domingo, 8 de outubro de 2017
Resenha:1922 de Stephen King (conto)
Título: 1922
Autor: Stephen King
Encontra-se no livro: Escuridão Total Sem Estrelas
Editora: Editora Suma de Letras / Grupo Objetiva
Ano de publicação: 2010
Ano de publicação no Brasil: 2015
Número de páginas: 148
Preço: De R$29,90 até R$49,90
Paguei: R$44,90
Nota: 5/5
Wilfred é um fazendeiro que possui 80 acres(1 acre=4042m²) de terra,tem suas vacas e suas plantações e apesar de não ser rico, tem uma vida boa. Sua esposa, Arlette, acabou de ganhar de herança 100 acres e quer vender para uma companhia. Wilfred é totalmente contra a venda dessas terras porque sabe que os rios da região vão ficar cheios de sangue e tripas assim que as terras forem vendidas, pois a companhia que quer comprar a terra lida com abatimento de porcos.
Wilfred e Arlette começam a brigar e se desentender por causa dessas terras. Como as terras são heranças de Arlette, Wilf não tem poder nenhum sobre elas, e aparentemente também não tem poder sobre Arlette, pois nada a faz querer mudar de ideia. Ela quer vender as terras e com o dinheiro, ir para a cidade e comprar uma casinha confortável lá.
"Talvez ele seja a cidade de Omaha, mas sem nenhum campo decente em volta, somente uma vastidão vazia e esfumaçada, fedendo a enxofre e cheia de almas perdidas como a minha."
Eles tem um filho, Henry "Hank" James, e Wilf faz de tudo para que Hank fique do lado dele, passa horas e horas conversando com o filho, mas claro, nenhum dos dois diz nada à Arlette. Em uma dessas conversas Wilf apresenta a solução mais rápida para o problema: matar sua esposa. Hank não concorda de início, mas depois de um certo episódio em que a mãe acaba batendo nele, ele fica com muita raiva e aceita o plano do pai.
Arlette tem o hábito de tomar uma taça de vinho à noite, não toma mais do que uma porque sabe que se tomar mais, não vai conseguir parar. Wilf decide acompanhá-la e ir enchendo a taça a todo momento, dizendo que concorda com a venda das terras e que aquilo é uma comemoração, e que depois eles vão poder comemorar no quarto. Arlette toma quase duas garrafas de vinho, e depois de falar várias coisas desagradáveis (coisa típica de bêbados), ela acaba apagando, e Wilf a leva para o quarto do casal.
"- Eu te amo.
Ele sorriu.
- Eu sei, mas não mereço."
Wilf precisa da ajuda de Hank. Eles precisam dar um fim à Arlette, nenhum dos dois quer morar na cidade e Wilf quer aqueles 100 acres. Hank pega um saco e enfia a cabeça da mãe ali, ela sente, acorda e começa a se debater, mas Wilf sobre em cima dela e começa a esfaqueá-la. Wilf tinha experiência em matar porcos, e digamos que ali ele descobriu que matar humanos é um pouco mais complicado. Uma coisa que marca essa cena é Hank pedindo para que o pai a faça parar. E Wilf faz isso, Arlette morre.
À partir da morte de Arlette vamos acompanhando a vida de Hank e Wilf, como eles lidam com o que fizeram, o local onde eles escondem o corpo e como eles fazem isso, o que acontece com esse local posteriormente, como as autoridades lidam com isso e principalmente os efeitos psicológicos que o crime têm em quem os cometeu, não se trata apenas de uma simples culpa ou arrependimento, a vida dos dois fica totalmente fodida depois disso.
Agora falando sobre opiniões e emoções. Durante o assassinato de Arlette eu tive que parar para respirar a cada parágrafo, é brutal demais e detalhado demais para alguém conseguir ler como se estivesse lendo uma cena "normal", é brutal demais para ler como lemos o livro até aquele momento. Isso é uma coisa que eu amo nos livros do King, o terror não é no livro inteiro. Sim, há momentos de tensão no livro inteiro e durante todo o livro nós ficamos com essa sensação de coisa estranha no peito, mas sempre há momentos de "alívios" em que a história está correndo bem,e de repente há picos de horror que nos prendem e nos fazem ficar horrorizados com a cena.
Durante as cenas sobre o que eles fazem com o corpo de Arlette e como eles fazem aquilo eu também não consegui ler mais de 3 parágrafos sem ter que parar, nem que fosse por uns 30 segundos, antes de começar a ler o próximo. É desumano demais, horrível, aterrorizante, e o fato de se passar numa fazenda que contém um grande milharal talvez seja bem terrorzão para as pessoas que já viram o filme "As Crianças do Milharal",que inclusive foi inspirado em um conto do King. E claro, para todas as pessoas que tem medo de histórias que se passam numa fazenda enorme, com vários animais e muitas plantações.
O que eu mais gostei nesse conto, que na verdade não é um conto, mas vou falar sobre isso mais à frente, é o terror psicológico que rola aqui, o famoso horror. A coisa assustadora não termina quando eles dão "um fim" no corpo da Arlette, por que eles simplesmente não conseguem fingir que não fizeram nada e seguir a vida. A culpa está presente ali, quase personificada, Wilf e Hank enlouquecem com o segredo horrível que eles precisam manter.
"Há mais de uma maneira de ser mordido por ratos, não é mesmo?"
Como Hank é bem jovem quando faz isso, tem cerca de 15 anos ( não me lembro ao certo a idade dele, me desculpem), os efeitos que o assassinato têm nele são mais fortes e vão ter consequências mais graves do que no pai dele, por motivos de ele não saber lidar nem com os próprios hormônios, como vai saber lidar com o assassinato da mãe dele? Acrescente isso o bônus de ele ter ajudado o assassino a fazer o trabalho.
Agora sobre a questão de ser um "conto". Existem vários contos estendidos, ou seja, contos que são bem grandes. Como por exemplo, Memórias Póstumas de Brás Cubas,que tem cerca de 200 páginas e sabe-se lá quantas palavras. Por definição, contos têm de 7500 à 20000 palavras, novelas têm de 20000 à 40000 palavras e romances são histórias que tenham mais de 40000 palavras. Mas como existem contos estendidos, 1922, que tem bem mais que 40mil palavras, é considerado um conto estendido, principalmente por causa do "final enigmático", característico de contos. Ou seja, não espere um final redondinho que mostra tudo o que aconteceu depois, o conto acaba onde o autor vê que não faz mais sentido continuar.
Não vou falar sobre o livro enquanto objeto aqui, porque vou fazer isso na resenha do livro, onde vou falar sobre os quatro contos resumidamente. Caso queira saber mais sobre a parte física do livro, aguarde a resenha de Escuridão Total Sem Estrelas.
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Muito boa dica de cinema, obrigada por compartilhar a resenha. É um dos melhores filmes que eu vi até agora , tem uma boa história, atuações maravilhosas e um bom roteiro. Os filmes do Stephen King sempre me surpreendem. Além adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Eu recomendo. É um filme bom e muito interessante.
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