sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Resenha: Escuridão Total Sem Estrelas




Título: Escuridão Total Sem Estrelas
Título original: Full Dark, No Stars
Autor:Stephen King
Editora:Suma de Letras
Ano de publicação:2010
Ano de publicação no Brasil:2015
Número de páginas:392
Preço: De R$29,90 até R$49,90
Paguei: R$44,90
Nota: 5/5




Nessa resenha eu vou dar um resumo, bem resumido, dos acontecimentos dos contos, caso queira saber mais sobre cada um deles, clique no título de cada um para ir para a resenha do respectivo conto.

























1922 narra o dia a dia de Wilfred, Henry e Arlette. O pai de Arlette falece e deixa como herança 100 acres para ela. Arlette quer vender os 100 acres, e os 80 acres que são propriedade de Wilfred, e ir viver na cidade, já que ela acha que ali na fazenda ela não consegue aproveitar o melhor do mundo. Wilf sempre viveu em fazendas e não quer trocar a vida boa que tem pela cidade, por poluição e pessoas sendo falsas uma com as outras por dinheiro, então ele tem a brilhante ideia de tirar Arlette de campo.


Ele não vai fazer isso sozinho, claro. Por causa de uma briga, Arlette perde o controle e acaba dando um tapa no rosto de Henry, o que faz com que ele fique nervoso e aceite matar a própria mãe. Wilfred já havia matado porcos antes, e pensou que matar humanos não poderia ser tão diferente, mas acredite, É BEM DIFERENTE.


Sim, Henry ajuda seu pai, Wilfred, a matar sua própria mãe, e o que vai acontecendo depois é cada vez mais assustador. O crime que eles cometeram tem efeitos diferentes nos dois, mas nos dois casos, é devastador. Não existe a possibilidade de alguém matar outra pessoa e continuar sendo a mesma pessoa. Não havia um modo de Henry, um adolescente, ajudar seu pai a matar sua mãe, e continuar preocupado apenas com os estudos e a namoradinha da escola. Depois do assassinato, ele vive preocupado com a polícia, com o local onde ele e o pai esconderam o corpo da mãe, com os vizinhos que podem descobrir tudo, e principalmente, com ele mesmo e com o pai.








Gigante do Volante é uma história sobre estupro, então estejam preparados para ler sobre, pela visão da mulher. Tessa Jean é uma escritora de livros policiais, que se passam na Sociedade de Tricô de Willow Grove, que é constituída por senhorinhas. Os livros são famosos, apesar de não serem os livros mais vendidos do país. Ela ganha o suficiente para viver e ter algumas coisinhas que quer. Alem dos livros, ela dá palestras e cobra 1200 por elas,e faz em média uma por mês.


Ramona Norville precisa de uma palestrando e convida Tessa, e a oferece 1500, por ter sido chamada de última hora. Tessa aceita, a cidade fica perto e vai ganhar 300 dólares a mais, não há motivos para recusa. A palestra, o evento, apesar de não ser a melhor da vida de Tessa, foi um trabalho bem concluído.


Ramona diz conhecer um atalho para que Tessa economize tempo e gasolina ao voltar para casa, Tessa aceita, já que é louca por atalhos e quer voltar logo para o seu gatinho. Tessa pega o atalho, mas as coisas só vão de mal a pior. Há tábuas com pregos na estrada e ela acaba furando o pneu. Uma van passa correndo e acaba conseguindo desviar e segue a viagem. Logo depois um homem aparece em um caminhão, e esse homem para o carro para ajudá-la.


E também para estuprá-la. Não somente isso, mas Tessa é espancada e por boa parte do estupro, ela fica inconsciente. Quando acorda está meio desnorteada, tem que se fingir de morta para que ela não morra de verdade, descobre algo terrível no lugar onde ele a deixa e depois tem que tentar, pelo menos tentar, ficar acordada, chegar em casa, fazer algo sobre aquilo que aconteceu, e sobre aquilo que viu.







Extensão Justa começa num cenário bem tranquilo, nada que pareça com o caos que é o final do conto. Streeter está voltando para casa, mas um mal estar o obriga a parar no meio do caminho. Ele para numa rua que fica atrás do aeroporto de Derry (sim, Derry), portanto, não é muito movimentada, já que maioria das pessoas passam pelas ruas que ficam à frente do aeroporto.

Streeter tem câncer. Está em estado terminal e já não alimenta esperanças de viver por muito tempo. Ele começou a vomitar bastante, e com frequência nos últimos tempos, e teve que parar o carro justamente por isso.

Ele vê um homem vendendo algo, mas não vê as mercadorias, então ele se aproxima e começa a conversar com o homem. O vendedor, Odabi, começa a conversar com Streeter e acaba dizendo que vende extensões. Confesso que num primeiro momento eu fiquei totalmente perdida, sem entender, mas alguns parágrafos adiante ele diz que vende extensões de dedos, pernas, cabelo, pênis, e até mesmo extensões de vida. Mas para que Streeter consiga estender sua vida e ter sua saúde restaurada, ele precisa passar a bola para frente, e precisa escolher alguém para receber toda a sua má sorte.







Um Bom Casamento fala sobre, obviamente um casamento, que aparentemente era normal. O conto começa nos contando como era a vida de Darcy Anderson antes do casamento, quando ela conheceu seu marido, Bob. Fala sobre os primeiros anos de casamento e sobre o quão ótimo Bob é para ela e para os filhos.


Um dia Darcy vai assistir um filme, o controle da TV está sem pilhas e ela vai até a garagem pegar pilhas novas. Ela bate o pé em uma caixa, e resolve ver o que há lá dentro. Ela encontra vários catálogos de lojas, catálogos que eram elas, mas Bob escondeu. Ali no meio ela encontra uma revista sobre sadomasoquismo. Ela fica chocada com aquilo, óbvio, mas tenta acreditar que é apenas curiosidade masculina.


Quando ela vai guardar a caixa, mas percebe que a caixa bateu em algo. Ela obviamente procura saber o que está ali, e encontra uma caixa de abotoaduras, que ela mesma deu de presente à Bob. Lá dentro há três documentos de uma mulher que foi assassinada há poucos dias. Os documentos daquela mulher estarem ali só pode significar uma coisa: Bob a matou.


























Agora vamos às minhas opiniões. Eu amei o livro. Até agora, todos os livros do King que li, foram ótimos. Stephen King tem uma escrita incrivelmente gostosa, que te faz pensar que aquilo está acontecendo do seu lado, como se você estivesse lendo uma biografia, não uma ficção. Realmente parece que aquilo aconteceu, como se fosse um documentário. E isso faz o livro ficar bem mais aterrorizante, afinal, é um livro de horror, que parece tão real que poderia estar acontecendo com você.


O primeiro e o terceiro conto tem sim uma pegada mais fantasiosa em alguns momentos, e mesmo assim continua assustadoramente real, palpável. O livro tem um prólogo que com toda certeza vai fazer com que você veja a escrita do King, e os contos, de uma forma totalmente diferente. O prólogo foi uma coisa que me fez ver o livro inteiro com olhos diferentes, assim que terminei o prólogo eu já comecei a rever as anotações que eu fiz sobre o que eu estava achando do livro durante a leitura. Acho que não deveria ser necessário falar isso aqui, mas vou falar mesmo assim: só leia o prólogo depois de ler o livro INTEIRO, ele tem vários spoilers sobre os contos.


Recomendo que leia o conto na ordem em que eles estão dispostos no livro, já que o segundo e o último tem mulheres como personagens principais, enquanto o primeiro e o terceiro são narrados por homens, então o fato de eles serem intercalados faz com que você não se canse do personagem principal ser homem, ou de ser uma mulher.


Achei importante o fato de um livro de terror abordar esses temas que, querendo ou não, são cotidianos, como estupro, agressão, mentiras dentro do casamento, traição, homens matando suas mulheres, e pactos com o diabo, que acontecem, mesmo que algumas pessoas não acreditem nisso. Achei interessante a forma como o King resolveu trabalhar todos esses assuntos que estão à nossa volta de uma forma que nos faça sentir a realidade daquilo, e pirar com a fantasia de tudo que estava acontecendo.


Em alguns contos, em certas cenas, eu passei mal. Não cheguei ao ponto de vomitar, mas definitivamente cheguei bem perto. No primeiro conto, 1922, isso aconteceu cerca de três vezes. Então, por favor, se você passa mal com muita facilidade, não leia, pelo menos não por enquanto. E espero que mesmo as pessoas que já estão acostumadas com livros assim, não passe mal, ou não sinta nenhum desconforto físico.



Agora vamos falar sobre o livro enquanto objeto, já que tudo que tenho a dizer sobre o enredo são apenas elogios. A capa tem um efeito "lustroso", daqueles que reflete, sabem? A capa inteira é assim, exceto as letras, que são foscas, o que faz com que, dependendo da luz e da posição em que o livro se encontra, fica parecendo que a capa é completamente preta, e eu adorei isso! Ficou legal, diferente e faz todo o sentido, já que o nome do livro é Escuridão Total Sem Estrelas.



As letras têm um tamanho confortável, não é grande, mas também não é pequena. O espaçamento é duplo e as páginas são amareladas, o que significa que ninguém vai ter problemas para ler durante a noite, já que as páginas não refletem a luz com tanta intensidade.


Agora o que mais chama atenção no livro, de longe, é o corte. Pra quem não sabe, corte é aquela parte das páginas que conseguimos ver mesmo quando o livro está fechado. Nesse livro, o corte é preto. Eu quis fazer uma jogada com o nome do título e marquei as minhas passagens preferidas com post-its amarelos, para parecerem estrelas, mas acabou parecendo que eles são verdes, por causa do preto, que fez o amarelo aparentar ser mais escuro do que é na realidade.


Enfim, livro recomendadíssimo. Principalmente se você já é fã do King, ou se já conhece a escrita dele. Caso seja seu primeiro contato com o autor, tenha certeza de que você consegue ler cenas com bastante sangue, e com cadáveres, ou se você se revolta facilmente com mulheres sendo vítimas de machismo, caso tu saiba que não vai conseguir ler essas coisas, por favor, não leia. O livro vai acabar não sendo uma boa experiência para você. Lembre-se de que o livro vai ter efeitos diferentes em você de acordo com o seu humor ou percepção da vida no dia em que você o ler. Ou de acordo com a sua classe social, o lugar onde você vive, seu gênero e sua opção sexual... Os efeitos que o livro terão em você são relacionados com o que você é e sente, ou seja, muito da sua experiência de leitura não se dá pelo fato de o livro ser bom ou ruim, por isso, leia-o em um momento em que você estiver bem para ler sobre os assuntos tratados no livro.




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