domingo, 11 de outubro de 2020

Resenha: Psicopata Americano, de Bret Easton Ellis

 


Título: Psicopata Americano
AutorBret Easton Ellis
Editora: Editora Rocco
Ano de publicação desta edição: 1992
Número de páginas: 480
Onde encontrar: Skoob
Nota: 5 / 5 

O protagonista de Psicopata Americano se chama Patrick Bateman, um homem branco rico, que trabalha com um cargo alto em uma das empresas que mais lucra no estado, e que tem amigos igualmente ricos e igualmente em posição de poder. Como já é de se esperar desse tipo de pessoa, Patrick e seus amigos são homofóbicos, racistas, machistas, gastam fortuna em coisas triviais, como gravatas de grife e vinhos que eles nem sequer irão tomar, e uma da diversão do grupo é caçoar dos mendigos, fingindo que vão ajudar, e batendo na pessoa no final.

Patrick é extremamente vaidoso, de forma doentia mesmo. Porém não se preocupa muito com sua saúde, o que é até estranho, visto que ele passa horas malhando. Ele diz que homens brancos não pegam AIDS, então não precisam usar camisinha. 

Para além de toda essa bizarrice, Patrick tem uma paixão estranha por serial killers, e ama ficar vendo e ouvindo noticiários sobre o assunto. E é aí que ele realmente fica estranho de fato. Um de seus primeiros crimes no livro, é esfaquear um mendigo, sem motivo algum. E ele faz isso de uma forma tão cruel, com uma brutalidade tão grande e desnecessária, que quase me fez passar mal. E entendam, eu amo histórias de serial killers, eu inclusive almoço vendo esse tipo de história, e esse livro em específico fez meu estômago revirar.

A vida dele é basicamente ser rico e idiota, quando está perto dos amigos, e ser um verdadeiro psicopata quando está sozinho, ou com suas vítimas. Se você tem estômago fraco, é sensível à tortura e estupro, não recomendo que leia esse livro, pois pode te fazer mal. Tem necrofilia e até canibalismo, então veja bem se você consegue aguentar o tranco.


Eu li Psicopata Americano em português, e estou colocando isso como informação aqui, pois esse livro ficou por mais de 4 anos na minha lista de livros pra ler, nos desafios anuais, e eu nunca lia justamente por que enfiei na cabeça que queria lê-lo em inglês. Só que eu percebi que eu não estava nada a vibe de ler esse tipo de livro em inglês, e aí li em português mesmo.

É um livro extremamente desconfortável de ler, até pra mim que amo o tema. Se você já leu Quando os Adams Saíram de Férias, e lembra das última cena de tortura, é tipo aquilo, só que no livro todo. Claro, nas partes de tortura e morte. Boa parte do livro é só um homem extremamente babaca sendo idiota com as pessoas, e tendo sua diversão em ver a desgraça de outras pessoas. Além do fato de ser um psicopata assassino, Patrick é muito mesquinho. Fala dos outros como se um terno mais ou menos caro que o dele revelasse algo podre ou brilhante dentro de alguém. 

Geralmente quando eu leio ou vejo histórias de serial killers, ou até mesmo de uma pessoa que mata criando todo um plano por trás disso, eu sempre tento entrar na cabeça do assassino pra entender o motivo por trás de tudo. Mas em Psicopata Americano, para mim, foi simplesmente impossível fazer esse exercício de empatia. Já deixo claro que é um ótimo exercício para a gente deixar de sermos apenas "juízes" de crimes, e colocarmos na nossa cabeça que não são monstros que matam, são seres humanos, e inclusive seu pai ou seu filho pode ser um deles. Além da matança, eles têm vidas normais. 

Patrick é doentio a um nível em que meu cérebro simplesmente não conseguia me colocar naquele lugar. Boa parte do que ele faz, para mim, não é nem humano, então eu realmente não consegui entrar na cabeça dele. O que talvez tenha levado ao fato de que eu ODIEI este personagem e todo o ciclo dele do início ao fim. Não há 01 personagem gostável no livro, pois todos são mesquinhos, racistas e homofóbicos. Então, vá ler já sabendo que provavelmente irá odiar todos os personagens. O que, de forma alguma, torna o livro ruim. O ciclo social do Patrick é detestável por que precisava ser assim dentro da narrativa que o autor criou.

É isto, minha gente. Psicopata Americano é um livro ótimo, com personagens detestáveis e uma narrativa que vai de lenta (no cotidiano) à frenética (nas torturas) em questões de parágrafos. Sugiro que tenha uma certa paciência, se caso você for lê-lo, pois a parte de ação só começa lá perto da página 100, mas depois as coisas acontecem com bastante frequência. Recomendo muito a leitura, porém somente para quem tem estômago forte e que tem realmente um interesse em histórias assim. Eu, pessoalmente, sei que só irei reler esse livro daqui uns 10 anos, pois é bem violento e gráfico, e não é sempre que a gente tá bem pra ficar lendo esse tipo de livro, né?

Inclusive, me conta aqui. Você lê livros violentos em que fase da vida? Eu sou a pessoa que lê quando estou muito interessada, mas evito ao máximo quando estou mal. Só que quando estou super bem, prefiro manter a vibe e ler livros mais leves, então por isso hoje eu leio poucos livros violentos. Preciso estar naquele meio entre estar mal e super bem para conseguir realmente aproveitar a leitura, haha!

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Resenha: Aliens






Título: Aliens
Autores: Andrei Simões, Breno Torres, Clara Gianni, Fábio de Andrade, Flávio Ramos Moreira, Giuliana Murakami, Lenmarck e Saulo Sisnando (org)
Editora: Editora Teatro de Apartamento
Ano de publicação desta edição: 2018
Número de páginas: 88
Onde encontrar: Amazon / Skoob
Nota: 4 / 5


Aliens é uma coletânea de contos brasileiros, obviamente reunidos por falarem de alienígenas. O primeiro conto, Rebobine Antes de Devolver, se passa numa locadora de fitas VHS. Quem lembra desses lugares, hein? No conto, os donos de uma das locadoras do bairro é um alienígena, que sequestra alguns clientes, junto com um dos funcionários. Eles sequestravam especificamente os clientes que alugavam a fita do Jurassic Park. Achei legal essa junção de algo do passado, os dinossauros, ou os aliens, que achamos que são seres do futuro.

O conto Escamas é bem interessante. Narra a vida dos répteis que viviam na terra antes do big bang, só que eram reptilianos. Novamente essa junção de passado e futuro. Alguém aí acredita em reptilianos? Acho uma teoria ótima, não acredito totalmente, mas acredito sim que possam existir em algum lugar do universo. O terceiro conto é O Arranha-céu. Dois irmãos, um deles possui algum problema psicomental e por isso é incapaz de entender e fazer certas coisas. Ele começa a não querer fazer as coisas ou ter medos irracionais, e o irmão mais velho é chamado para cuidar dele. Acontece que não eram medos irracionais. Existem duas raças alienígenas brigando para saber quem ficará com o menino.

"Cada tentativa que sua mente cria para organizar coisas inexplicáveis se torna mero flerte platônico que o terror causa em todo o seu corpo até que sua sanidade comece a sucumbir sem volta", O Início do Fim.

O Início do Fim é um conto em que um homem vê um vulto, aí depois vê a forma de um alien. Mas ele jura que está apenas alucinando, então continua vivendo como se nada estivesse acontecendo. Já o conto A Cabra na Estrada tem como protagonistas um casal de policiais que estão indo investigar algumas mortes no sertão. Tudo que veem pela estrada são cabras mortas, criando um cenário horripilante e macabro. Os últimos parceiros da moça que está liderando a investigação, morreram durante a investigação e nunca sequer foram encontrados.

Em Busca de um Significado fala sobre um garoto nerd, bem estereotipado. Gosta de games, fica o dia inteiro no computador, odeia falar com as pessoas e ter interações sociais. Ele conhece uma alien e eles acabam conversando sempre, pois ele sente que ela o entende de alguma forma. No conto Plutão Ainda é Planeta temos um cenário bem diferente e até divertido. Um jovem está num app de relacionamento (leia-se Tinder ou similares) e acaba encontrando um cara legal, com quem ele conversa algumas vezes e decide se encontrar. Só que o date não acontece bem como o planejado.

"Berrou junto aos berros do outro, que contorcia-se, suava aos borbotões e deslizada nos próprios rios de sangue borbulhante...", Plutão Ainda é Planeta.

E por fim, temos o conto Corpo Estranho. Confesso que entendi pouquíssimo desse conto, mas resumidamente, há avisos por toda parte, de que as pessoas não podem sair de casa. O personagem sai. Isso, agora, me lembrou bastante da Covid-19 e o momento de quarentena que estamos vivendo. Aqui no Brasil a quarentena não é obrigatória (na Itália, quem sai de casa sem motivo é multado), o que significa que mesmo com avisos para não sair de casa, muitos ainda saem.

Gostei muito do livro! Acho que dá pra perceber pela nota, já que 4 estrelas é uma nota bem boa. Gostei muito do conto sobre Plutão, principalmente por que, astrológica e mitologicamente, eu tenho uma relação peculiar com Plutão. Sei que Plutão hoje é considerado planetóide, mas eu sigo apaixonada por ele, já que ele continua fazendo parte do nosso sistema solar. Também gostei muito do conto sobre as cabras, e acho que teve o melhor final possível! E também gostei do conto sobre os dois irmãos. Assim, na verdade esses contos foram os que eu amei, os que eu recomendo para todos os seres no universo que sabem ler.

"Vivia uma interminável agonia de, mesmo sabendo a resposta, jamais descobrir a pergunta", Corpo Estranho.

O restante dos contos eu apenas gostei, achei regulares. E o último conto em específico eu nem sequer entendi direito. Também se passa no sertão, e me lembrou de leve Bacurau. Apesar de que Bacurau eu entendi, e o conto nem tanto.. É um livro bem curto, que com certeza vale a pena ler. Além de um ótimo passatempo, quem gosta de histórias de alienígenas vai amar! Tem muita coisa misturada, tanto de passado e futuro, quanto de regionalidades fortes presentes no livro. Acho que trazer a temática alienígena para as realidades brasileiras é algo necessário e que fortalece a nossa cultura! Recomendo muito a leitura do livro.


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Resenha: A Quarta-feira 13, de Luana Mercurio




































Título: A Quarta-feira 13
Autor: Luana Mercurio
Editora: Amazon
Ano de publicação desta edição: 2019
Número de páginas: 7
Onde encontrar: Skoob
Nota: 5 / 5


A quarta-feira 13 é um conto de terror bem curtinho. O enredo, basicamente, é: funcionários começam a ser demitidos de uma empresa, por que mudaram algumas normas. Mais de 1/4 dos funcionários são demitidos, e aí são todos levados para um local, para ficarem esperando. Só que eles acabam presos ali, ficam batendo na porta esperando que alguém do lado de fora ouça, mas nada acontece. Ninguém aparece para abrir a porta.

O conto todo tem um clima ótimo de suspense, mas é literalmente no último parágrafo que o terror propriamente aparece, então leia o conto inteiro! Eu gostei muito da experiência, foi bem diferente do que eu esperava. No início do conto é impossível prever o que vai acontecer do meio pro final, ou seja, surpreendente! E o conto inteiro cria um clima de suspense que prepara o leitor para o que vem no final.

Recomendo muito que você leia se gosta de terror e de suspense. Claro, se você quer ler mais contos escritos por mulheres, também fica aqui a super recomendação. A escrita é muito boa, e com certeza você vai ao menos gostar do conto.