Título: Lira dos Vinte Anos
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Domínio Público
Ano de publicação no Brasil: 1853
Número de páginas: 154
Onde encontrar: Skoob
Nota: 3,5 / 5
Lira dos Vinte Anos é um livro que reúne cantos e poemas. Gostaria de começar a resenha falando um pouco do autor, Álvares de Azevedo. Ele nasceu em setembro de 1831 e morreu em abril de 2952, o que significa que ele viveu apenas 20 anos, e que este livro foi publicado postumamente. Algo comum nessa época era que autores pessimistas morressem cedo, a maioria com menos de 30 anos de idade, e a maioria também por tuberculose, algo que as pessoas acabaram associando à tristeza.
O livro é dividido em três partes. A primeira é composta por poemas, a maioria escritos para uma mulher em específico, que abandonou o jovem e o deixou extremamente triste por isso. Ele fala muito sobre querer se matar por que sem a amada sua vida não faz mais sentido, fala que vão se encontrar após a morte, e também que a única maneira de não sofrer por ela, é morrer. E sabendo que o autor morreu antes mesmo de publicar esses poemas, é algo meio bizarro pensar que ele desejava tanto a morte que acabou realmente morrendo cedo. Ele inclusive diz em alguns momentos que sabe que vai morrer cedo.
"Sou eu que sinto morrer
A esperança de viver...
Que o sinto no coração!"
Na segunda parte temos os cantos, ou seja, histórias grandes contadas em forma de poema. Foi a parte que menos gostei, por que a leitura não fluiu tanto. A linguagem do livro, por ser bem antigo, é arcaica, a letra é pequena e se juntar à isso cantos longos, fica meio óbvio que a leitura seria mais lenta. Eu geralmente não tiro nota dos livros por que a leitura foi lenta, afinal, isso muitas vezes é influenciado por vários fatores externos ao livro, mas nesse caso, saber que eu encontraria esse tipo de leitura me fazia querer ler menos, então a segunda parte não foi uma experiência boa para mim. E provavelmente o fato de eu não gostar do que os cantos contava contribuiu para que eu não gostasse tanto dessa parte.
"A existência dolorida
Cansa em meu peito: eu bem sei
Que morrerei..."
E na terceira parte os poemas voltam, e eu voltei a gostar mais do livro também. Os contos continuam bem parecidos com os da primeira parte, porém têm mais romantismo, e também tratam de outros assuntos. O anseio pela morte permanece até o final do livro.
"Meu pobre coração que estremecias,
Suspira a desmaiar no peito meu:
Para enchê-lo de amor, tu bem sabias
Bastava um beijo seu!"
Eu gostei da leitura, mas não foi uma leitura muito prazerosa, principalmente por causa da segunda parte. Na primeira parte eu estava realmente empolgada, já que já sabia do que havia acontecido com o autor, e ler tanta tristeza e melancolia em seus poemas, de certa forma, me fez entender por que ele morreu cedo. Não se enganem, como biológica eu sei muito bem que tuberculose não é causada por tristeza, mas também sei que doenças psicomentais afetam nosso estado biológico. Uma prova disso é que frequentemente pessoas que passa por estresse-pós-traumático têm febre psicológica. Ou seja, sentem a febre da mesma forma que sentiriam num caso de infecção/inflamação.
Então eu realmente penso que toda essa vontade de morrer por parte dele ajudou a acontecer essa morte precoce. A segunda parte fugiu da melancolia - que era o fator de meu interesse -, e isso me fez gostar menos, por que quebrou muito o clima e o ritmo de leitura. Empaquei bastante nessa parte, tanto que quando comecei a terceira parte eu terminei o livro rapidinho.
"Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu!
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!"
Recomendo aos que gostam de poema clássicos, e também aos que querem ler todo o melancolismo presente nos poemas de Álvares de Azevedo. É uma coisa tão triste que é impossível ler e não se sentir triste também. É um ótimo livro para conhecermos mais autores brasileiros que não falem sobre coisas sempre botinhas e fofas, mas só recomendo que leia num dia em que você estiver bem o suficiente pra leitura não te afetar.
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