitar, mas não é certo dizer isso. As mulheres devem sim se enfeitar, e isso é dito em várias passagens da Bíblia, que nos dias de festa todos devem estar bem arrumados. O que a Bíblia nos diz é que as mulheres de Jerusalém estavam tão vaidosas que não faziam nada além de viver se arrumando, e tudo isso com o único propósito de chamar atenção. Ou seja, elas não estavam se arrumando para se sentir bem, ou para o parceiro, e sim para que os outros as vissem e sentissem inveja ou desejo. E provocação sexual sem a intenção de fazer algo é defraudação emocional.

O capítulo 6 é provavelmente o meu preferido em todo o livro. Narra o momento em que Isaías foi chamado para ser profeta, e é narrado de uma forma muito interessante e emocionante. Isaías foi levado até o céu, provavelmente em visão, viu os anjos adorando a Deus, dizendo que Ele é santo, e suas vozes eram tão fortes que faziam tudo tremer. Isaías se sentiu impuro naquele lugar, então um anjo veio com brasa e colocou na boca de Isaías, dizendo que toda a culpa havia sido retirada, e depois disso ele pede a Deus que o envie para anunciar o que Deus diz.

Desde os primeiros capítulos Isaías fala bastante de paz, não apenas dizendo que depois do castigo Jerusalém terá paz, mas sim falando sobre o Reino de Paz que esperam aqueles que são salvos. Isaías fala sobre o Príncipe da Paz, o que virá para libertar os escravos, quebrar as correntes dos cativos e que trará paz ao Reino. O Príncipe não julgará ninguém pelo que possui ou pela aparência, e sim pela obediência a Deus.

"Porque um menino nos nasceu,
um filho se nos deu,
e o principado está sobre os seus ombros,
se chamará o seu nome: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz." _ Cap. 9, verso 6

A partir desse momento temos vários e vários capítulos declarando a destruição de todas as nações que lutavam contra Israel, declarando que elas não vencerão por que Deus está com seu povo e não os abandonará. Mas em alguns capítulos também é dito que Jerusalém será castigada por todo o tempo em que não foi obediente, então ela será arrasada, destruída, mas Deus a reconstruirá novamente, e depois dessa reconstrução, estará pronta para tomar de todas as nações aquilo que lhe foi roubado.

"Estou cheio de confusão e tremo de medo;
esperava que a noite me trouxesse alívio,
mas ela só me trouxe pavor." _ Cap. 21, verso 4.

Depois de uma série de capítulos sobre castigo e destruição, temos uma quebra com o capítulo 25, que nos trás um hino de louvor a Deus, justamente por ter prometido livramento sobre os estrangeiros, e agradecendo a todas as vezes em que Deus esteve do lado deles e os levou à vitória. Esse capítulo também fala de um banquete que será servido à todos os povos, no Grande Dia, e que naquele momento todos louvaram ao Senhor por tudo que Ele fez.

Após mais alguns capítulos de mensagens às nações, começam o que para mim são os melhores capítulos: os capítulos das promessas. Promessa da salvação, promessa de vitória e promessa de estar com Deus um dia. Nesses capítulos, que começam no 32, temos descrições do que é a Eternidade, o lugar de descanso eterno ao lado de Deus. E esse paraíso é um lugar onde tudo é perfeito, onde não há injustiça e onde o Amor reina, literalmente.

"Mas Deus derramará sobre nós o seu Espírito,
então o deserto virará um campo fértil,
e as terras cultivadas darão melhores colheiras.
No país, haverá justiça por toda parte;
todos farão o que é direito." _ Cap 32. Versos 32-33

O rei Ezequias estava doente, e lhe foi dito que ele iria morrer, pois já havia chegado a sua hora, mas depois de muita oração, Deus lhe disse que ele viveria mais alguns anos, mas deveriam ser anos consagrados, e que assim o rei continuaria reinando em paz e sempre ganharia de seus inimigos quando houvesse guerra. Depois temos alguns louvores a Deus por tudo que ele tem feito, tanto por parte do sei Ezequias, quanto de Isaías e do povo.

No capítulo 41, a partir do verso 21, temos uma passagem interessante onde o Senhor fala sobre deuses pagãos e sobre quem os adora. No capítulo seguinte há uma passagem sobre cegueira espiritual, que é o principal motivo que fez com que Jerusalém fosse castigada. Nos capítulos 44 à 47 temos algumas passagens também sobre paganismo e derrota das nações que adoram a deuses pagãos. Os capítulos seguintes, resumidamente, falam sobre salvação, como acontecerá e quem será salvo, algumas palavras de consolo para os que querem ser salvos e sabem que é preciso muita renúncia e obediência.

O capítulo 53 é especial. É inteiramente sobre Jesus, e até mesmo descreve como será sua aparência. Fala sobre o sofrimento que Jesus vai passar para que a humanidade seja salva, dizendo que Ele levou consigo tudo que nos prendia no mundo, ou seja, qualquer pecado ou doença. A vida de Jesus é descrita como a de um servo que passou a vida inteira sofrendo, e mesmo assim continuou sendo fiel.

"Era desprezado,
e o mais rejeitado entre os homens,
homem de dores, e experimentado nos trabalhos;
e, como um de quem os homens escondiam o rosto,
era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades,
e as nossas dores levou sobre si;
e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido." _ Cap. 53, Versos 2-3

No capítulo 58 o profeta fala sobre o que é o verdadeiro jejum. O jejum, levando ao pé da letra, é se privar de algo, geralmente comida, com algum propósito que pode ser religioso ou não. Por exemplo, você pode fazer um jejum de um dia, com o propósito de santificar aquele dia com orações, só com orações. Ou fazendo com que seu espírito entenda que o alimento principal é a presença de Deus e não a comida física.

Logo após há uma passagem sobre confissão e condenação dos pecados. Para que o povo pudesse deixar de pecar, eles precisavam primeiro reconhecer que estavam pecando para depois mudar suas atitudes, e parte desse reconhecimento é a confissão pública de que estavam pecando e agora não querem mais. A partir da confissão, o pecado é julgado e condenado de acordo com a sua gravidade. Os capítulos finais falam sobre o castigo dos maus e pecadores, e a salvação dos justos. E continua a exaltação à Nova Jerusalém e seus habitantes, que não são pecadores, pois já foram livres do pecado pelo sangue de Jesus. A glória da nova cidade é descrita de forma emocionada e emocionante, e de fato faz o leitor acreditar no que está sendo descrito ali.




Agora falando sobre opiniões. Eu me lembrava desse livro de uma forma diferente. Nessa releitura eu não gostei tanto dele, e inclusive ele deixou de ser meu livro favorito do Antigo Testamento. O que me incomoda nele é a quantidade de capítulos dedicados a falar sobre a futura ruína de algumas nações como se fosse uma coisa positiva para todos, como se a vingança fosse algo legal. Entendo que vingança é algo natural do ser humano e que acontece desde os primórdios, mas o incentivo para que isso aconteça, vindo da parte de Deus, me fez não gostar mais tanto desse livro.

Continuo amando o capítulo 6 e os 10 capítulos finais, creio que eles são realmente edificantes, trazem esperança e uma renovação espiritual que todos precisamos todos os dias, mas não são suficientes para salvar o livro inteiro.

Algo que fiquei me perguntando enquanto lia é: por que Jerusalém guerreou com tantas nações? Em alguns momentos eu pensei que era apenas por conquista de territórios, afinal algumas nações percebiam a riqueza de Jerusalém e achavam que tudo aquilo estava ali por causa do território. Em outros momentos parece ser por que Deus enviou nações inimigas para que Jerusalém clamasse por ajuda e voltasse a ter um relacionamento com Deus. Isso me parece estranho, por que é como se Deus quisesse tanto que Jerusalém construísse novamente uma boa espiritualidade, que não se importa com o preço a pagar, com as pessoas que vão morrer no caminho. E a última coisa que pensei é que talvez as pessoas de Jerusalém eram tão más que só se importavam em matar outras pessoas das nações vizinhas. É uma boa hipótese se pensarmos que Jerusalém estava em ruínas por causa dos pecados. Mas se em Jerusalém a maioria é má, por que não apenas destruí-la assim como era feito com as outras nações?

Os hinos de louvor desse livro são incríveis, e eu os amo. Acho eles realmente verdadeiros, narrando a história do que aconteceu e pedindo misericórdia. Independentemente da religião, acho que você pedir misericórdias em momentos ruins é saudável, sempre se lembrando de que tudo tem uma consequência. Se você fez mal a alguém, esse mal vai voltar para você, mas isso não te impede de clamar pedindo força e misericórdia. E é sempre bom lembrar que momentos difíceis muitas vezes nos ensinam muito e nos fazem crescer.

A parte em que eles reconhecem seus pecados, aceitam os castigos por que sabem que são necessários, mas também clamam por misericórdia é um perfeito exemplo disso, além de ser uma passagem linda. Isso demonstra humildade. Pessoas orgulhosas não conseguem admitir que estão erradas, e admitir isso, em forma de oração, com certeza é um dos maiores sinais de humildade. E levando para o lado espiritual, com certeza isso agrada a Deus.

Os capítulos que falam especificamente sobre Jesus me emocionam muito e me fazem ficar maravilhada com o fato de a vida de Jesus ter sido descrita bem antes de ele nascer, e com o fato de a descrição de Isaías e de João (em Apocalipse) sobre como será estar com Jesus na Nova Jerusalém é tão parecida e muitas vezes é igual. Eu tendo a gostar mais dos livros do Novo Testamento justamente por que Jesus é uma figura presente em todos os livros, inclusive nos livros escritos depois que ele subiu ao céu, e ter Jesus no Antigo Testamento é uma coisa que me deixa muito feliz.

Por fim, os capítulos que falam sobre a Nova Jerusalém, que eu gosto de chamar de Eternidade, são capítulos esperançosos. O mundo vai mal, todo dia milhares de pessoas são assassinadas, muitas delas por motivos bestas e até mesmo sem motivo, as pessoas só pensam em dinheiro e fazem de tudo para ficarem cada vez mais ricas. Ler sobre um lugar onde o reinado será de paz, onde não haverá motivos para chorar, nem para ficar nervoso, apenas motivos para alegria, é simplesmente incrível e enche o coração de esperança. E são esses os capítulos que me fizeram eleger Isaías como meu livro favorito do Antigo Testamento, mas agora com essa releitura eu percebi que alguns capítulos incríveis não conseguem apagar capítulos, que na minha opinião, não são bons para leitura.

Recomendo essa leitura principalmente aos religiosos que querem saber mais sobre os assuntos citados na resenha, aos curiosos que querem entender como alguns livros Bíblicos tiveram e continuam tendo tanta influência na vida das pessoas, e aos que gostam de boas histórias de guerra e destruição. Isaías é um livro pequeno se formos comparar a livros de fantasia, livros de guerra e livros de aventura, mas conta boas histórias e com certeza as pessoas que gostam desse tipo de livros vão gostar de Isaías.

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